30 outubro 2009

O JUDAS DA PRESIDÊNCIA ACHA QUE É JESUS


Uma das principais características do discurso de Lulla é a frase de efeito em forma de metáfora vulgar. O futebol é seu tema favorito. Quem não o ouviu chamar de “Meu Ronaldinho” o filho Lulinha, numa alusão ao herdeiro ser craque nos negócios?  Lullinha é aquele que era monitor de Jardim Zoológico e virou um empresário milionário da noite para o dia, bancado pela negociata espúria das empresas telefônicas. Pelo que consta, Ronaldinho é craque devido ao próprio talento, mas a gente sabe que Lulla fez a comparação apenas para atenuar a exposição da negociata e debochar da imprensa.


 Vez ou outra,  Lulla usa o apelo religioso também. A última besteira, de natureza bíblica, deve ter contado com a assessoria do companheiro Edir Macedo, especialista em transformar fé em grana. Lulla afirmou que se Jesus Cristo estivesse aqui hoje faria alianças com Judas. Detalhe, Judas é aquele cara gente boa que vendeu Jesus por umas moedas de prata. E Judas não o vendeu  por pressão não, ele calculou, estudou e esperou o momento certo para fechar o negócio.  Essa maravilha de imagem foi lançada no momento em que dá nas vistas o comércio que o Lullismo vem realizando para garantir a eleição de Dilma Rouseff e coloca Lulla e sua turma vermelha no lugar de Jesus Cristo e a turma do PMDB e congêneres na condição de Judas.


Lulla tá querendo dizer que Jesus seria uma espécie de Edir Macedo, uma mistura de comerciante bandido com pastor. O Jesus de Lulla não expulsaria os vendilhões do templo, pelo contrário, cobraria 70% do lucro e contrataria Duda Mendonça, esse sim um Ronaldinho da publicidade, para montar um esquema publicitário com o fim de atrair mais vendilhões. Lulla se comporta hoje como o vendilhão-mor que acha que pode comprar todo mundo com o dinheiro público, vender ou negociar o País como quiser. O Brasil já era um templo imundo de corrupção e negociata com dinheiro público, porém agora, mais do que em qualquer época, essa realidade se naturalizou a ponto de o próprio presidente se declarar um Jesus ao avesso desse templo degenerado em que transformaram a república.


A gente aqui não tem lá muito fervor religioso, mas basta ler o Novo Testamento para notar que  ali   Jesus aparece como um sujeito de bons sentimentos, desapegado de dinheiro e bens materiais e que Judas desponta como um traidor ambicioso, chegado a negócios espúrios,  para quem o dinheiro valia mais do que a vida humana. Nesse caso, Lulla e sua turma está mais para Judas do que para Jesus.  Com essa infeliz comparação religiosa, Lulla acabou nos dando uma ideia: na próxima Semana Santa, a gente dá uma surra lascada nelle e depois o prega numa cruz ou a gente o queima em praça pública? Há braços!

29 outubro 2009

O HOMEM SE CONSTROI COTIDIANAMENTE


Às vezes, temos a impressão de que as coisas (incluindo a gente) são significantes vazios ,bombardeados por feixes de desejos, envelopados em imagens e sinais  intermitentes. Ai, ai... Isso parece coisa lacaniana! Mas o fato é que o mundo está cheio de signos, está derramado de ícones, índices, símbolos ou coisas que o valham. A escultura da foto ao lado, de um homem esculpindo a si mesmo, por exemplo, nos parece  um signo complexo, que aglutina formas icônicas, simbólicas e indiciais. Nela, as formas icônicas são também índices e símbolos de uma maneira de ver o homem e a vida. A imagem corresponde exatamente àquela máxima do existencialismo sartriano: "O homem é aquilo que decidiu ser". Mas a semiose nos leva mais longe, quando estamos diante dessa obra de arte interessante.

Mirando demoradamente a estátua, não há como não pensar sobre a nossa própria vida: em como vamos, ao longo dos anos, nos talhando com os escopros da convivência, com o buril dos erros e acertos; em como vamos traçando caminhos entre os altos e baixos do dia a dia, dando forma a um modo de ser e de agir singulares; em como somos indefinidamente inacabados e passíveis sempre de melhora. Essa interessante escultura está na Praça Universitária de Goiânia, quase em frente a Casa de Estudantes Universitários. A praça é uma galeria a céu aberto de uma riqueza comovente. Há braços!

24 outubro 2009

PALHACINHO PENSADOR



Uma imagem diz muitas coisas. Esse palhacinho reflexivo, com pernas de pau improvisadas, fotografado por Ada, na frente do Grêmio Voz do Povo, no dia das crianças em Uibaí é uma coisa  linda, de um lirismo singelo. Esse é o caso de uma clicada feliz que eterniza muitos sentidos. Será  em que  pensava? Algo o aborrecia? Certamente há muito no que se pensar em Uibaí e há também aborrecimentos indisfarçáveis, como o péssimo tratamento dado aos professores, à cultura e o desrespeito à infância. A propósito, seria a qualidade da educação que o personagem da foto recebe hoje suficiente para  garantir-lhe uma vida digna no futuro?
O martelo na mão do nosso pequeno pensador lembra a imagem que Nietzsche utilizou para qualificar sua filosofia: "filosofia a golpes de martelo". Eis aí o ideal de homem do amanhã, com o desprendimento dos palhaços e a pureza das crianças. Com disposição para refletir e braço forte a sustentar o martelo que demoli preconceitos, raízes podres, tabus e práticas imbecis. Sobreviverão esses traços à fúria gananciosa do poder canabrabeiro?
O fundo verde amarelo da foto evoca coisas do amor à terra, coisas do Brasil e as pernas de pau, amarradas desajeitadamente, com os sapatinhos furados, não nos remetem ao genial Charles Chaplin? Há algo de Carlitos nesse personagem. Um  clown à maneira de Chaplin, que une inocência com reflexão enviesadas  por uma ponta de melancolia. Bela imagem, Ada, parabéns! Há braços!

20 outubro 2009

CONCURSO EM UIBAÍ


A prefeitura de Uibaí abriu concurso para preencher alguns cargos. O concurso tem inscrições abertas até o dia 06 de novembro de 2009. São cargos para limpeza, serviços gerais, pedreiros, professores e médicos entre outros. A instituição responsável pelo processo de seleção é um tal instituto "Êxito, cursos e concursos", com sede em Irecê, aliás, a sede, pelo que consta é um escritório de advocacia.

Mas o curioso é comparar as remunerações para os respectivos cargos. Uibaí, o município destaque em educação, oferece salário de 465 reais para os professores e 4.000 reais para médicos. O salário pago para os médicos que se candidatarem às vagas oferecidas é uma desgraça. Médicos cuidam de vidas e podem muito bem colocá-las em risco , a depender das condições de trabalho. Assim, os médicos mereciam pelo menos a dignidade mínima  do piso pago nas capitais. Ocorre que professores também cuidam de vidas e são capazes de destruir cabeças de crianças inocentes de modo irreversível. Mas o que ganham os professores, cujo concurso exige curso superior? O mesmo que os seriços gerais, cargo com exigência de escolaridade básica. A responsabilidade dos professores é igual ou maior que a dos médicos, lidam com a vida em situações delicadas, mas merecem dos "salvadores e reconstrutores de Uibaí" a miséria, a desonra, a merda de salário, a humilhação chamada salário mínimo. Humilhante para qualquer ser humano, para qualquer trabalhador, seja dos serviços gerais ou não, escolarizado ou não; veja lá para quem tem a responsabilidade que  o professor leva nas costas.

Uibaí se destaca na educação, mas isso jamais foi mérito do poder, até porque educação nunca foi prioridade nem no passado nem agora. Uibaí é forte em educação porque seu povo é duro, com sangue no olho. Porque  seu povo luta com livros e conhecimento com o afinco com que labuta na roça. Sisudo, concentrado, determinado. Por isso colhe diplomas e títulos como colhe milho e feijão a cada fim de safra. Quem acredita que vão salvar e reconstruir a  Canabrava pagando 465 reais aos professores? Se a atual administração  fosse tradicional, conservadora e nunca tivesse feito discurso de "salvação e reconstrução" de Uibaí, cumpriria pelo menos a Lei nº 11.738, de 16 de julho de 2008, que estabeleceu o piso salarial unificado de 950 reais para professor. É lei, é obrigatório desde janeiro de 2009. Há braços!

COMENTÁRIO ESPECIAL
Quarta-feira, 21 de Outubro de 2009, 11:29 


Prezado Alan,
 
Gostei do texto e me lembrei automaticamente de um pronunciamento do LULA, quando ele confessou que sofreu  um choque, no exato momento em que deixou de ser pedra para ser vidraça. Concordo contigo e agora que estou acompanhando mais de perto uma administração,  me vejo abismado com as dificuldades, com as aves de rapina que tentam sugar de todas as formas. Fiquei muito triste com alguns companheiros que eu imaginava como pessoas sérias e que na primeira oportunidade sugeriram manobras, no mínimo indecorosas. Como é dificil administrar uma sociedade carente de quase tudo e acostumada a receber esmolas de tudo que é tipo. Não gostaria de ser prefeito, pois com esse tipo de campanha, mesmo antes da posse, existem os agiotas de plantão que já transitam nos gabinetes. São fatos, obstáculos de todos os tipos, um preço alto para continuar sério. Gostaria de lançar, um dia, a candidatura do companheiro Edimário, porém acho que seria um grande sacríficio para ele. É um posto que só se deseja para um inimigo, tamanho o sufoco se o cara quiser continuar firme, com honestidade. Para um meliante, no entanto, é um prato cheio, são todas as facilidades posíveis. Coisas de uma democracia viciada, herança de uma república manca, que nasceu das entranhas de um golpe de estado, uma república que nasceu sem público.
 
Grande abraço, sou seu fã.
Enoch Carneiro. 

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Caro Enoch, 
Em primeiro lugar gostaria de agradecer pela atenção e por dedicar um pequeno hiato do seu precioso tempo a comentar o conteúdo deste caderno.
Você tem toda razão, as demandas de uma administração exigem bastante clareza do que deve ser priorizado. Caso contrário, até pessoas de boa intenção se perdem no jogo baixo estabelecido pelas hienas de plantão. Administrar um município cheio de vícios, como o nosso, é coisa para leão. Só leão consegue viver entre hienas sem deixar de ser leão ou se sucumbir nos vícios baixos dos bandos. Quem se sucumbiu possivelmente apenas se despiu de um disfarce. Não gostaria de ver nenhum amigo ser jogado num covil de hienas sem antes ser avisado ou fortalecido. Nem em  desenho animado hienas e leões podem reinar juntos. Os interesses são incompatíveis. Amigos não merecem presentes de grego.  Há braços! alan


15 outubro 2009

PEGANDO POR DESVIOS


De modo geral, nas relações entre linguagem, sentido e realidade até que ponto nos perdemos nos corredores da linguagem e nos becos dos sentidos? Os corredores não raro se implodem diante de muros concretos, os becos se diluem quando não dão em um alçapão semiótico.
O sentido e a linguagem se estilhaçam como um espelho diante da realidade e o universo se multiplica infinitamente nos cacos.alan machado


14 outubro 2009

A RODOVIA TRANSCANABRABEIRA

O atual prefeito de Uibaí anda se debatendo para não repetir os anteriores, mas o atavismo político canabrabeiro tem falado mais alto. Prometeu asfaltamento da Rua do Cascalho estendendo a pavimentação até Ibititá, mas não rapou nada do galeguim dos-zói-azul que governa o estado. Restou a ele repetir a mesma ação que parece eterna no Cascalho: meter tubatinga na rua pro povo comer o poeirão. O Cascalho votou em peso em Pedrinho e de cara já ganhou mais do mesmo: pó na cara!

Como não deu certo o asfaltamento do Pé-de-Galinha, coisa que poderia ser resolvida com paralelepípedos, pelo menos no perímetro urbano, o prefeito embrenhou na serra com uma comitiva para demarcar uma possível estrada que ligue Uibaí a Mirorós. A ideia até que é boa, principalmente para Mirorós que sofre com o isolamento. Mas não pode ser uma coisa assim doidivanas, tocada aos sopapos como jegue brabo. O estrago na serra do Peixe pode ser absurdo e os resultados socioeconômicos ínfimos. Fazer o caminho inverso de Venceslau pode resultar em mais um fracasso retumbante dos salvadores e reconstrutores de Uibaí. Já tem gente chamando a suposta estrada de a transamazônica uibaiense, a transerrana, a transcanabrabeira. Há braços!

11 outubro 2009

AS LARANJAS IMPERIALISTAS DO MST

O MST destruiu parte da fazenda da Cutrale. Todo mundo viu na TV a cena do trator esmagando sete mil laranjeiras carregadas e viu também os maquinários despedaçados. A ação foi puramente ideológica. A fazenda era produtiva, não resta dúvidas. O pano de fundo ideológico é aquele anti-americanismo roto: a Cutrale é uma gigante do ramo do suco e seu mercado maior os EUA. Destruir a Cutrale é, na cabeça de idiotas como Stedile, atingir o império americano. O sonho dos órfãos do comunismo totalitário é ver a América do Norte de joelhos. Por essa ótica, as coisas se ligam. Não seria o Nobel de Obama uma forma de amarrar as mãos dos Estados Unidos diante do surto de totalitarismo que o mundo começa a viver, dessa vez a partir da América do Sul ? Ao MST e ao Governo de Lulla parace que interessa mais produzir Os laranjas do que as laranjas. Há braços!

10 outubro 2009

DO PRÊMIO NOBEL AO OSCAR

Obama ganhou o Nobel da Paz. Até que a pomba da paz combina com aquele jeito de estátua que ele ostenta, com olhar invariavelmente perdido no horizonte e queixo fixamente erguido. Pombas gostam de estátuas. Nunca se viu bajulação mais escancarada na história do Nobel. Como um cara com o currículo inexpressivo de Obama fatura o Nobel da Paz? Além de não ter nenhum serviço relevante prestado à paz mundial, o presidente americano carrega a responsabilidade de duas guerras nas costas. É uma piada! O novo Prêmio Nobel da Paz é o gerente maior das guerras do Iraque e do Afeganistão. Pela façanha de levar o Nobel da Paz, Obama deveria levar o Prêmio Nobel de Marketing de lambuja(se existisse). A mais visível ação pela paz que ele realizou foi matar uma mosca que o importunava. E deu ao feito aquela tacada de marketing característica, recorrente desde que surgiu no cenário político mundial. Que Obama é mais marqueteiro do que presidente já dá para perceber, que ele vende mais imagem do que ação, parece que ninguém duvida mais. Mas dá para notar também que tanto as justificativas da imprensa mundial que o glorifica, quanto as da academia que distribui o Nobel, de que Obama mereceu o prêmio pelo que ainda vai fazer não convencem nem ao mais simplório criador de galinhas. A sabedoria popular nos ensina que não se deve contar com o ovo no cu da galinha. Com o andar da carruagem, não nos surpreenderemos se derem ao rei do marketing também um Oscar em Hollywood. Há braços!

02 outubro 2009

NOSSO TEMPO

Composição: Carlos Drummond de Andrade

I

Esse é tempo de partido,
tempo de homens partidos.

Em vão percorremos volumes,
viajamos e nos colorimos.
A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua.
Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.
As leis não bastam. Os lírios não nascem
da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se
na pedra.

Visito os fatos, não te encontro.
Onde te ocultas, precária síntese,
penhor de meu sono, luz
dormindo acesa na varanda?
Miúdas certezas de empréstimos, nenhum beijo
sobe ao ombro para contar-me
a cidade dos homens completos.

Calo-me, espero, decifro.
As coisas talvez melhorem.
São tão fortes as coisas!
Mas eu não sou as coisas e me revolto.
Tenho palavras em mim buscando canal,
são roucas e duras,
irritadas, enérgicas,
comprimidas há tanto tempo,
perderam o sentido, apenas querem explodir.

(...)

AQUECIMENTO GLOBAL OU POLÍTICO?

Aquecimento Global? Há controvérsias. Somos profundamente ligadoS à natureza, às coisas de Geia. Defendemos sempre as causas que promovem o equilíbrio e a preservação ambiental. Mas o aquecimento global, como vem sendo posto, nos parece bem mais coisa de publicidade, se aproxima mais do marketing político do que de coisa séria. A terra tem seus ciclos geológicos. Tem períodos mais árticos e períodos mais quentes. É como um organismo vivo cujo metabolismo vai sofrendo efeitos de alterações hormonais em períodos alternados ou adaptações fisiológicas ao espaço em que se encontra. A terra não está doente. Talvez nós estejamos mais doentes do que ela. HÁ BRAÇOS!