18 dezembro 2008
CENAS
Olhar de esguelha
Na cerca, aberta em flor,
Uma pinha cheia de abelhas.
alan oliveira machado
17 dezembro 2008
ARTE DE RESÍDUOS PLÁSTICOS
Arte sustentável feita de tampinhas pet, recolhidas em restaurantes, bares e nas ruas. Uma boa alternativa para transformar lixo em arte.
16 dezembro 2008
MENINO BUCHUDO
No carreiro ou na estrada da fonte
o olhar perdido no mato
Já não alcança o horizonte.
No Banheirão
Ou atrás do Morro Branco
Menino danado
Não pode ouvir um canto.
Perigoso, o badogue
Ele estica o quanto pode
Solta a bola de barro,
O pássaro é quem se fode.
Cheia, balança a capanga
O infante
O peneiro na estrada
O suor pela fronte.
O prazer da jornada
Não é como antes
Arapuca quebrada
Já era o seveiro
Não tem mais passarinho
Gaiola sem puleiro
O visgo esgotou
Nas cicatrizes do gameleiro.
O tempo fechou
Um ciclo inteiro
Não tem mais pataca
Fruto de juazeiro
Morreu jatobá
Murici com seu cheiro
Adeus guabiraba
Imbu, ingazeiro
Mangaba de luto
Puçá verdadeiro
Araçá já sumiu
Do Riacho do Meio
Cadê bananinha
Sem chuva não veio
Meu deus como pode
Um tempo bonito
Perder seu esteio.
(Cosme Bafão, pirado e perdido em memórias da infância)
12 dezembro 2008
BOCA DO INFERNO 39, nov./dez 2008
A sala de aula não é espaço de doutrinação, não é laboratório sociológico para a formação de militantes em favor de uma ou outra ideologia. A sala de aula, a escola é lugar de convivência com os saberes que constroem as bases sólidas para a sobrevivência na sociedade; é, portanto, o espaço privilegiado da contradição e da pluralidade. O mundo é plural, os desafios da humanidade são múltiplos. Assim, o educando só é capaz de se construir criticamente, solidamente, quando tem acesso aos códigos básicos indispensáveis ao entendimento da existência. De acordo com Sartre, “o homem é responsável pelo que é. Desse modo o primeiro passo (...) é por todo homem na posse do que ele é, submetê-lo à responsabilidade total de sua existência”. Eis, a meu ver, a missão dos Professores, a verdadeira missão dos educadores... Sua importância e responsabilidade na construção de um mundo com a mais verdadeira feição humana.
SINDICATO DE LADRÕES
11 dezembro 2008
QUIXABEIRA EM MOVIMENTO
O Povoado de Quixabeira por muito tempo passou uma imagem negativa. As pessoas se sucumbiam ao estigma de que dali não vinha nada que prestasse. Mas esquecendo esse passado, busquemos pensar o presente que é bem melhor. Com o passar do tempo, aquele povo mostrou-se diferente. O ingresso de várias pessoas na universidade pública foi um grande passo. Outro passo desenhado pelos quixabeirenses foi a busca por uma nova atitude, um novo pensamento.
Caminhando nessa direção nasceu o Gpec (grupo política, ecologia e cultura) para contribuir com o crescimento do nosso lugar. Ele é muito importante, pois tem uma visão diferente dos outros grupos nascidos em solo uibaiense. Além de ter em vista a cultura, visa também à ecologia e ao engajamento político, garantindo o possível confronto com os desmandos do poder estabelecido.
(baltazar lopes cavalcante, para o boca do inferno)
08 dezembro 2008
MANIA DE DESTRUIR ÁRVORES
Com os municípios em ruínas, não havendo muito que destruir, virou moda na região os prefeitos dizimarem as árvores das ruas e avenidas. Todo início de mandato é a mesma coisa: um caminhão da prefeitura repleto de peões famigerados avança de rua a rua mutilando árvores e arrancando-as pela raiz. Depois da devastação, os mesmos peões gafanhotos retornam plantando mudas de uma única espécie vegetal, onde outrora havia robustas árvores.
Bom, mas a estupidez do gesto desses “administradores da coisa pública” não se resume apenas à mudança de visual e de clima gerada pela eliminação da cobertura verde das zonas urbanas. Além de a empreitada alterar o clima ambiente, a mania de uniformizar a zona urbana com uma só espécie vegetal provoca um desequilíbrio ecológico que vem sendo sentido há muito tempo na região. Não precisa ter boa memória para enumerar as pragas que proliferaram sem controle nas últimas décadas: os potós, com sua secreção ácida, que aterrorizaram a região; os besouros coleópteros que importunaram o sossego dos lares; a praga de fungos que destruiu muitos milhares de mangueiras etc. Mesmo assim, entra prefeito, sai prefeito, cortam-se as mangubas e plantam-se apenas algarobas; derrubam-se as algarobas e plantam-se somente o fícus...
Para garantir a biodiversidade, o equilíbrio entre espécies, a qualidade do ar e do clima, deve haver em uma zona urbana pelo menos 40 espécies de árvores convivendo no mesmo espaço. A cada espécie vegetal corresponde a presença de um número significativo de aves, insetos, fungos e bactérias. Quanto maior o número de árvores, maior a biodiversidade, maior o equilíbrio ambiental. Dificilmente haverá a proliferação de pragas.
É importante salientar também que nem toda espécie de árvore serve para compor a cobertura vegetal urbana. As espécies devem ser escolhidas mediante estudo e impacto ambiental. A título de exemplo, a mesma engenharia florestal que autorizou a criação de florestas de eucalipto em Brasília, com o fim de melhorar o clima, por lá muito seco, ordenou a extinção de tais florestas ao constatar que o eucalipto tem raízes profundas, extrai muita água do solo e tem baixa transpiração, o que tornou o clima da capital ainda mais seco.
A preservação da arborização urbana, quando ignorada, pode trazer transtornos para toda a população, gerando problemas de saúde que oneram tanto o cidadão quanto o município. Na verdade, os administradores, no lugar de em todo início de mandato se preocupar em vestir um novo uniforme verde no município, deveriam sim cuidar da saúde das espécies existentes e já adaptadas à zona urbana e executar um planejamento para o plantio de novas espécies, evitando com isso o desequilíbrio ecológico e todas as suas conseqüências. Quanto à população, acreditamos que sua participação cidadã seria de imenso valor na fiscalização das ações das prefeituras e no controle das espécies plantadas. Sabe-se ainda, pela experiência, que muitos problemas ecológicos ultrapassam o perímetro urbano. A solução desses problemas passará necessariamente pela preservação de matas, rios, riachos e espécies animais. Pensando assim, como diz um amigo ecologista aqui do cerrado, a consciência ecológica começa dentro do nosso quintal, então, vamos cuidar pelo menos dos grandes quintais que são os nossos municípios para, consequentemente, melhorar o quintal de todos que é o mundo.
Alan Oliveira Machado (março de 2000)
02 dezembro 2008
É PEDRO, É PEDRA, É ROCHA, É O FIM DO CAMINHO...
foto ilustrativa
A gente poderia até cogitar que ele não sabe de onde estão sendo extraídas as pedras, já que o programa de governo do futuro prefeito (em texto) propõe a recuperação de áreas ecologicamente destruídas e seria pouco coerente defender uma coisa e praticar o contrário num município tão pequeno em que todo mundo sabe quem entra e quem sai, pra onde vem e pra onde vai... Não, ele não deve estar fazendo isso não, seria estúpido demais, pequeno demais... O novo prefeito não se prestaria a um papel desses.
Já pensaram o contra-senso da situação? Enquanto a Codevasf gasta mais de um milhão de reais para recuperar o boqueirão do Riacho Canabrava, o novo prefeito promove a destruição do boqueirão da Fonte Grande. Não, minha gente, isso não está acontecendo, ninguém seria burro a tal ponto, muito menos o prefeito que vai libertar e reconstruir Uibaí.
HÁ BRAÇOS!