16 dezembro 2008

MENINO BUCHUDO

Menino buchudo,
No carreiro ou na estrada da fonte
o olhar perdido no mato
Já não alcança o horizonte.

No Banheirão
Ou atrás do Morro Branco
Menino danado
Não pode ouvir um canto.

Perigoso, o badogue
Ele estica o quanto pode
Solta a bola de barro,
O pássaro é quem se fode.

Cheia, balança a capanga
O infante
O peneiro na estrada
O suor pela fronte.
O prazer da jornada
Não é como antes

Arapuca quebrada
Já era o seveiro
Não tem mais passarinho
Gaiola sem puleiro
O visgo esgotou
Nas cicatrizes do gameleiro.
O tempo fechou
Um ciclo inteiro

Não tem mais pataca
Fruto de juazeiro
Morreu jatobá
Murici com seu cheiro
Adeus guabiraba
Imbu, ingazeiro
Mangaba de luto
Puçá verdadeiro
Araçá já sumiu
Do Riacho do Meio
Cadê bananinha
Sem chuva não veio
Meu deus como pode
Um tempo bonito
Perder seu esteio.


(Cosme Bafão, pirado e perdido em memórias da infância)

Um comentário:

Anônimo disse...

Endoideceu nas boas lembranças de sua infancia. bom De mais.