tag:blogger.com,1999:blog-239946912024-02-19T15:02:46.186-08:00BOCA DO INFERNOCaderno Cultural do Grupo Teatro Vida de Uibaí- BAGTV BOCA DO INFERNOhttp://www.blogger.com/profile/16336372341368094730noreply@blogger.comBlogger383125tag:blogger.com,1999:blog-23994691.post-51155148462406517102011-01-20T03:12:00.000-08:002011-01-20T03:35:22.821-08:00TUMASA É OSSO!<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Na entrada da Rua do Cascalho, algumas casas adiante, abre-se um vão onde podemos contemplar o mais antigo prédio escolar da Canabrava. Essa construção esteve abandonada por muitos anos na década de oitenta e foi ocupada algumas vezes por necessitados. Uma ou outra família carente de moradia alojou-se nos cômodos decrépitos do velho estabelecimento escolar e garantiu teto aos filhos até situar-se melhor na vida. Outras vezes, a escola abandonada serviu a indigentes e loucos de rua. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> O mais folclórico doido de rua que habitou as dependências da escola desativada foi Tumasa. Uma senhorinha já idosa, de cabelos grisalhos e tronco meio arqueado que a meninada atormentava diariamente chamando de Tumasa é osso. Não sei o motivo exato do apelido, mas a velhinha destemperada subia nas tamancas quando algum moleque gritava próximo ao prédio tal apelido. E não queiram saber o porte dos palavrões cabeludos, das maldições atiçadas por Tumasa nos que se atreviam a importuná-la. Quem de longe via a expressão frágil, amargurada e corroída pela loucura daquela idosa indigente poderia imaginar um monte de coisas, mas quase sempre seus xingamentos ultrapassavam nossa pobre imaginação.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Bagaceira mesmo ocorria quando alguém se dirigia a Tumasa, nas raras vezes em que ela deixava o cômodo decadente do prédio para angariar alguma coisa na rua, e dizia-lhe que estavam roubando o ouro dela lá no prédio. A velha virava o satanás, soltava a língua para cima do insolente e se o gozador vacilasse era capaz de tomar uma feroz cabada de vassoura na cabeça.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: -33.75pt;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> -Filho da puta! Desgraçado! Vai entrar dentro do cu de tua mãe satanás excomungado! Eu te mato e te mando para o fogo do inferno se tu roubar meu ouro 24, peste das profundas!<o:p></o:p></span></i></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: -33.75pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><i> </i>Era mais ou menos assim que a velhinha saltava nos moleques atrevidos. E xingava e provocava e pragueja até não mais parar. Ás vezes passava o dia todo xingando por causa de alguma insolência de que fora vitima pela manhã.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: -33.75pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Tumasa era alvo de brincadeira de adolescentes, de adultos e da molecada em geral. Não apenas ela, mas quase todos os desajustados sociais com algum distúrbio mental que perambulavam pelas ruas da Canabrava. E era degradante a situação humana dessas pessoas. No fundo foram abandonadas por familiares, amigos e conhecidos. Viram-se forçadas a encarar a aspereza das noites dormidas na rua e das mais básicas privações. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: -33.75pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Tive a oportunidade de testemunhar a existência de alguns desses excluídos. Alguns da família mesmo como Chico de Elói, Firmício, João Tolo e outros que nunca soube exatamente de onde vieram como Tumasa, Cirço e Bira Doido que dormia dentro de um carro velho dos anos 50. Se não me engano um <i>Opel Olympia Rekord</i> verde abandonado na porta de Dona Petronila, no Largo do Cruzeiro.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: -33.75pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Todas essas almas <i>gauches</i>, cada uma com sua característica marcante, acabavam adotadas pelo povo e não deixavam de ser vistas com certa compaixão ou simpatia pela maioria da população. Porém poucos paravam para pensar particularmente na condição de abandono, no deus-dará em que se resumiam suas vidas. No fundo, sempre reinou uma estranha relação de amor e repulsa por esses entes humanos, uma relação pautada pela mistura de sadismo, afeto, simpatia e medo. É como se eles fossem nossos brinquedos dos quais abusávamos sem perder a noção dos limites que nos separavam deles e sem saber também que fim levariam. Para mim, Tumasa e Bira Doido sumiram misteriosamente do mesmo jeito que apareceram. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: -33.75pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Nita Doida, de quem me lembro agora, também sumiu. Mas antes, desenhou, riscando a areia com uma vareta de malva, sua casa imaginária na frente do prédio velho do Cascalho. Nessa casa, que não passava de riscos no chão, obrigava Manoel Guimário, seu filho de dois ou três anos, a não ultrapassar os limites. Impedia a desafortunada criança de pisar nas linhas riscadas no chão como se ela estivesse subindo nas paredes da casa. E Nita ficou por ali a mercê da intolerância e do abandono com a guarda de uma criança inocente. Coisa difícil de entender. Como a sociedade não se deu conta de tal situação absurda? E ao que parece todos sentiam o de sempre: simpatia, pena e desprezo por aquela mulher sentada na areia ao lado de uma trouxa suja e trapenta, com os cabelos desgrenhados e o semblante transtornado, conversando coisas inaudíveis, ensimesmada, dando-se conta do mundo real nos raros momentos em que tinha de ralhar com o negrinho Manoel Guimário. E não poucos se furtavam ao prazer sádico de amolar a paciência de Nita , arrancando-a de seu mundo imaginário, vendo-a se desfazer em ataques agressivos, gritos e palavrões. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: -33.75pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> Tumasa, Nita, Bira, Cirço, Tó, Firmício, João Tolo e Chico de Elói, entre tantos que se foram, mostraram-nos do que somos capazes. Temos tudo do bom e do pior e não conseguimos sempre dominar bem as nossas escolhas, se é que de fato conseguimos escolher. Há braços!<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 36.0pt; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-right: -28.4pt; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-right: -28.4pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div>GTV BOCA DO INFERNOhttp://www.blogger.com/profile/16336372341368094730noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-23994691.post-48469974688540864322011-01-04T05:00:00.000-08:002011-01-04T05:07:04.087-08:00EM HOMENAGEM AOS SÁBIOS DE REBANHO!<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #274e13;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;">Estão tentando substituir a justiça, a verdade dos fatos e o bom senso pelo vômito emocional do populacho. A internete está cheia de sábios alimentando enquetes falaciosas com ecos da voz do populacho como se esta fosse a voz da razão e dos melhores caminhos para a humanidade. Não custa nada lembrar que o fascismo foi produto da vontade popular, que o nazismo não foi diferente do fascismo e que se existem escolas, academias e centros de produção e de divulgação da ciência, do conhecimento em geral é exatamente porque a insanidade de certos arroubos populares precisa ser contida de modo a prevalecer a razoabilidade da racionalidade e da convivência plural saudável. A esses sábios, cujo saber se move de acordo com a irracionalidade do populacho, deixo um golpe do implacável martelo de Nietzsche:</span><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;">"E mais de um poderoso, que queria estar bem com o povo, atrelou à dianteira dos seus cavalos um pequeno asno, um sábio célebre".</span> (Nietzsche: Also sprach Zarathustra, p.97) Há braços!</span></div>GTV BOCA DO INFERNOhttp://www.blogger.com/profile/16336372341368094730noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23994691.post-35956294398646493032010-12-31T05:51:00.000-08:002010-12-31T23:22:07.025-08:00BOCA DO INFERNO -66: ALGUMA LUZ PARA O ANO NOVO<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #274e13;"><i>-Ai dela, morta e viva na caçapa!</i> Esse foi o grito de emoção quando viu a bola sete encalacrada na caçapa da mesa de sinuca. Estava pela bola sete! Na vida e no jogo! Nem sabia se ia voltar para casa. Então gritou para o negro suarento atrás do balcão: <i>-Traz mais uma aí que eu quero ver essa infeliz furar a estopa! Ou ela morre ou eu morro! </i>Ouvindo essa, o negro dono do boteco não perdeu a chance: <i>-Não morre não infeliz, teu pendura tá comprido aqui! </i>(E deu uma gaitada).<i>Meu estoque de quebrafacão e jatobá já foi pro saco! Trata de matar essa xibunga dessa bola! E toma a vitória como se fosse um recomeço na vida!</i> Nisso entrou um meninote no bar: <i>-Seu Manilim, mãe mandou buscar um litro de querosene! Depois pai paga! </i></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #274e13;">O cabra que mirava a bola sete com o taco ameaçando a bola branca levantou a cabeça: <i>-Tua mãe acha que eu sou rico é Damião? Para de malinar nesses sacos de pipoca aí e puxa pra casa!</i> -<i>Mas pai, hoje é virada do ano, a gente vai ficar no escuro de novo? Eu queria pelo menos ler uma história do livro da escola para mainha e as meninas! Uma estória bonita de final de ano feliz, como fazer isso no escuro? Os candeeiros já comeram a matula quase toda, sem uma gota de querosene! - Dá um um jeito de ler essa bobajada enquanto tiver claro!</i> O pai interveio sem pena. -<i> Mas pai, minha mãe e as meninas só vão pra casa à noite, depois que acabar o eito combinado da arranca de feijão de seu Modesto. Agora, ela só passou lá em casa para cozinhar um feijão para nós. - Vixemaria, era hoje é? Nem lembrei dessa coisa!</i> Disse o pai coçando a cabeça e apoiando o taco de sinuca sobre a ponta da sandália velha de couro. <i>- Tô empembado mesmo! É coisa do cão isso! </i></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #274e13;">Seu Manilim já ia dar uma sugesta quando entrou o negro Soizinha no estabelecimento: <i>-Oi, merimãozim! Cela largou Soizinha, mas num tem nada não merimãozim, Soiza dá um jeito! O que importa é que Soiza tá vivo, num é merimão?</i> Enquanto dizia isso Soizinha quebrava o corpo para um lado e para outro, ia para frente e para trás quase imitando um gingado de capoeira. <i>- E esse bitelim aqui é teu merimão?</i> Perguntou o negro Soizinha para o homem apoiando o braço no taco de sinuca. Soizinha alisava a cabeça do menino enquanto abria um sorriso simpático. <i>- Ô merimãozim, Soizinha queria um bichim desse aqui, mas Soiza num pode merimão! É muita labuta mode criar o bichim! Tem que dar o dicumê, os estudo, umas mudinha de pano pra mode agasalhar o bichim e Soizinha num tem de onde tirar, merimãozim! Por isso Soiza ficou aqui só!</i></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #274e13;"> O homem finalmente conseguiu enxergar o menino ali diante dele, ao lado do negro Soizinha. Jamais tinha olhado para o filho de tal maneira. Olhou nos olhos do moleque e viu que havia certa altivez e um frescor de esperança que ele mesmo nunca teve. Sentiu-se orgulhoso por um instante. Aquele moleque ali tinha bons sentimentos, tinha alma de desbravador e ele mesquinhando um litro de querosene, enquanto enchia a cara de pinga e jogava sinuca! Um derrotado querendo derrotar o próprio filho.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #274e13;"> Olhou para a bola sete encalacrada na caçapa do canto da mesa de sinuca. Largou o taco e foi abraçar o moleque como nunca havia feito. Tomado de emoção foi ao balcão: <i>- Seu Manilim, me bota um litro de gás aí e ajeita uns quatro pacotes de pipoca para meu menino aqui</i>. Seu Manilim que viu no olhar do homem uma mudança, algo diferente do de sempre, nem se importou com mais um pendura. Providenciou o querosene e as pipocas. Então o homem pegou as provisões e já ia saindo abraçado ao menino quando ouviu a voz do dono do boteco lá de detrás do balcão: <i>- Não vai derrubar a bola sete não? </i>Foi nesse momento que Soizinha atalhou a conversa de Manilim. Não perdeu tempo e interferiu antes de qualquer resposta do homem: <i>- Ô merimão, o home já venceu a partida, sossega!</i> HÁ BRAÇOS!</span></div>GTV BOCA DO INFERNOhttp://www.blogger.com/profile/16336372341368094730noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23994691.post-45953635346630159972010-12-30T08:43:00.000-08:002010-12-30T09:40:58.191-08:00UM GOSTO MUITO ESPECIAL<h1 style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small; font-weight: normal; line-height: 24px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Verdana, sans-serif;"> </span><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"> </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit; font-size: small;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal; line-height: 24px;"> </span><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal; line-height: 24px;"><i>Para Edmundo Agnelo e Dermival Agnelo</i></span></span></h1><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgf77yGwo_Dmg3zT6n5afqYhc_KS2DmFvPFCO1tiAGtZk-jfXxHNipt-dgaT9aHFe5pZR4JIDDr5E3r2U_En-H5ksKU_Xi1yzc9st4t6uH8sV306n3jWVpF9w_loXYnxnLG9J_zYw/s1600/jeca.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgf77yGwo_Dmg3zT6n5afqYhc_KS2DmFvPFCO1tiAGtZk-jfXxHNipt-dgaT9aHFe5pZR4JIDDr5E3r2U_En-H5ksKU_Xi1yzc9st4t6uH8sV306n3jWVpF9w_loXYnxnLG9J_zYw/s200/jeca.jpg" width="141" /></a><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span style="color: black; line-height: 150%;">O emendar de cantos de galos se estendia como uma corrente sonora que tomava conta do povoado. Era madrugada na vila de Buqueirão da Serra. Meu avô se livrava da cama já reclamando de alguma coisa. Minha avó, mais ágil, não passava de um vulto ariando um imenso tacho de cobre. Entoava baixo, para si mesma, alguma ladainha. Meu avô amargo, ela doce. Minha avó doceira e dócil, o marido lavrador, mal humorado. Apesar do nome, meu avô em nada lembrava um cordeirinho. Fato é que essa antítese primal gerou uma família. Entre os dois temperamentos germinaram outros e as alegrias e desgostos foram se alternando.</span><span style="color: black; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span style="color: black; line-height: 150%;">O velho levou o chapéu de massa à cabeça e atravessou a Rua Nova rumo à praça da feira. Passo apressado para se livrar da concorrência. Sempre o primeiro a chegar às bancas de carne levava o melhor jornal. É que àquela altura dos anos cinquenta a existência de rádio ou jornal no lugarejo de pé de serra era precária e meu avô, ao que parece, herdou a curiosidade e a ansiedade por leitura como a maioria dos descendentes de Isabel, filha do patriarca daquele pedaço de chão. Desde os anos quarenta cultivava o hábito de comprar a carne que vinha fartamente enrolada em folhas velhas de jornal. Ficava assistindo e orientando o açougueiro a enrolar o jornal na carne de modo que não estragasse as folhas. Chegando em casa desfazia a embrulho com zêlo até ter livre nas mãos duas ou três folhas inteiras, que botava para secar. Mais tarde leria uma a uma se deliciando das notícias publicadas há mais de cinco meses ou ano. Era um ritual, todas as tardes: escorava o tamborete na parede da frente da casa e abria sua preciosa folha de jornal, no que ia lendo lentamente e com alguma dificuldade até as vistas arriarem, atrapalhando a vontade. </span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span style="color: black; line-height: 150%;">A leitura amenizava o mau humor do velho, todos já sabiam disso e preferiam não incomodá-lo, e torciam também para que as folhas manchadas de salmora alimentassem o ânimo dele até a próxima feira. Quando a leitura não dava até o fim da semana meu avô ralhava, implicava com os meninos, reclamava até do cheiro “enjoado” do doce de gergelim fervendo no tacho. Minha avó murmurava enquanto mexia o doce, pedia a Deus uma explicação para o destempero do marido.</span><span style="color: black; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span style="color: black; line-height: 150%;">O velho descobriu a mina de jornais vencidos quando passou a matar porcos para vender da feira da pracinha da vila. Na convivência com os açougueiros da Lagoa e da Roça de Dentro, negociava as sobras de jornal das bancas por tiras de toucinho. Às vezes voltava para casa com uma pequena pilha de folhas soltas dos diários que circulavam pela capital. Quando não havia jeito de faturar algumas para ler em casa, acabava comprando a carne dos comparsas de banca exigindo que a enrolassem em fartas folhas de jornal.</span><span style="color: black; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span style="color: black; line-height: 150%;">Certo final de feira, sem conseguir trocar uma tira sequer de toucinho pelo jornal de sempre, o velho desesperou-se. Não podia cometer a loucura de comprar carne apenas para ter o jornal. A feira tinha sido fraca e boa parte da carne de porco que levara voltaria para casa, tornando difícil justificar à mulher o gasto com carne. Voltou então com um terrível mau humor. Passou porta à dentro sem sequer olhar para um grupo de rapazes sentados na calçada vizinha, conversando e dando risadas. Já na cozinha, antes de a mulher dizer qualquer coisa, foi logo disparando:</span><span style="color: black; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span style="color: black; line-height: 150%;">- <i>Não agüento esses moços de hoje com essa rincheta e essa chincharra! Em vez de irem ajudar os pais na roça ficam alimpando calçadas dos</i> <i>outros, vigiando a vida alheia!</i></span><span style="color: black; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span style="color: black; line-height: 150%;">A mulher que mexia um tacho de doce de buriti na trempe improvisada no alpendre, levantou a cabeça e ficou tirando uma linha do marido, mas não disse nada. Então um cheiro forte de perfume <i>Casa Blanca</i> impregnou o ambiente e chegou às narinas do velho.</span><span style="color: black; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><i><span style="color: black; line-height: 150%;">- Rum, hum, hum, que carniça é essa?</span></i><span style="color: black; line-height: 150%;"> – disse sem esperar resposta, saindo em direção ao quarto, no que entra encontra um dos netos, todo lorde, penteando o cabelo. Mais uma vez desabafou:</span><span style="color: black; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><i><span style="color: black; line-height: 150%;"> - Não posso nem ver esses rapazes que passam o dia na frente do espelho com o pente enfiado no cabelo!</span></i><span style="color: black; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><i><span style="color: black; line-height: 150%;">- Ôxe vô, hoje tem baile na Voz do Povo, é mode eu ir parecendo o quê?</span></i><span style="color: black; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span style="color: black; line-height: 150%;">-</span><span style="color: black; line-height: 150%;"> </span><i><span style="color: black; line-height: 150%;">Tá, mas precisa engomar a cara com brilhantina?</span></i><span style="color: black; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span style="color: black; line-height: 150%;">-</span><span style="color: black; line-height: 150%;"> </span><i><span style="color: black; line-height: 150%;">Não vô, mas todo mundo usa!</span></i><span style="color: black; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span style="color: black; line-height: 150%;">-</span><span style="color: black; line-height: 150%;"> </span><i><span style="color: black; line-height: 150%;">E onde arranjou essa goma e esse cheiro?</span></i><span style="color: black; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span style="color: black; line-height: 150%;">-</span><span style="color: black; line-height: 150%;"> </span><i><span style="color: black; line-height: 150%;">No armazém de seu Marcionilio!</span></i><span style="color: black; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><span style="color: black; font-family: inherit; line-height: 150%;">O velho torceu a cara meio que desaprovando e disse antes de se retirar do quarto: - <i>Seu Marcionilio tá botando a mocidade a perder!</i><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; mso-outline-level: 1; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span style="color: black; line-height: 150%;">O anoitecer morno não amenizou a inquietação do velho. Ele então foi ao gabinete do primo boticário, na Rua Grande, recentemente autorizado para a profissão de dentista, que já exercia, a fim de prosear e saber a quantas andava a política de Cazuzão e João Soares em Xique-xique. Na feira havia encontrado aquele parente montado num cavalo, com a voz trovejando, vindo da beira do rio e prometera passar no gabinete dele para se inteirar das novidades políticas.</span><span style="color: black; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; mso-outline-level: 1; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span style="color: black; line-height: 150%;">Chegou ao gabinete do parente e o encontrou concentrado </span><span style="color: black; line-height: 150%;">na leitura de um manual de Medicina Homeopática.</span><span style="color: black; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span style="color: black; line-height: 150%;">-</span><span style="color: black; line-height: 150%;"> </span><span style="color: black; line-height: 150%;">Entra primo! – estrondou a voz lá de dentro.</span><span style="color: black; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><i><span style="color: black; line-height: 150%;">- Moço, assunta o atropelo...</span></i><span style="color: black; line-height: 150%;"> - disse meu avô com voz mansa ao passo que seguia em direção ao dentista, <i>- Tem uns dois dias que não me aparece uma folha mode eu ler. Vai dando um nervoso do diacho!</i></span><span style="color: black; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-indent: 18.0pt;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><i><span style="color: black; line-height: 150%;">- Pois isso não é problema! - disse o boticário levantando as vistas. Olha aqui esses Almanaques Capivarol que me arranjaram lá na beira do rio!</span></i><span style="color: black; line-height: 150%;"> <i>Pode levar se quiser todos os volumes!</i></span><span style="color: black; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-indent: 18.0pt;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span style="color: black; line-height: 150%;">O velho arregalou os olhos, esboçou um leve sorriso, recolheu o pacote com uns seis Almaques Sadol e Capivarol agradecendo ao primo e sentou-se no tamborete, ao lado de uma espécie de motor a pedal, puxando prosa:</span><span style="color: black; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><i><span style="color: black; line-height: 150%;">- É verdade que João Soares num tá querendo arredar o pé de indicar o delegado?</span></i><span style="color: black; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><i><span style="color: black; line-height: 150%;">- É, mas isso já é empreita perdida! Cazuzão já acertou com o governador e o delegado é nosso! Vamo ajeitar Jõao Barreto! Mas os home aqui, cê sabe, acertaram Dió pra representar na vila. Vamo ver quem tem mais braço!</span></i><span style="color: black; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><i><span style="color: black; line-height: 150%;">- Tomara que Buqueirão da Serra saia ganhando nessa história! .</span></i><span style="color: black; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-indent: 18.0pt;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span style="color: black; line-height: 150%;">Depois de uma longa prosa, meu avô bateu perna pra casa, leve como um tufo de algodão. Só de olhar para aquele estimulante pacote de almanaques. Agora sim tinha munição pra bem um mês, isso contando as relidas.</span><span style="color: black; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-indent: 18.0pt;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><span style="color: black; line-height: 150%;">Chegou em casa assoviando, deixou os almanaques em cima de uma velha cristaleira no quarto da entrada do corredor, pegou no colo uma neta pequena que àquela hora ainda brincava com uns bois de buso e uma boneca de pano nos ladrilhos do corredor da casa. Fez umas brincadeiras, foi lá dentro do quarto de despensa trouxe um taco de rapadura e deu para a pequena se distrair. Voltou para o quarto, catou um Capivarol, posicionou o candeeiro e recostou no colchão recheado de palha de uma cama velha de solteiro e começou a folhear com prazer e curiosidade a singela publicação. (segue)</span><span style="color: black; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;"><br />
</div>GTV BOCA DO INFERNOhttp://www.blogger.com/profile/16336372341368094730noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-23994691.post-91769507135050898602010-12-30T06:57:00.000-08:002010-12-30T07:32:24.633-08:00LULLA, A FARRA PUBLICITÁRIA!<div style="text-align: justify;">Lulla se despede do posto de presidente da república com uma aprovação impressionante, mas não tão impressionante quanto o volume de marketing e publicidade que tem sido investido nos últimos dias em sua imagem. A insistência em compor uma imagem de salvador, uma imagem santificada de Lulla chega às raias da irracionalidade, lambe as fronteiras do grotesco.<br />
Essa coisa de endeusamento já vinha rolando desde aquele filme fracassado <i>Lula, o filho do Brasil</i> que tentaram em vão fazer cair no gosto popular. Agora procuram criar um fantasioso clima emocional de despedida para quem sabe preparar o retorno dessa figura ao poder. O problema é que nesses últimos suspiros de 2010, quanto mais intensificam a publicidade, mais Lulla fala abobrinhas, mais se comporta como um fanfarrão ridículo e tresloucado.<br />
Para mim, Lulla já vai tarde, ele e seu rol de mentiras, ele e sua cota pessoal de corruptos, ele e sua vigarice notória, ele e sua língua grande pingando vaidades e lorotas. E digo mais, a quantidade de milhões desperdiçados na despedida publicitária de Lulla daria muito bem para construir algumas centenas de casas do programa <i>Minha casa, minha vida </i>que prometeu a entrega de um milhão de casas e alcançou pouco mais de duzentas mil. Há braços!</div>GTV BOCA DO INFERNOhttp://www.blogger.com/profile/16336372341368094730noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23994691.post-27575439762110476372010-12-29T08:59:00.000-08:002010-12-30T07:44:46.442-08:00NO LEITO DAS RELEITURAS<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #274e13;">Aos poucos venho tornando cotidiano o exercício da releitura. A certa altura da vida assalta-nos o sentimento de que releituras são mais importantes do que leituras. Talvez isso ocorra quando a gente se dá conta de que a memória sabe mais das leituras do que das próprias obras lidas. Aí é hora de voltar aos textos, às fontes das memórias. E quão maravilhoso é constatar que na verdade não existe releitura, pois quando a gente volta ao texto ele abre-se como um leque de novidades e surpresas. Aqui vale reinventar a máxima de Heráclito de que o homem não toma banho duas vezes no mesmo rio, porque ao fazê-lo nem ele e nem o rio serão mais os mesmos. Pois então, ao reler nem o leitor e nem o livro serão mais os mesmos. </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #274e13;">A volta ao texto revela-se assim como a ida a outro texto. Eis um dos mistérios da linguagem: os mesmos signos com outros sentidos! Estão os sentidos, afinal, no homem, no texto e no mundo que o cerca . A dinâmica simbólica que altera a todo momento a cognição humana lança seus fios e raízes sazonais nos acontecimentos, nos eventos e nos signos espalhados ao longo da existência e tudo se decompõe e se recompõe de modo às vezes imperceptível. Quando voltamos ao livro sobre o qual nos debruçamos há alguns anos sentimo-nos surpresos com as novidades que a leitura fresca vai apresentando ao nosso entendimento. Acodem-nos inesperados sentidos, muitas vezes em franco desencontro com a nossa memória. Há braços!</span></div>GTV BOCA DO INFERNOhttp://www.blogger.com/profile/16336372341368094730noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23994691.post-32995159690889941732010-12-27T05:13:00.000-08:002010-12-27T08:51:38.528-08:00A BURGUESIA DO DINHEIRO PÚBLICO<div style="text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYnlAjuHowEqPPf38f0Txf9OXRzZjAGTC50d_GC-TEDJnn7dXGq1ENCmGr6IVQcmMA2suudori4DbdyJyNkEmUiSneDb7xDy05vjQq7EE7ehaTkqaPoseuThh2AX8oj-kakTY5gw/s1600/metral.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYnlAjuHowEqPPf38f0Txf9OXRzZjAGTC50d_GC-TEDJnn7dXGq1ENCmGr6IVQcmMA2suudori4DbdyJyNkEmUiSneDb7xDy05vjQq7EE7ehaTkqaPoseuThh2AX8oj-kakTY5gw/s1600/metral.jpg" /></a><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Eles odeiam a burguesia! Fundaram sindicatos e construiram carreiras políticas as custas do discurso contra a <b>exploração</b>, crime praticado por patrões e por burgueses. Alimentando o ódio contra burgueses e patrões, eles arrebanharam gente suficiente nos seus sindicatos, com isso foram armando fio a fio tramas no espaço do poder. Nas tramas do poder que teceram dos sindicatos até a administração pública, alcançaram os melhores postos e se apossaram deles como um direito vitalício rubricado pelo gado que reúnem sob seu comando. Falo do sindicalismo brasileiro. A estufa das piores práticas políticas da atualidade.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">O governo Lulla está tomado pela burguesia sindical. Segundo uma pesquisa da professora da PUC-RJ, Maria Celina D'araújo, autora de "<b>A elite dirigente do governo Lula</b>", quase metade (42,8%) dos cargos públicos DAS 5 e 6, com salários de até 22.000 reais é ocupada por sindicalistas, sendo que 84% desses 42,8% são sindicalistas do PT. Então a gente pode ter uma noção dos objetivos dessa turma que arrota ódio a patrões e burgueses em geral e usa sindicatos como currais para mover manadas em direção aos seus objetivos nada coletivos. </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Fora o bilionário imposto sindical arrancado dos salários, independente da vontade do cidadão trabalhador, essa gente que "odeia exploração e burgueses" ainda abocanha seus carguinhos no governo para tirar seu troquinho de <b>vinte e dois mil reais </b>e tomar seu wisquinho 12 anos e levar sua vidinha burguesa financiada pelo sangue dos trabalhadores e pela grana pública. O sindicalismo está calado há oito anos. Dá para entender o motivo agora ou precisa desenhar? O ódio deles é retórico, sempre foi! O ódio deles escondia na verdade o desejo de explorar e sugar os trabalhadores tanto quanto os patrões e a burguesia privada. Assim, em que eles se transformaram mesmo? No que sempre foram! E acertou na mosca quem respondeu <b>NA BURGUESIA DO DINHEIRO PÚBLICO</b>! Dito isso não é difícil constatar que os trabalhadores estão mais ferrados do que antes: agora eles são explorados pela burguesia do dinheiro público também. Há braços!</span></div>GTV BOCA DO INFERNOhttp://www.blogger.com/profile/16336372341368094730noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23994691.post-1280522142427455792010-12-27T02:33:00.000-08:002010-12-27T02:33:26.387-08:00A ERA DO ARROTO<div style="text-align: justify;">Nós estamos entrando na era do arroto. É assim: com o advento da popularização da internete e demais meios de comunicação, quadrúpedes ruminantes que antes arrotavam apenas para continuar a mastigação estão convencidos agora de que o arroto é comunicação, pior imaginam que o arroto é a síntese metafísica da profundidade intelectual. O sujeito mal consegue se equilibrar sobre duas patas e já solta aquele arrotão cheio de arrogância poluindo o ambiente com os gases da mais pura burrice. O caso é sério: os tradicionais coices e berros viraram um ajuntamento lamentável de palavras espalhados em blogs e sites cretinos que mais parecem um fardo de alfafa. A estampa da inteligência quadrúpede: quanto mais vazio e superficial melhor. Quanto mais moitas de capim distorcendo a realidade mais a coisa se lhes parece bonita e agradável. Quanto mais pasto, mais atraente a paisagem. Numa época em que prospera a moral de rebanho há coisa mais atrativa do que um pasto verdinho? Há braços!</div>GTV BOCA DO INFERNOhttp://www.blogger.com/profile/16336372341368094730noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23994691.post-79064291226353718602010-12-23T04:32:00.000-08:002010-12-23T04:53:26.395-08:00BAJULAR É UMA ARTE QUE EXIGE TREINO<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #073763;">O mundo está repleto de bajuladores, dos mais fuleiros aos mais aristocráticos. A bajulação é a arte de paparicar os poderosos (ou quem se imagine que é) com a finalidade de obter benesses, vantagens ou, a depender do perfil de caráter do bajulador, pelo menos aceitação. O jogo do poder é um jogo de trocas. Como o bajulador não tem nada a oferecer para participar da trama do poder ele oferece o elogio, a babação, a exaltação de miudezas como se fossem grandes feitos. Ele se põe a criar uma super imagem do bajulado, a enaltecer seus gestos a plantar grandiosidades onde há apenas mesquinharia e mediocridade. Isso funciona? Quase sempre quando o bajulador é treinado e competente. </span></div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7BbM74dqByhAmPhmBWfISeLMTA43C-pHTNme5_QI-N0TRSoOZp-5siQvPbYzKlceU9oCCnydqfNXUsFWdecQBKH0XcwB_lC8q1L67clMJLfJDCJf1PuH2BHdMsAoGNFYvypwTvQ/s1600/BAJULADOR%255B1%255D.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="151" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7BbM74dqByhAmPhmBWfISeLMTA43C-pHTNme5_QI-N0TRSoOZp-5siQvPbYzKlceU9oCCnydqfNXUsFWdecQBKH0XcwB_lC8q1L67clMJLfJDCJf1PuH2BHdMsAoGNFYvypwTvQ/s200/BAJULADOR%255B1%255D.jpg" width="200" /></a></div><span class="Apple-style-span" style="color: #073763;">Mas há os bajuladores pé rapado. Aqueles que fazem encenação grosseira e espalhafatosa. Aqueles que plantam listinhas dos melhores do ano. Dos feitos mais incríveis da década etc dando visibilidade exatamente aos tipos que agradarão aos poderosos de sua imaginação. Nesse caso a história vira o terreiro do bajulado e tudo que ocorreu fora do terreiro é apagado com uma desonestidade gritante. O castigo desse tipo de bajulador é que a História passa, a curtíssimo prazo, como um trator por cima de sua encenação expondo-lhe como a figura patética que realmente é. Nesse caso, não se sabe o que é mais ridículo, se o desfile de nomes que compõem a tela de bajulação ou se o pintor desajeitado que lambrecou a tela compondo a cena. Sendo assim, não será de todo necessário denunciar esse tipo de bufão. Há bajuladores mais perigosos e esses o pensador Plutarco descreveu muito bem no seu ensaio <b><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;"><em style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif;"><span style="font-family: arial;">Como distinguir o amigo do bajulador</span></em></span> . </b>A certa altura diz o pensador grego: </span><span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><i><span class="Apple-style-span" style="color: #073763;">D</span><span class="Apple-style-span" style="color: #073763;">e qual bajulador é preciso se proteger? Daquele que não aparenta sê-lo, que nunca surpreendemos rodeando as cozinhas ou calculando no relógio a hora do jantar, e que nunca se permite à mesa nenhum excesso, mas que é sóbrio e moderado, curioso para ver tudo e tudo ouvir, procura antes envolver-se nos nossos negócios, penetrar em nossos segredos mais íntimos; enfim, aquele que, longe de interpretar seu personagem bufão ou comediante, conserva na conduta ou caráter sério e honesto. </span></i><span class="Apple-style-span" style="color: #073763;"><b><i> </i><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">HÁ BRAÇOS!</span></b></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;"><div style="color: #1b0431; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #1b0431; font-size: 13px;"><br />
</span></div><span class="Apple-style-span" style="color: #073763;">OBRA CITADA:</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #073763;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;"><em style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif;"><span style="font-family: arial;">Plutarco. </span></em></span><b><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;"><em style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif;"><span style="font-family: arial;">Como distinguir o amigo do bajulador</span></em></span></b><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px;"><em style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', sans-serif;"><span style="font-family: arial;"> Tradução de Célia Gambini. São Paulo, Scrinium, 1997</span></em></span> </span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>GTV BOCA DO INFERNOhttp://www.blogger.com/profile/16336372341368094730noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23994691.post-88678669560934621572010-12-19T09:48:00.000-08:002010-12-19T11:43:27.172-08:00UNE: UNIÃO NACIONAL DE QUE MESMO?<div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_fsjxv4_iUdv_SpsGPkE5wvjLG0cPhTZNlOu-4ytv7QH5ztpIDZsFJdaFNayBjXDVX3U13NY-XFDfxrtZ-cEI5VqH4kLwKB8WXgGQ2irAFhZOp0eCyDFjatz-yh0b9RNwyTO8jQ/s1600/sedeune1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="196" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_fsjxv4_iUdv_SpsGPkE5wvjLG0cPhTZNlOu-4ytv7QH5ztpIDZsFJdaFNayBjXDVX3U13NY-XFDfxrtZ-cEI5VqH4kLwKB8WXgGQ2irAFhZOp0eCyDFjatz-yh0b9RNwyTO8jQ/s200/sedeune1.jpg" width="200" /></a></div><span class="Apple-style-span" style="font-size: xx-small;">Foto: antiga sede da UNE no Rio.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #e69138;">A UNE recebeu de Lulla, durante os oito anos de governo, a bagatela de 13 milhões de reais. Isso é uma boa soma. Pagou o silêncio e o servilismo da entidade por todo esse tempo. Tanto é que a UNE sempre tão disposta a puxar um "fora, fulano!", "fora, beltrano!" , "fora, ciclano!" atravessou os longos anos de lullismo como uma cachorrinha amestrada. Veio mensalão e ela quietinha, veio caso Renan e ela nenhum rosnado, veio o rolo da CPMF e ela muda, apareceu o escândalo Sarney e ela fingiu que nem viu, pipocou a esculhambação do Enem e ela deu de ombros. </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #e69138;">A UNE tem história, isso é inegável, mas do fim da ditadura para cá ela nunca deixou de ser mais que uma repartição do PC do B. E o PC do B também nunca deixou de ser uma facção do PT travestida de partido. Como facção do PT, o partido de Aldo Rebelo colonizou o Ministério dos Esportes e um trecho da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Vocês devem se lembrar de que foi Haroldo Lima, raposa velha do PC do B baiano, que, na presidência da ANP, deixou vazar as pesquisas sigilosas sobre as jazidas do Pré-sal antes mesmo de a Petrobras confirmar com segurança o potencial das descobertas. Não acredito que tenha sido um vazamento inocente.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #e69138;">Mas quem achou exagerada a quantia que o governo lulla enfiou nos bolsos da UNE durante os dois mandatos ainda não sabe que agora uma das últimas canetadas de Lulla no exercício do poder foi autorizar o depósito de 45 milhões na conta da UNE para reconstruir a sede da entidade no Rio de Janeiro. Tá certo que o casarão histórico da UNE havia sido destruído pelo regime militar e era obrigação do Estado devolvê-lo à entidade. Mas destinar 45 milhões para um prédio de 13 andares? Para quê? Para homenagear o número 13 do PT? Brincadeira! Quantas bibliotecas populares poderiam ser abertas com essa grana? </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #e69138;">Os mais otimistas devem estar pensando: ainda bem que a homenagem foi à legenda do PT, imaginem se fosse ao PC do B cujo número de legenda é 65? Há braços!</span></div>GTV BOCA DO INFERNOhttp://www.blogger.com/profile/16336372341368094730noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23994691.post-49436902103997998442010-12-11T07:02:00.001-08:002010-12-13T16:33:46.635-08:00UM NATAL DE LASCAR!<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAkNs-EQrECrfKulnvwAMBK6RpnFdxVzD958EzWu62z5-rvvCg4Wz1649gqdXNDrIu9U1g-4fejt-yEPNgLojh25MYjB9B_qz5GJIv42cHHs7aYKxJwDYTW-2cFcEmdEJiSDU1VQ/s1600/lapa.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAkNs-EQrECrfKulnvwAMBK6RpnFdxVzD958EzWu62z5-rvvCg4Wz1649gqdXNDrIu9U1g-4fejt-yEPNgLojh25MYjB9B_qz5GJIv42cHHs7aYKxJwDYTW-2cFcEmdEJiSDU1VQ/s320/lapa.jpg" width="240" /></a></div><span class="Apple-style-span" style="font-size: xx-small;">Ao lado, uma lapinha tradicional.</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Todo mês de dezembro, já próximo ao Natal, descia num descampado ao lado da quadra onde eu morava em Brasília um helicóptero trazendo Papai Noel. Não faço ideia de onde ele deixava o trenó e as renas. Não sei também a que diabos servia aquela encenação mesquinha de boa vontade natalina. O velhinho grisalho nunca trazia presentes. Melhor, jamais soube de alguém que tivesse sido agraciado com a realização de um pedido de natal naquele dia poeirento de dezembro. <o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">O Papai Noel que vinha em uma aeronave fazendo levantar uma terrível nuvem de poeira vermelha apenas subia em um palanque improvisado e jogava algumas mãos de balinhas às crianças que se apertavam em meio ao relento espremendo sonhos e desejos inocentes. Depois pegava nas mãos das crianças sufocadas na barra do palanque mendigando a sua atenção. Após alguns minutos de tumulto e mãos estiradas faiscando sonhos infantis, o Papai Noel se retirava, caia fora em seu treinó tecnológico. Resumia-se a isso a porcaria do Natal naquela quadra. Era tudo que o poder público podia fazer pela molecada na ilustre data.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Em mim palpitava uma vontade desesperada de ir ver o tal Papai Noel. Quem entende criança! Minha mãe sempre zelosa jamais permitia. <i>Sozinho, não! No meio daquele rigor de sol? Nem ver! E aquele tanto de moleque de que não se sabe a procedência? Pode desistir!</i> Eu me contentava em assistir sentado no muro o rasante do helicóptero vermelho seguindo para o descampado ali nas proximidades.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Todo ano, minha mãe inventava de fazer uma lapinha no canto da sala. O ambiente ficava com cheiro de mato até janeiro, sem contar que o empreendimento natalino de minha mãe me impossibilitava de brincar com alguns de meus bonequinhos enquanto a tal lapinha estivesse armada e eles estivessem ali imóveis sobre uma areiazinha branca espalhada delicadamente na frente de uma imensa montanha feita de papel acinzentado, chapiscado de tinta colorida e enfeitado com flores, ramos e folhagens do cerrado. O cheiro de mato não era ruim, era o cheiro do natal lá de casa, mas aquele Jesus com a tinta descascando ali enfiado em uma cavidade da montanha de papel, sufocado por parte dos meus bonequinhos, dava dó. <o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Certa vez desobedeci minha mãe. Acho que era 23 de dezembro. Ao ver o voo rasante do helicóptero saí de mansinho, passei pela sala com cheiro de mato e ganhei a rua, com a cara voltada para cima, seguindo a aeronave noelina. Já na esquina, avistei o vão de barro vermelho sobre o qual o helicóptero pairava buscando um pouso suave. Uma nuvem de poeira se formava e encobria metade da multidão que esperava o mais ilustre representante comercial do espírito natalino. <o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Como já era costume, o barbudo de roupa vermelha subiu no palco improvisado, atirou umas mãos de balinhas sobre a meninada e ficou lá de cima assistindo o tumulto. E o sufoco para conseguir um mísero bombom parecia mesmo com uma brincadeira perversa que fazíamos na rua, chamada <i><b>murro doido</b></i>. Punha-se um doce qualquer no chão e fechava-se um bolo de meninos em cima. Quem pegasse o doce levaria murro de todos até alcançar uma zona neutra pré-estabelecida. Meninos fazem o diabo por um desafio! E esse era o espírito da meninada da minha rua: o doce não importava, o que valia era o desafio de escapar dos murros e chegar à zona neutra. <o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Mas eu falava do tumulto da molecada disputando as balinhas jogadas pelo Papai Noel mequetrefe que vinha à minha quadra todo natal. Senti naquele dia que seria a minha chance. Mergulhei em meio à meninada espremida ao pé do palanque. De repente, veio uma chuva de balinhas por cima de mim e a coisa apertou. Quando me dei conta estava perdido entre mãos desesperadas, cabeças suadas, pernas trançadas e braços agressivos. Enfiei a mão o mais que pude na direção do solo e sentindo que havia pegado algo, me desentranhei com dificuldade do amontoado de meninos. Quando pude abrir a mão não encontrei mais que um bocado de terra vermelha e papeis de bombom. Nenhuma droga de balinha. Tempo perdido... Esforço terrível e inútil.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Olhei na direção do palanque, o cara disfarçado de bom velhinho estava sorrindo e pegando na mão das crianças desesperadas ali espremidas. Elas pediam presentes, mais bombons ou algo que o valha. Firmei uma perna como alavanca e segui na direção da borda do palanque. Pelo menos pegaria na mão de Papai Noel. Quem sabe ele não ia com a minha cara e me dava um presente ou alguns chicletes? Atravessei três metros de tumulto numa eternidade. Quando alcancei a barra frontal do palco segurei firme e estendi meu braço esquerdo. Papai Noel vinha lá do canto do palco entregando a mão aos braços estendidos, quando chegou a minha vez o infeliz olhou na minha cara que estava borrada de terra vermelha e retirou a mão. Aquilo foi demais. Tanto esforço para obter um gesto de desprezo descarado daquele velho pão duro. Belo Natal! Em vez de neve, poeira... Em vez de presente, desprezo... Em vez de alegria, humilhação e sofrimento. Mas eu era do Conjunto D ( as ruas da minha quadra eram nomeadas por letras) e no Conjunto D a molecada tinha altivez. Era treinada naquele negócio de <i><b>murro doido</b></i>. Injustiça não saia barato. Sujo e magoado, escapei sofregamente da multidão. Ao alcançar uma posição fora do amontoado de crianças respirei e olhei para o chão procurando uma pedra. Encontrei uma pepita de bom tamanho de um cristal amarelado e fosco. Quando olhei para o palanque o Papai Noel pão duro e sacana havia virado as costas para descer a escada rumo ao helicóptero, eu aproveitei o momento e fiz justiça: dei uma pedrada certeira bem no meio das costas do infeliz. Ele arqueou as costas para conter a dor e se apressou a sair dali. </span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: 16px;">Nunca me arrependi da pedrada! Ainda bem que m</span><span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-size: 16px;">inha mãe sequer chegou a imaginar que eu passei por tal aventura. Mas foi bem feito, afinal não se faz o que ele fez com uma criança. Há braços!</span></div>GTV BOCA DO INFERNOhttp://www.blogger.com/profile/16336372341368094730noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23994691.post-70130058850237926312010-12-04T10:59:00.000-08:002010-12-04T11:02:06.497-08:00JÁ IA DEIXANDO PASSAR!<div style="text-align: justify;">O dia 20 de novembro, dia da consciência negra, passou e eu não tive tempo de postar algo em homenagem à data. Para não ficar na dívida vou postar uma carta escrita em 20 de novembro de 1686 pelo Rei de Portugal, endereçada a certo Marquês das Minas, tratando da igualdade entre os habitantes do Brasil no que se refere ao acesso à educação. A carta quase não é mencionada por esses panfleteiros das causas raciais. Aliás a coincidência entre a data de tal correspondência e a data do dia da consciência negra é intrigante. Confiram, no Português do Rei :</div><div style="text-align: justify;">"<i>Honrado Marquez das Minas Amigo. Eu Elrey vos envio muito saudar como aquelle que prezo. Por parte dos mossos pardos dessa Cidade, se me propoz aqui que estando de posse ha muitos annos de estudarem nas Escolas publicas do Collegio dos Religiozos da Companhia, novamente os excluirão e não querião admittir, sendo que nas escolas de Evora e Coimbra erão admitidos, sem que a cor de pardo lhes servisse de impedimento. Pedindo-me mandasse que os taes Religiozos os admittissem nas suas escolas desse Estado, como o são nas outras do Reyno. E pareceo-me que assim he os obrigareis a que não excluão a estes mossos geralmente só pela qualidade de pardos, por que as escolas de sciencias devem ser igualmente comuns a todo o genero de pessoas sem excepção alguma. Escripta em Lisboa a 20 de Novembro de 686. Rey"</i>.</div><div style="text-align: justify;">Essa maravilha de documento histórico pode ser encontrada no livro <b>Casa-grande e senzala</b>, de Gilberto Freire, pág. 467. Há braços!</div>GTV BOCA DO INFERNOhttp://www.blogger.com/profile/16336372341368094730noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23994691.post-51204024764437977492010-12-02T04:24:00.000-08:002010-12-02T04:24:20.436-08:00VALEU MAIS UMA VEZ!<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #274e13;">Então este ano entra na reta final. Um ano de embate duro, com alta temperatura, mas que não nos fez perder a ternura. Por isso mesmo é que não nos esquecemos de agradecer aos nossos leitores e desejar-lhes que os seus melhores dias em 2010 se repitam em 2011 e que as batalhas ainda não acabadas ganhem novo fôlego e muito reforço positivo de modo a garantir-lhes a almejada vitória. Vitória é a palavra-chave para 2011. Que angariemos cada vez mais vitórias! Contra a ignorância, contra o autoritarismo, contra a violência, contra a corrupção, contra a falta de ética, contra a falta de criatividade, a falta de amor, a falta de alegria, a falta de disposição. É isso que desejamos a todos e tudo mais que por acaso anseiem no íntimo de suas existências. Há braços! </span></div>GTV BOCA DO INFERNOhttp://www.blogger.com/profile/16336372341368094730noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23994691.post-67365469284615529962010-11-30T14:57:00.000-08:002010-11-30T15:00:06.062-08:00E SE FOSSE UMA PILHA DE LIVROS?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoz2-G9UI2SlBFJt7Gq7A-US8ADnuwySsau00ZrcGLv4eT133gbCecgtMdrdWY7apakZ4TFBOtkI6f-uf6RaAtFiOwajPz5FsjFip9A0sKpvAc0b9snnW4iCN9Hk_JKZ9DxzL6MQ/s1600/DROGA-numeros-size-460.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoz2-G9UI2SlBFJt7Gq7A-US8ADnuwySsau00ZrcGLv4eT133gbCecgtMdrdWY7apakZ4TFBOtkI6f-uf6RaAtFiOwajPz5FsjFip9A0sKpvAc0b9snnW4iCN9Hk_JKZ9DxzL6MQ/s320/DROGA-numeros-size-460.jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: justify;">A foto ao lado é o balanço até hoje (30-11) do que foi apreendido no Complexo do Alemão. Lógico que não entram aí as dezenas de carros roubados e as mais de 300 motos igualmente tomadas da população. O curioso é que a montanha de tabletes de maconha e de cocaína parece um punhado de livros empilhados. Já pensaram numa coisa dessas, traficantes intelectuais traficando Machado de Assis, Graciliano Ramos, Rubem Braga... kkkkkkkkk E os viciados indo lá no morro para dar um "tapinha" ou uma cafungada em Homero, Aristóteles, Clarice, Tolstoi, Pessoa, Shakspeare... Quem sabe, caso a vigarice política do Cabral se sucumba às exigências da população, a próxima foto a ser mostrada não seja mesmo a de uma pilha de livros para bibliotecas e escolas abandonadas naquelas áreas? Há braços!</div>GTV BOCA DO INFERNOhttp://www.blogger.com/profile/16336372341368094730noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-23994691.post-60044661067592934782010-11-30T13:44:00.000-08:002010-11-30T16:50:53.555-08:00BOCA DO INFERNO-65: A BANALIZAÇÃO DA VIDA E DOS DIREITOS<div style="text-align: justify;">Na semana passada vi as imagens do ataque a um pedestre em São Paulo. Foi a violência mais imbecil, mais gratuita, mais débil mental que já assisti. O rapaz ia passando distraído como um transeunte qualquer. Logo atrás vinham uns quatro filhinhos de papai. De repente, um deles desferiu um soco no rapaz. Do nada! Ao se recompor, a vítima tentou revidar, no que o bando de burguesinhos a cobriu de chutes, murros e pontapés. A imprensa procurou saber depois o porquê das agressões e recebeu a seguinte resposta: <i>era só curtição</i>, <i>deu vontade de bater</i>. Esse tipo de gente que gosta de curtição tão extrema deveria pegar uma cana extrema também para ver se aprende alguma coisa. Afinal, que tipo de gente é essa? Agora, eu espanco pessoas na rua porque me dá vontade, porque é divertido? É brincadeira! Esses delinquentes estão sendo educados aonde mesmo?</div><div style="text-align: justify;">Depois que as imagens captadas por uma câmera de vigilância mostraram a curtição de jumento dos <i>playboys,</i> a polícia os capturou e também se descobriu que o rapaz agredido era homossexual. Bastou essa descoberta para que ressuscitassem aquele projeto encalhado na Câmara que transforma homossexuais em uma casta acima dos mortais comuns. (outra coisa precipitada) A tal lei da homofobia quer transformar em crime discriminação a homossexuais e congêneres. Essa coisa é um tanto perigosa. Na verdade, o que fizeram aqueles garotos riquinhos seria grosseiro se fosse feito com qualquer ser humano. A covardia e o despropósito deles fere as mais elementares cláusulas dos direitos humanos, fere o Artigo 5 da Constituição Federal e isso basta para não perdoá-los, para enquadrá-los rapidinho.<br />
O respeito às diferenças, à diversidade de hábitos e de culturas no Brasil deve ser celebrado como uma coisa sagrada. Como um índice positivo de civilidade. O pessoal que sacode bandeira do Arco-iris precisa compreender que a constituição e o código penal são suficientes para garantir a defesa de qualquer cidadão brasileiro. E que todo e qualquer ataque agressivo a este segmento da sociedade ou a qualquer outro deve ser repudiado e apurado sendo os agressores obrigados a pagar por seu comportamento troglodita. Há braços!</div>GTV BOCA DO INFERNOhttp://www.blogger.com/profile/16336372341368094730noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-23994691.post-88665613543008138352010-11-29T12:31:00.000-08:002010-11-30T16:54:28.531-08:00O PERIGO AGORA É O PATRIOTISMO BOCÓ<div style="text-align: justify;">A operação contra o tráfico foi um sucesso! O povo gostou, resolveu apoiar etc... Não há problema, concordo. Afinal não é todo dia que se apreende 20 toneladas de maconha, algumas toneladas de coca e derivados entre outros produtos que fazem a felicidade do tráfico, a infelicidade dos morros e a diversão da elite droguenta, chegada ao pó e a um brauzinho diário. Essa turma consumidora, pelo menos no Rio, vai ter um natal depressivo, de consumo racionado ou abstinência forçada. Afinal, o preço do bagulho vai subir. Mas o mais importante não está aí. Há um lado estranho nessa história: a apreensão de drogas foi fantástica, mas a recuperação de armas e a prisão de bandidos foi decepcionante para o tamanho da operação e para o excesso de publicidade que já começa a produzir a turma do Cabral. Até Lulla já manifestou o seu desejo de tirar uma casquinha dos pobres amontoados nas vielas do Complexo do Alemão. Muitos sem acesso a água tratada, saneamento e energia elétrica.<br />
O Complexo é um verdadeiro bolsão de miséria, daqueles que o Estado apodrecido e corrupto, como o carioca, tenta isolar ou para o qual vira as costas, a exemplo do que se fazia na antiguidade com aquelas colônias de leprosos. A face mais repulsiva do Estado se mostra quando a ele mais vale o jogo político e a perpetuação de grupos no poder do que o cumprimento das leis e o atendimento às necessidades da população. </div><div style="text-align: justify;">O Rio corre sério risco de regredir. O fato é que a maioria dos bandidos e das armas sumiram. Foram certamente se juntar a outros em outros territórios. A guerra apenas começou e já periga se transformar em um espetáculo de mídia inflado de patriotismo bocó com bandeiras nacionais tremulando. O esforço das forças armadas e das polícias corre o risco de descer pelo ralo da propaganda ideológica de uma hora pra outra. Os bandidos dos morros com UPPs continuam lá fazendo seu negócio. Os do Alemão fugiram em busca de abrigo. Tomara que a iniciativa que levou as forças de segurança do país a atuar, em parceria com as dos Rio, em prol da ordem não afunde no fosso da vigarice publicitária. Que a luta continue e não se tomem decisões enérgicas apenas quando bando delinquentes voltarem a incendiar carros em meio à rua. Há braços!</div>GTV BOCA DO INFERNOhttp://www.blogger.com/profile/16336372341368094730noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-23994691.post-86018952530969015092010-11-28T01:41:00.000-08:002010-11-28T03:23:06.302-08:00QUEM AGUENTA?<div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify;">Uma horda de panfleteiros de esquerda se pôs a comentar a operação de guerra no Rio de Janeiro. Estão mais confusos do que papagaio em sala de espelhos. Não dizem praticamente nada que se aproveite. O que se nota é que toda essa perturbação mental encerra a necessidade de justificar o injustificável. Eles querem insistir naquela coisa de luta de classes na favela. Há até quem diga que os bandidos armados de fuzis, metralhadoras, dinamites e granadas são produtos da pobreza do morro, são lumpem proletariado, assalariados do tráfico. Se brincar essa gente vai se propor a fundar o sindicato dos trabalhadores explorados no tráfico. Vigarice é pouca coisa para nominar essa gente. As opiniões confusas deles se devem à dificuldade de sustentar o desencontro entre suas teses furadas e a dura realidade que se vê no Rio. A jogada é simples: quando não é possível sustentar as teses sem prejuízo, eles simulam a confusão e passam adiante sua ideologia da mesma forma. O problema é que por mais que se quisesse ficaria difícil tratar os bandidos acuados no Coplexo do Alemão como coitadinhos vitimados. Como explicar tanta arma pesada? Como explicar as barricadas em toda a extensão do Alemão? Como explicar as três toneladas de drogas apreendidas no local?</div><div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-align: justify;">Eles dizem que os bandidos são produtos da pobreza dos morros, da exclusão. Se fosse assim os 32 milhões de pobres que recebem bolsa família seriam criminosos. Se fosse assim 80% dos nordestinos seria bandido; Se fosse assim os 400 mil habitantes do Complexo do Alemão seriam bandidos e não são. A imensa maioria é refém de facções criminosas que se apossaram das favelas aproveitando a ausência do Estado. Conversa fiada, pobreza não é sinônimo de bandidagem não, bandidagem existe de uma ponta a outra da sociedade. Desde a mais sofisticada elite a mais deplorável ralé.<br />
Outra coisa, Plínio, o velhinho maluquinho, vem tentando junto com o netinho ideológico Marcelo Freixo e a turma do mundo de bob passar a ideia de que a operação da polícia quer mesmo é criminalizar a pobreza. É mentira, das mais sem vergonha. O que se vê em dezenas de depoimentos é a sensação de alívio da população honesta: <i>até que enfim o Estado veio nos libertar</i>. É o que muitos dizem. E assim que terminada a operação é obrigação do Estado iniciar o trabalho urgente de construção daqueles territórios, levando a eles os benefícios necessários ao desenvolvimento social e garantido os direitos sociais. As pressões políticas devem recair sobre o Estado. Todos os setores têm que exigir do marqueteiro Sérgio Cabral o fim das milícias e o investimento robusto na recuperação das áreas de morro há tantas décadas ignoradas pelo poder. Há braços!<br />
<br />
</div>GTV BOCA DO INFERNOhttp://www.blogger.com/profile/16336372341368094730noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23994691.post-21471757314923119562010-11-26T07:06:00.000-08:002010-11-26T08:36:35.762-08:00POR FIM, CHAMARAM O CAPITÃO NASCIMENTO<div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0Nx4ipgjmGBBvA7I0n_6-9X1eX5JlQdDP0cqHxkS4LuW8DI9NiRy2YMweQZ-WXfe0vAUyJ2zj88Foe3yVFxlvytzXDVRirSfVcCuaLLKVaRniW5Wo1DdjGtyL8c3Yrgpop5A_qw/s1600/tropa.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0Nx4ipgjmGBBvA7I0n_6-9X1eX5JlQdDP0cqHxkS4LuW8DI9NiRy2YMweQZ-WXfe0vAUyJ2zj88Foe3yVFxlvytzXDVRirSfVcCuaLLKVaRniW5Wo1DdjGtyL8c3Yrgpop5A_qw/s200/tropa.jpg" width="200" /></a></div>O primeiro filme Tropa de Elite foi malhado até dizer chega pela sociologia de esquerda e pela militância de botequim que habita os meios de comunicação no Brasil. O filme trazia uma verdade dura: o tráfico é um câncer violento que contamina a sociedade e destrói a ordem social implantando em seu lugar a sujeição e o medo a troco de hedionda violência. E mais: o tráfico tem que ser tratado com a mesma violência com que age. A máxima que norteou a atuação do Bope no filme foi dada por um bandido famoso, Lúcio Flavio, cuja vida bandoleira os cineastas de esquerda trataram de glamourizar em filme. Esse meliante de uma época em que dominantemente polícia e ladrão eram coisas muito diferentes, antagônicas até, dizia: "polícia é polícia, ladrão é ladrão"! E assim, o Bope do primeiro filme era a polícia, no sentido <i>lucioflaviano</i>, e tudo na polícia que não era Bope, era bandido e tudo na favela que não era bandido era Bope. O filme reacendeu o antagonismo entre mocinho e bandido e lançou alguma láurea de dignidade nessa corporação tão corroída pela corrupção de maus servidores e tão difamada pela panfletagem que tende sempre a julgá-la como responsável por tudo de ruim que ocorre no universo de combate ao crime.</div><div style="text-align: justify;">O filme Tropa de Elite tratou de botar as coisas em seu lugar: o policial serve para combater o crime e o traficante, criminoso frio, dos morros não é uma vítima da sociedade e sim um elemento destruidor da sociedade que precisa ser retirado do convívio social.</div><div style="text-align: justify;">No filme Tropa de Elite-II ocorre uma reviravolta: ali os inimigos da sociedade não são os abomináveis e frios assassinos que comandam o tráfico e o terror nas favelas (esses mesmos que na vida real estão queimando carros e tocando o terror hoje lá no Rio). Os traficantes, para o gozo dos sociólogos de esquerda e panfleteiros ideológicos, são pobres vítimas das milícias, ou seja, da banda podre da polícia que se aliou aos políticos para administrar o crime nos morros e se perpetuar no poder com eleições garantidas. E nesse enredo a ação vai sendo dosada como se o Capitão Nascimento tivesse ido fazer um cursinho de sociologia marxista (isso é redundante) na UFRJ e saísse de lá acreditando que o capitalismo e a ganância burguesa são os culpados por tudo. Esse imbróglio que atiça certo romantismo remanescente na militância esquerdista serviu como uma espécie de <i>mea culpa</i> do cineasta responsável pelo Tropa de Elite-I, uma espécie de desculpas pelo primeiro filme tão duro, tão direto e tão real. Agora sim, com o Tropa-II, pode-se dizer que os bandidos são vítimas do poder. </div><div style="text-align: justify;">O que acontece no Rio de Janeiro neste momento vai contra essa tese vigarista plantada em Tropa de Elite-II para agradar ao esquerdismo acadêmico e partidário em geral. Tanto é que trataram logo de chamar o Bope para resolver a parada na bala, a altura dos traficantes, tratando bandido como bandido e mostrando que polícia é polícia e que a sociedade precisa da ordem. Afinal, só em propaganda eleitoral há como pacificar criminosos de alta periculosidade , armados de fuzis, metralhadoras e granadas. Há braços!</div>GTV BOCA DO INFERNOhttp://www.blogger.com/profile/16336372341368094730noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23994691.post-44933869136986690002010-11-26T05:02:00.000-08:002010-11-26T05:02:18.295-08:00NOTÍCIAS SOBRE O BRASIL REAL<h1 style="font-family: verdana, helvetica, sans-serif; font: normal normal bold 27px/32px tahoma, helvetica, sans-serif; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;">IBGE aponta que 11,2 milhões de brasileiros passaram fome em 2009 (Folha de São Paulo de hoje);</span></h1><div><div id="articleDate" style="color: #cc3300; font-family: verdana, helvetica, sans-serif; font: normal normal bold 10px/normal verdana, helvetica, sans-serif; line-height: 18px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 20px;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;">26/11/2010 - 09h56</span></div><h1 style="font-family: verdana, helvetica, sans-serif; font: normal normal bold 27px/32px tahoma, helvetica, sans-serif; line-height: 18px; margin-bottom: 10px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;">Pressão inflacionária e real forte desafiam nova equipe econômica (The Economist)</span></h1></div>GTV BOCA DO INFERNOhttp://www.blogger.com/profile/16336372341368094730noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23994691.post-13373527592466475262010-11-25T14:40:00.000-08:002010-11-25T16:30:37.969-08:00A PAZ DE UNS É O INFERNO DE OUTROS<div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEha2-tev4zLsLBNbGff2aYLloQvZoduwdlmx9z4y-N0t2gUoej5UyygQwlPVCc2fegjvAJJuR3EkYmRRN4bEI43qB49WhW5LBKRiMBMxdL80VeKgZRMBBnabiIOeAb1gNC1Sn5Waw/s1600/car+rio.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="149" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEha2-tev4zLsLBNbGff2aYLloQvZoduwdlmx9z4y-N0t2gUoej5UyygQwlPVCc2fegjvAJJuR3EkYmRRN4bEI43qB49WhW5LBKRiMBMxdL80VeKgZRMBBnabiIOeAb1gNC1Sn5Waw/s200/car+rio.jpg" width="200" /></a></div>O governador do Rio de Janeiro e a presidente eleita deveriam ser acionados pelo Procom por propaganda enganosa. Ambos passaram o período eleitoral inteiro vendendo a imagem de um Rio de Janeiro pacificado pela implantação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nas favelas cariocas tomadas pelo tráfico e pela violência. Falavam como se milagrosamente os traficantes munidos de fuzis, metralhadoras e granadas tivessem sido volatilizados ou se regenerado com a ocupação dos morros por unidades policiais. Muita gente achou meio estranho a polícia de Cabral e Dilma ocupar morros sem prender uma única alma meliante ou deflagrar um só tiro. Afinal, onde foram parar os traficas com seu arsenal de fogo pesado? Foram pacificados? Passaram a tocar o negócio de modo mais discreto sem fazer alvoroço nas comunidades? Afinal, eles não eram foras da lei?</div><div style="text-align: justify;">A ideia das polícias pacificadoras é excelente, faz todo sentido, demonstra que o Estado deve assumir a responsabilidade social nos morros abandonados há décadas nas mãos da bandidagem. Mas assumir os morros sem prender ninguém, sem recolher armas não poderia dar em outra coisa. E o resultado lógico, um tanto previsível a gente vê agora em todos os jornais e redes de TV: o Rio aterrorizado pela violência de bandos armados, atacando à luz do dia, queimando carros, ônibus e caminhões. Os últimos três dias somam mais de 40 veículos incendiados, embates acirrados entre policiais e bandos armados com um saldo de 23 mortos até o momento.<br />
Ao que parece, a escassez de recursos forçou os escalões mais periféricos do tráfico a invadir as ruas em busca de se restabelecer. Não deu outra, como não foram presos e nem tiveram seu arsenal confiscado antes, partiram para a guerra. E quem paga o pato? Quem fica debaixo da chuva de balas, metido no caos das ruas? Os cidadãos cariocas iludidos pela lábia do governador irresponsável que preferiu sustentar um pacto artificial de não agressão com meliantes perigosos, tendo em vista não atrapalhar sua reeleição, do que fazer cumprir as leis nas favelas. Há braços!</div>GTV BOCA DO INFERNOhttp://www.blogger.com/profile/16336372341368094730noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-23994691.post-78311351381270322322010-11-24T08:31:00.000-08:002010-11-24T08:34:22.999-08:00O LADO BOM DO ENEM<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Devido às falhas que ocorreram na execução do Enem no ano passado e neste ano de 2010, o MEC vem recebendo severas críticas. De fato, tais falhas são inadmissíveis em um programa com a envergadura desse instrumento avaliativo. A anulação das provas em 2009 e de parte delas este ano bagunçou o calendário de muitas universidades e atrasou a vida de meio mundo de jovens ávidos por ingressar na vida universitária, sem contar o desperdício do dinheiro público. Mas essas falhas diminuem os méritos do Enem? Não, claro que não! O Enem é um excelente instrumento não apenas porque avalia a eficácia do que está sendo feito na educação e aponta setores fragilizados que precisam de investimentos, mas porque democratiza o acesso à educação, porque estimula o aluno desde cedo a buscar resultados positivos nos estudos e, como consequência, os torna mais exigentes em sala de aula. Certamente alunos exigentes contribuirão para que o quadro docente se sinta mais desafiado e comprometido com o ensino. Há braços!</div>GTV BOCA DO INFERNOhttp://www.blogger.com/profile/16336372341368094730noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23994691.post-18792083129881786702010-11-22T11:41:00.000-08:002010-11-22T12:35:37.927-08:00O PAPA E A CAMISINHA<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Eu sou favorável a todas as formas de amar. O que importa é que as pessoas se realizem e sejam felizes. Até porque quem aquenta o mau humor de almas travadas sexualmente, frustradas e mal amadas? Tenham dó, a gente precisa da serenidade do amor, cada vez mais. Muito embora me ponha ao lado de qualquer forma de amar, não consigo conceber o amor sem a conjunção carnal. O sexo é um ingrediente indispensável ao fortalecimento dos laços amorosos. Nessa seara, sexo se faz por amor, por prazer, por tesão, por qualquer impulso, menos por imposição ou por sujeição. Bom, esse é meu ponto de vista e ele não diminui o meu respeito por práticas de que discordo. Dito isso, passo a refletir sobre a opinião manifestada recentemente pelo Papa Bento XVI. <br />
O chefe maior da Igreja Católica disse que é aceitável o uso da camisinha em situações específicas. Essa opinião provocou um alvoroço na igreja. Por que motivo? É simples: o pontífice é o guardião das escrituras sagradas, é quem representa a preservação dos dogmas do catolicismo. Um desses dogmas é o de que sexo é somente para reprodução. <i>Crescei e multiplicai</i>... por isso mesmo a igreja sempre repudiou qualquer intervenção humana que desviasse essa finalidade única da relação sexual. Ao repudiar o uso de anticoncepcionais em geral e de preservativos a igreja se mantinha em sintonia com sua posição secular a respeito do sexo. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Mas, para o Vaticano, manter a coerência religiosa com respeito ao sexo no mundo em que vivemos é uma tarefa pedregosa que, em certas circunstâncias, beira a estupidez. A título de exemplo, na África, em regiões que seguem ortodoxamente as orientações de não usar a camisinha plantadas pela Igreja Católica, a Aids se espalhou como uma praga e arrastou e continua arrastando ao túmulo milhares de pessoas. O cânone do cristianismo tem ojeriza a sexo. Da Bíblia aos santos patrísticos o sexo é uma coisa suja, uma afronta à elevação do espírito. Nesse imbróglio entram o aborto, a homossexualidade e demais práticas associadas ao desvio da função sagrada única que a igreja destina à prática sexual.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O que fez Bento XVI? Arrebentou a coerência que vinha sendo sustentada pelo Vaticano à revelia da realidade. E o papa o fez timidamente como se fosse possível admitir pela metade o uso de preservativos sem jogar por terra o velho dogma do sexo apenas para reprodução. O fato é que tal dogma há muito tempo soa como uma coisa ridícula e despropositada. No meu ponto de vista, a Igreja Católica precisa abrir mão de certas posições que a caracterizam mais como um objeto de museu do que como uma organização humanista que vive de perto os dilemas da existência humana. HÁ BRAÇOS!</div>GTV BOCA DO INFERNOhttp://www.blogger.com/profile/16336372341368094730noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23994691.post-2059377766455225532010-11-16T06:39:00.000-08:002010-11-16T06:39:08.909-08:00ENTÃO EU OLHO PARA TRÁSEntão eu olho para trás<br />
e o passado é um rastro de tinta<br />
irregular, sem cheiro,<br />
coberto pelo lodo do tempo.<br />
Minha memória é úmida<br />
e avessa à contaminação.<br />
O que resta estendido sobre a estrada<br />
por trás dos meus ombros<br />
não tem retoques,<br />
está como foi pisado,<br />
amalgamado pela existência.<br />
Na minha pele jazem os respingos<br />
dessas tintas.<br />
Quem poderá identificá-las?<br />
Levo o que está por trás dos meus ombros<br />
em minha carne.<br />
É com esse bisturi que abro o horizonte em minha frente;<br />
é com esse pincel cortante que vou pintando a paisagem<br />
frontal;<br />
que vou picotando o futuro;<br />
que vou abrindo veredas como feridas frescas<br />
a verterem vida quente.<br />
(há braços!)GTV BOCA DO INFERNOhttp://www.blogger.com/profile/16336372341368094730noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-23994691.post-85806691075630706372010-11-15T09:34:00.000-08:002010-11-16T01:38:23.236-08:00AS RAPOSAS E O JABUTI<div style="text-align: justify;">O título acima parece de fábula de Esopo, mas o assunto mesmo é o Prêmio Jabuti, um dos prêmios mais prestigiosos do Brasil para produção escrita em várias categorias, ficcional ou não. O fato é que o enredo da premiação deste ano bem mais parece ficção do que realidade: o romance de Edney Silvestre, <i><b>Se eu fechar os olhos agora</b></i>, ficou em primeiro lugar na categoria e o de Chico Buarque, <i><b>Leite derramado,</b></i> alcançou o segundo lugar, mas tchan-tchan-tchan!!!! Quem levou o prêmio? Acertou quem disse Chico Buarque! Os amigos de Chico não quiseram chorar o leite derramado e entregaram a premiação para o talentoso compositor de MPB, dublê de romancista.</div><div style="text-align: justify;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/_DUzIjOJiZI4/TOJQ7Q97ppI/AAAAAAAAAkU/GEHoJXMKV38/s1600/jabuti.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/_DUzIjOJiZI4/TOJQ7Q97ppI/AAAAAAAAAkU/GEHoJXMKV38/s1600/jabuti.jpg" /></a>Não tenho nada contra Chico! É um grande compositor! Soube beber o melhor de Noel Rosa, soube fazer poeticamente a crônica ideal ao enredo de samba; soube cantar e encantar pelo ponto de vista feminino, como já fazia Noel. Agora, o Chico político ficou estacionado nos anos sessenta, num bar de esquina do Rio de Janeiro, confabulando entre copos de wisque e baforadas de cigarro, a revolução socialista. No melhor estilo adolescente universitário engajado daquela época. O que dizer do Chico romancista? No mínimo que como romancista, em termos de qualidade, ele está mais para o Chico político do que para o Chico letrista.</div><div style="text-align: justify;">Essa lambança que fez cair o Jabuti no colo do autor de <i><b>Leite derramado</b></i> deve ter dedo de raposa. Raposas da mesma marca daquelas que organizaram o manifesto pró-Dilma no qual Chico Buarque foi discursar feito um adolescente dos anos sessenta. Se tivesse um pouco de desconfiômetro, caberia a Chico devolver o prêmio que pertence de fato e de direito a Edney Silvestre e ir chorar seu leite derramado em outra freguesia. Há braços!</div>GTV BOCA DO INFERNOhttp://www.blogger.com/profile/16336372341368094730noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-23994691.post-2959375471063553302010-11-14T05:53:00.000-08:002010-11-14T06:05:39.868-08:00CAPA DO NÚMERO 06, NOVEMBRO DE 2000<div style="margin: 0px auto 10px; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMePNPKm7X18_RvGZfsbLHgOj_jdjbwSY685DaG_Tz9XUBUl6Cr5PyWhFhFmoe6WmeY5zQ_xI-WFmUn4QX3cmPV5Kct26dbgKIjOCs8zmo7D7excZ05shbeYtEDhSyKj1O3-OfPw/s1600/100_0756.jpg"><img alt="" border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMePNPKm7X18_RvGZfsbLHgOj_jdjbwSY685DaG_Tz9XUBUl6Cr5PyWhFhFmoe6WmeY5zQ_xI-WFmUn4QX3cmPV5Kct26dbgKIjOCs8zmo7D7excZ05shbeYtEDhSyKj1O3-OfPw/s320/100_0756.jpg" width="235" /></a> </div><div style="clear: both; text-align: CENTER;"><a href="http://picasa.google.com/blogger/" target="ext"><img align="middle" alt="Posted by Picasa" border="0" src="http://photos1.blogger.com/pbp.gif" style="background-attachment: scroll; background-clip: initial; background-color: transparent; background-image: none; background-origin: initial; background-position: 0% 50%; background-repeat: repeat repeat; border-bottom-style: none; border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-left-style: none; border-left-width: 0px; border-right-style: none; border-right-width: 0px; border-top-style: none; border-top-width: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;" /></a>PÉROLAS AOS PORCOS, HÁ EXATAMENTE DEZ ANOS!</div>GTV BOCA DO INFERNOhttp://www.blogger.com/profile/16336372341368094730noreply@blogger.com0