30 setembro 2010

A JUSTIÇA É TÃO CEGA QUANTO PREGA?

Um leitor nos enviou aqui a matéria publicada no site da Revista Época online desta semana dando conta de uma maracutaia orquestrada pelo genro e pela filha do ministro do supremo Carlos Ayres Britto com a finalidade de livrar a cara de Roriz no caso Ficha Limpa. O objetivo do casal de advogados era receber muita grana para entrar na defesa de Roriz e impedir, pela relação de parentesco, o ministro Britto de votar na decisão sobre a inelegibilidade do candidato Ficha Suja do DF. O caso é grave e expõe em que medida a corte quando não está contaminada, está vulnerável à bandalheira política. 
Há algum tempo nos perguntamos sobre a realidade da justiça brasileira. O caso é sério. Precisamos de reforma urgente no judiciário. A aura de inimputabilidade que reina ali favorece aos piores crimes e livra os piores criminosos: os políticos corruptos. Essa turma se comporta como uma casta intocável que pode tudo. Basta reparar o comportamento do desembargador que impediu o Jornal Estado de São Paulo de publicar reportagem sobre o esquema de corrupção da familia Sarney.Tal membro da justiça é tão amigo de Sarney quanto o desembargador do Tocantins que impôs censura a mais de 80 veículos de comunicação esta semana no estado inteiro é amigo do governador  Carlos Gaguim. 
O caso revelado pela revista época é apenas mais um que poderia ter saltado de debaixo do tapete de uma seção da alta corte. Não se pode provar que o ministro Britto está envolvido na barganha, mas o fato de a negociação não ter prosperado e seu voto ter sido contrário a Roriz é algo que pode ser encarado como uma coincidência, mas também como elemento de suspeição. Se o ministro agiu com a isenção que o cargo exige, o que fazer com os parentes corruptos que criaram tal situação? A coisa pegou muito mal para o Supremo, até porque um tal ministro Medina foi apanhado em  esquema semelhante há alguns anos e em vez de punido ganhou um prêmio: foi aposentado com salário integral. Até porque não existe punição exemplar para altos membros da justiça. Mesmo o famoso juiz Nicolau que não quis socializar os dividendos do roubo no tribunal de São Paulo descansa na sua confortável mansão em prisão domiciliar. A justiça não tem sido tão cega quanto prega isso é um fato que salta aos olhos. Nós é que temos sido cegos e não cobramos transparência e lisura dos representantes desse poder, indispensável à democracia, que se apodrecido  faz  prosperar a impunidade e as desigualdades. Há braços!

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