31 março 2008

A DECADÊNCIA DA ESQUERDA UIBAIENSE




Alan Oliveira Machado, em 29-03-2008.

Em 2000, os setores de esquerda uibaienses apareceram com uma novidade. Aliás, uma novidade no fundo não tão nova assim. Buscaram emplacar a candidatura de Pedro Rocha à prefeitura, numa atitude de desespero. Devemos esclarecer que o desespero era sentimento apenas de uma parte da esquerda, cansada de lutar pelo município e de ver em todo ano eleitoral seus candidatos sucumbirem ao profissionalismo político e à pilantragem da direita carlista. O fato é que outra parte, embora pequena dentro dessa onda de desespero não necessariamente estava desesperada, apenas agia para concretizar seus desejos, mais de poder do que ideológicos. Que a “esquerda uibaiense”, num sentido amplo, se comportou de forma romântica e amadora em muitas eleições, todos sabemos. Entretanto, a prática e o discurso de profissionalização implantados a partir de 2000, na dianteira do desespero da maioria honesta e até certo ponto ingênua dos militantes, não só pulverizou sonhos, como destroçou o fio de coerência histórica que caracterizava a “esquerda canabrabeira”.


No fatídico ano de 2000, não obstante a resistência de alguns militantes, a história dos movimentos em uibaí foi esquecida, uma vez que o candidato escolhido, embora filho do município, estivera ausente das lutas que culminaram no estabelecimento da esquerda como força de organização dos movimentos sociais do pé da Serra Azul. Ainda que tenham negligenciado sua história, em função de uma política de resultados, os segmentos de esquerda sofreram uma amarga derrota. Em 2004, o grupo que administrava, em prol de seus desejos de poder, o desespero mais aflorado que nunca da militância, foi mais longe e abertamente aderiu às piores práticas políticas, genericamente utilizadas pela direita, como compra de votos, intimidação, promessas de cargo e demais truculências das quais podemos destacar ainda a perseguição a adversários e membros descontentes com os métodos utilizados pela esquerda. A ambiciosa centralização estabelecida por esse grupo, durante o processo eleitoral daquele ano, desnudou o que se poderia nomear como uma elite com miolo familiar voltada para a idéia de que o núcleo familiar é quem estaria chegando ao poder e não a esquerda, com sua história e com seus militantes.


É interessante lembrar que esse processo de esfacelamento da esquerda uibaiense se deu antes do desmoronamento total do PT, cujo golpe de misericórdia foi o escândalo do mensalão, em 2005. A esquerda da Canabrava passou da luta pela organização política dos segmentos populares, via criação de associações comunitárias, grupos jovens e pela massificação da cultura e educação via casas de estudantes, encontros de baianos, seminários de educação, fiscalização da administração pública e semanas de arte, para a política de resultados, para o pragmatismo eleitoral que descarta os escrúpulos ideológicos e usa o povo e suas crenças como simples meios para uma elite chegar ao poder. Aqui vale afirmar que o que explica o comportamento desse miolo familiar, desse “núcleo duro”, em vez de teorias marxistas, é a velha Teoria das Elites, de Vilfredo Pareto, Gaetano Mosca e Robert Michels[1].


Pareto entende haver em todas as esferas, em todas as áreas de ação humana, indivíduos que se destacam dos demais por seus dons, por suas qualidades superiores, que compõem uma minoria distinta do resto da população - uma elite (in Grynszpan, p.36). A se considerar as afirmações de Pareto, não haveria jamais a possibilidade de um governo popular, ou de massas. Mas, como não estamos dispostos a tal consideração, acreditamos que as “qualidades superiores” ou os “dons”, que tornam o núcleo duro da esquerda de Uibaí uma elite, constituem um blefe sem pé nem cabeça, tão antigo, presunçoso e pernicioso quanto os registrados na história do autoritarismo humano.


Para Mosca, também defensor dessa teoria, um dos aspectos mais óbvios de todos os organismos políticos, é o de que há duas classes de pessoas, uma maior e a outra menor, sendo a primeira dirigida e a segunda dirigente. O que distinguiria a minoria da maioria, conferindo-lhe o poder de dirigir, seria, inicialmente, a organização, e, depois, a forma física, o contato direto com divindades, o saber e a riqueza da minoria (in Grynszpan, p.37). Michels, precursor da Teoria das Elites, partiu do princípio de que as massas eram incompetentes para, por si mesmas, tomar decisões importantes, necessitando de chefes, de líderes a quem delegar tais funções, o que se refletia na sua apatia, no seu desinteresse pelas questões políticas (in Grynszpan, p.38). Não seriam esses os argumentos que subjazem ao comportamento do núcleo familiar que tenta se impor como liderança política e centro das decisões dos segmentos de “esquerda” canabrabeiros? Grosso modo, a se considerar o núcleo duro da “equerda uibaiense”, se tomarmos as reflexões desses três teóricos para analisar as perspectivas políticas atuais do município, teremos de concordar que o comportamento hegemônico dentro dos segmentos que se posicionam à esquerda, antes de ser ideológico de esquerda é um comportamento de elite. Por esse viés, entende-se que os anseios e projetos que estão em jogo, antes de serem populares, são particulares. Os princípios que regem a ocupação de espaços e as decisões, desse modo, ao invés de serem democráticos, são autoritários; os privilégios são individuais e não coletivos.


Ao evocarmos, nesta discussão, idéias de três pensadores liberais o fizemos com a intenção de dirigir o debate para algo que já havíamos alertado, em outras ocasiões, no Caderno Cultural Boca do Inferno. No referido periódico, um texto de 2004, de Florentina Machado, já apontava a prática de certa parte dos integrantes da frente de esquerda canabrabeira como liberal. Na mesma linha de raciocínio, outras tantas reflexões foram publicadas em seguidos números do periódico citado, dando conta de que as raízes práticas do grupo que ocupa a posição de prestígio dentro do campo de esquerda uibaiense os contextualiza, considerando-se a história, mais dentro da direita do que da esquerda.


Seguindo esse fio de raciocínio, vale dizer que este ano eleitoral de 2008 não nos reservará grandes surpresas em Uibaí. Provavelmente, presenciaremos o mesmo jogo ensaiado em 2004, com a ressalva de que o miolo familiar na ativa terá a seu favor ventos conservadores mais fortes, soprados pelas possíveis alianças esdrúxulas com Reinaldo Braga e congêneres, endossadas por Jaques Wagner e sua turma, no âmbito da Região de Irecê.


Esperamos que as incipientes reflexões aqui expostas contribuam com o debate sobre as práticas políticas uibaienses. Por fim, como já afirmamos em outros momentos, criticamos na “esquerda canabrabeira” o que não é esquerda.


[1] GRYNSZPAN, Mario. A Teoria das Elites e sua Genealogia Consagrada. BIB, Rio de Janeiro, nº 41, 1996.

29 março 2008

NÃO FAZEMOS MÉDIA COM MOCÓS!


SILÊNCIO, SILÊNCIO, SILÊNCIO! EIS A MEDIDA DA BLINDAGEM QUE AQUELA "ESQUERDA" DE MERDA DE UIBAÍ RECEBE NO MOMENTO PRESENTE, DE SEUS "DESENCANTADOS" SEGUIDORES. O QUE ESTARIA ACONTECENDO? SERÁ QUE QUEM CRESCE ENTRE MOCÒS TEM DIFICULDADE DE MOSTRAR A CARA? COMO ACABAR COM OS MOCÓS APOSTANDONO SILÊNCIO, NA LENIÊNCIA? ESTE SILÊNCIO NÃO SERIA O ESTADO IDEAL PARA OS MOCÓS DE UIBAÍ ROEREM O PATRIMÔNIO PÚBLICO? VAMOS ARRISCAR O NOSSO PITACO: O SILÊNCIO É CONSTITUTIVO DO SENTIDO. O SILÊNCIO INDICA MUITA COISA... ALIÁS, NESTE SILÊNCIO QUASE SEPULCRAL, DÁ PARA SENTIR O TREPIDAR DOS DENTES DOS MOCÓS ESTRAÇALHANDO O QUE RESTOU DA ESPERANÇA DE UM UIBAÍ MELHOR, NO SOMBRIO DE SUAS ALCOVAS, EM ALGUMA TOCA OU SUBTERRÂNEO DO PÉ DA SERRA. DÁ PARA SENTIR O VIBRAR DAS RAÍZES PODRES NAS QUAIS SE ESCONDEM ESSES ROEDORES CANABRABEIROS COM INSTINTO DE HIENA. ACONTECE QUE QUEM SE CALA FORTALECE OS MOCÓS. SENDO ASSIM, ONDE ESTÃO OS INTRÉPIDOS REVOLUCIONÁRIOS UIBAIENSES? há braços!