24 junho 2010

NOVO FOCO

Caros leitores, em breve este blog passará por mudanças. Entre elas estará a mudança de foco, o redirecionamento de prioridades. De uma coisa sabemos, Uibaí não estará mais no eixo da discussão. Não há mais o que fazer por ali. Além do mais, contrariando Fernando Pessoa, o rio da minha terra não é o melhor rio apenas por ser o rio da minha terra. O horizonte é amplo. Venham conosco e andaremos por   outras searas. Vamos dar novos voos críticos. Nossos depreciadores, que estranhamente também são copiadores e deturpadores do que dizemos aqui, vão ficar meio órfãos (Freud explica!kkkkk). Já viciados em passar por esse blog todos os dias, mais vezes até do que os simpatizantes, vão sofrer da sindrome de abstinência. Vão espernear por falta de assunto. Por falta do que dizer, do que comentar. No fundo estamos fazendo um bem a eles. Agindo assim, acreditamos que os estaremos mandando ir em busca da sua identidade, estaremos retirando as muletas nas quais eles se escoram para claudicar em termos de pensamento e idioma aqui acolá. Vamos ver se eles aprendem a andar com as próprias pernas. Não foi o que aconteceu com o uibaionline. Quando nos retiramos, eles afundaram na incapacidade de pensar por si próprios. Afogaram no silêncio do despreparo para o debate. Alguns aprenderam a macaquear um ou outro tique ou bossa nosso, mas como em toda aprendizagem desprovida de reflexão, caíram no mecanicismo rudimentar. Pois bem, leitores simpatizantes, a vocês sempre nossos agradecimentos e nos desculpem, embora já saibam que o recado ai acima é para os viciados leitores das sombras. Há braços!

22 junho 2010

SOBRE A FINALIDADE DO IMPOSTO SINDICAL

Paulinho trambiqueiro da Força Sindical, aquele da propina, que mobilizou a CUT e demais centrais para manifestar em frente ao congresso, com o fim de pressionar deputados a votarem contra sua cassação por corupção, comprovadíssima, mostra porque é protegido de Lulla e Dilmona. Agora, este mês, ele organizou com o dinheiro do imposto sindical (aquele dia de trabalho roubado mensalmente de cada trabalhador) uma grande mobilização da Conclat para fazer campanha pela continuidade do PT no poder. A finalidade desse encontro não era elaborar a posição dos trabalhadores do país para o próximo governo, como eles diziam, mas  ratificar o apoio à candidatura de Dilma. O lema do encontro, nos discursos desses representantes de si mesmos bancados com a grana dos trabalhadores brasileiros era a continuidade do governo Lulla por meio da eleição de seu avatar Dilma Rouseff Stalin. Que se saiba, quando foi aprovado o roubo descarado do imposto sindical, a conversa é que os fundos constituídos por esse imposto seriam para a qualificação de trabalhadores, treinamento e profissionalização etc , mas o que se vê é a dura realidade de sempre: a fortuna escorrendo pelos ralos dos sindicatos e centrais para alimentar a politicagem e o enriquecimento ilícito da turma que monopoliza o território sindical no país. Ladrões!Ladrões!Ladrões! Há braços!

21 junho 2010

O DESENCANTO DE ARAQUE

Há algo muito interessante no comportamento de certos esquerdistas uibaienses. Primeiro eles fazem uma briga encarniçada para eleger o mocosão e sua turma, depois boa parte deles rompe encenando um desencanto de dar dó. Coisa que não convence nem a mais ingênua alma, uma vez que em 2004 já era explicitamente visível a prática e o sinal de como ia ser a gestão dos "salvadores e reconstrutores" da Canabrava. Seria mesmo o que é: uma gestão voltada para o umbigo, centralizada em uma panelinha, sem os compromissos éticos que "norteavam" os sonhos dos desencantados de araque. Sendo assim,  os supostos desiludidos, se estivessem sendo sinceros, teriam detonado o núcleo duro dos mocós já em 2004, como fizemos abertamente e fomos satanizados pelos mocosinhos desiludidos que hoje lamentam  o modus operandi da  administração local. Uns posam egocentricamente como John Lenon dizendo: O sonho acabou. Outros conseguem regredir à idade da pedra da esquerda, fazendo coro com facções nanicas cujas práticas redundaram nas piores memórias modernas  da humanidade. Pior é que a Canabrava está contaminada até a alma por essa vigarice ideológica que só tem  servido de trampolim para uns e outros fazerem a vida no serviço público, enquanto a comunidade afoga na mesmice de sempre. O mais do mesmo, como dissemos acertademente que seria, dessa vez vem com uma cola mais fresca e mais agressiva. Para arrancar essa gente do poder não vai ser fácil. A não ser que estejamos supervalorizando a capacidade deles de grudar no poder sem  destroçarem a si mesmos. Há braços!

19 junho 2010

A VIDA NA AREIA

Quando cheguei à Canabrava, em 1980, fui morar na rua São Geraldo, uma rua arenosa e desasistida, onde vi os primeiros personagens nordestinos com os quais cruzaria cotidianamente. Entre esses personagens havia quatro bem marcantes: o mais próximo era um senhor de nome Joaquim Branco cujo modo de falar manso, alongando as vogais despertava  atenção. Seu Joaquim era um senhor humilde, um camponês que conseguiria um pouco depois colocar pelo menos dois filhos na Universidade Federal: um rapaz e uma moça. Naquela ponta de rua isso significava mais que  uma grande vitória. Outros dois personagens moravam  um pouco abaixo. A esquina à direita de nossa casa era habitada por um casal que vivia em uma taperinha de taipa e telhado de palha. O homem atendia pela alcunha de Maroto e a esposa chamava-se Zefinha. Ambos formavam um harmonioso casal idoso. Todas as manhãs, a parelha solitária de velhos negros saia tocando um jegue rumo à serra. O homem à frente puxando o animal e a esposa atrás com uma vara  de malva na mão tirando a manha do jegue aqui acolá.
A esquina esquerda da rua dava no barreirão, ao lado do cemitério velho. O barreiro era nada mais que um imenso e fundo buraco aberto pela extração de barro para fazer tijolos. Passeando ali pela beirada, ao longe eu avistava saindo de casa o quarto personagem, o mais intrigante: uma senhora velha que também morava em um casebre de enchimento com cobertura de palha. Era uma mulher franzina que vestia calças masculinas e enrolava um pano encardido na cabeça parecendo às vezes um turbante. No início das tardes de segunda-feira invariavelmente eu a encontrava na praça da feira catando grãos crus de feijão perdidos pela areia do vão onde se estabeleciam os vendedores desse alimento tão apreciado pelos sertanejos. Era o retrato da pobreza aquela sertaneja esquálida  acocorada ao relento com as mãos revirando a areia suja da feira, perscrutando cada revirada em busca de minguados feijões que caíram das sacas no fervilhar da manhã de feira e que se perderam no areal da praça. Mas parece que essa era a forma como essa nordestina vencia a fome. Coisa triste de se ver. Dura como aroeira, nunca a vi pedindo esmolas, embora fosse uma possibilidade. Por muito tempo  presenciei essa senhora da qual nem me lembro o nome ciscando pela praça a realizar seu ritual das segundas-feiras. Quando ela morreu eu há muito já havia me despedido da rua São Geraldo, mas corri ao encontro de notícias no que uma negra gorda  que costumava subir a rua equilibrando uma trouxa,  com destino à Fonte Grande, me informara que a encontraram morta dentro do rancho e o que mais causou surpresa nos primeiros curiosos a chegar não foi a serenidade estampada no rosto magro da falecida, mas o tanto de latas velhas enferrujadas de todo tamanho e qualidade formando uma pilha que tomava todos os cômodos da casa, chegando a atingir o teto. Há braços!

18 junho 2010

MORRE O NOBEL SARAMAGO

Morreu hoje o escritor Português José Saramago. O único escritor de língua portuguesa a faturar o nobel de Literatura. Guardadas as proporções, Saramago era um grande representante da arte. Tinha pleno domínio da prosa e um direcionamento claro da sua criação literária. Particularmente, gosto de alguns estilemas de Saramago, mas confesso ser chata a interferência ideológica que imbute, às vezes de modo grosseiro, em algumas de suas obras. Tirando isso, a perda de um escritor é sempre lamentável. Sempre deixa mais pobre a Literatura. Há braços!

17 junho 2010

BOCA DO INFERNO-56: O AVATAR DE LULLA

Dilmona está na Europa. Foi tirada de circulação devido às besteiras que solta uma atrás da outra, dando munição aos adversários. Assim não dá, pensa o núcleo duro petista. No último comício em que participou, o núcleo duro obrigou Dilma a ler o discurso, para evitar as bobagens improvisadas. Dilma não tem a tarimba nem o carisma de Lulla para falar bobagens de improviso sem produzir revolta no eleitorado. Aliás, para não perder o costume, Lulla disse uma bobagem impressionante nesse último comício temático, organizado para as mulheres: que ele estará concorrendo às eleições, só que com nome diferente. No vazio do nome dele colocarão o nome Dilma. Ou seja, Dilma não significa nada, não é nada! Se ela tem alguma existência, não passa da de um avatar de Lulla.Num comício para mulheres, Lulla deu um excelente exemplo da importância das mulheres para o lullismo. Então foi isso, depois que vieram à tona os trambiques do PT montando central de espionagem para produzir dossiês contra adversários, Dilma começou a virar um problema para os objetivos do partido. ACM que gostava da coisa, se sentiria um amador perto do aparato profissional da indústria de dossiês do PT. Muito embora o profissionalismo petista se sucumba sempre à vaidade dos capas que disputam espaço incansavelmente dentro do território de poder petista. Uns sabotando os outros para ocupar postos melhores dentro da máquina. Mas, afinal, Dilma está longe do furacão de trambiques arquitetado por ela e pela turma de Lulla. Estão tentando aliviar o eleitorado do vendaval de cinismo e bobagens  que ocorre quando Dilma abre a boca. A ideia é essa: deixar a poeira baixar! HÁ BRAÇOS!

16 junho 2010

SAIU O EDITAL DO CONCURSO, UFA!

Saiu o edital da nova tentativa de realização do concurso para cargos na prefeitura de Uibaí. Uma coisa a gente pode dizer: antes tarde do que nunca! Uibaí precisa do concurso! É uma questão até mesmo de mudança no modus operandi das pessoas que ocupam o poder. O modo de fazer uso do poder dentro das repartições públicas municipais vai ter que sofrer ajustes. Não vai mudar muito aquela coisa da subserviência, mas certamente vai ficar menos escandalosa. Uma coisa a gente pode dizer do edital com conhecimento de causa: o conteúdo exigido para candidatos a professor de Língua Portuguesa é uma porcaria, coisa de amadores, de desqualificados. Aliás, o reflexo disso está na redação horrorosa do edital. Há braços!

15 junho 2010

PROFESSORES UIBAIENSES EM GREVE SÃO AMEAÇADOS!

Não vamos dizer o óbvio aqui, que professor de Uibaí ganha uma merreca, até porque já o fizemos em outras ocasiões e de lá para cá nada mudou. O prefeito se recusa a simplesmente seguir a lei, a pagar o piso de 900 reais a esses trabalhadores da educação. É a velha história nojenta de sempre: educação incomoda, é a pior coisa para se bancar. É melhor dar esmolas, servir um sopão e manter esse povo no reio. Professor tem que ser miserável, andrajoso e sem nenhuma possibilidade que é para não ensinar bem, vai que o povo pega gosto pelo estudo aí já viu... A desgraça está feita.
Os professores de Uibaí estão em paralisação. Buscam um salário digno ou pelo menos que o "salvador e reconstrutor" de Uibaí cumpra a lei federal e pague o piso. Nem adianta dizer que a prefeitura não tem condições. O prefeito de Presidente Dutra que não prometeu "salvar e reconstruir" Presidente Dutra já paga piso de 900 reais aos seus professores e não reclama de falta de dinheiro. A gente se lembra muito bem que essa mocosada que está no poder enchia a boca para dizer que ia FAZER A DIFERENÇA. A diferença que eles estão fazendo já dá para notar se a gente comparar o contracheque de um professor uibaiense com o de um de presidente Dutra: em torno 400 reais é a diferença. O trabalhador da educação em Uibaí ganha 400 a menos, isso é uma grande diferença. Como se não bastasse o soldo humilhante, nossos professores estão sendo ameaçados de corte de ponto pela Secretaria de "Educação" caso continuem paralisados! 
Deixamos aqui nossa solidariedade e todo apoio aos professores uibaienses! Há braços!

14 junho 2010

O CONTRA-SENSO


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Recebemos mais esta foto aqui do Grêmio Voz do Povo apinhado de jovens. A gente já sabe que foto não é tudo, mas é inegável que o Grêmio mantém essa resposta positiva da comunidade uibaiense desde a sua inauguração em 2004. E esse nicho de resistência cultural precisa da atenção pública. É inconcebível um município ter uma estrutura desse porte, com esse nível de participação da comunidade e a prefeitura simplesmente fazer vista grossa. Ignorar solenemente. O isolamento que o poder público procura impor ao Grêmio, simplesmente por ainda não ser uma extensão do grupo que está no poder, é o maior sintoma da burrice política. Não é coisa de quem tem visão social e política é coisa de trogloditas. O prefeito deveria chamar a turma dele na bronca. Exigir um plano de metas que acolha essas iniciativas não governamentais que, de uma forma ou de outra, contribuem para amenizar gastos públicos com problemas sociais e educacionais. Nem que para isso pusesse uma equipe de profissionais qualificados para medir os resultados sociais dessas iniciativas. O simples descaso é deplorável é acenar para o atraso. Na atual conjuntura, é difícil acreditar que um gestor público tenha esse tipo de miopia. Isso é coisa de gente sem tino para conviver com diferenças, portanto, inadequada para gerir o patrimônio público, que é de todo mundo: bonitos ou feios, esquerda ou direita, homens, mulheres ou algo que o valha, bonzinhos ou mauzinhos e tutti quanti. Em princípio, a gente pensa que o prefeito pode fazer a coisa andar de forma diferente. Há braços!

13 junho 2010

A PRINCIPAL FUNÇÃO DA TRANSCANABRABEIRA


Segundo um véi lá da Toca do Buquerão dus impussivi, ronda os corredores da Mocolândia que o general dos mocós retomou seu grande projeto: a rodovia transcanabrabeira. Aquela estrada monumental que ligaria Mocolândia ao outro lado da serra. Dizem uns véi da fronteira do Brasil com o Bosta de Jegue,  despeitados e invejosos, que querem ver só a destruição da Mocolândia, que o alcaide espertinho está usando gratuitamente a mão de obra dos donos de roça na serra. Adivinhem por quê? Nem vou responder, aí já é demais. Aí já é ser língua do cão, já é ter o coração de pedra. Tá bom vou dizer o que esse povinho ruim, esses véi desgraçados, distruidores de mitos estão sabendo: porque o alcaide comprou o Brejo Novo a Renatinho. (e quem vendeu o tal brejo para Renatinho? Só Deus sabe ou então uma véa lá da Veredinha) O Brejo novo é um lugar isolado, longe pra burro, de água maravilhosa e tem uma casa imensa, com banheiros, forrada, suíte, área em volta da casa toda, piscina etc... A estrada facilitaria o acesso a essas terras que ficam depois da Serra dos Bois...Será que o traíra Vicente Veloso passou por ali? Certamente passou, segundo disse uma véa lá do Baixão de Fantino (kkkkk). O fato é que o lugar é um paraíso que o alcaide comprou. Ô povo fofoqueiro esse, já vai jogar areia no empreendimento do mocó de maior patente. Ô povo do cão , invejoso, destruidor, malfazejo. Para completar, diz uma véa lá do Mané Janjão que o mocozão alcaide ainda pensou em encascalhar a estrada que vai para os brejos e só não o fez ainda para não criar animosidade com os Chico Mendes que andam cultivando pé de planta lá por riba. Há braços!



12 junho 2010

COMO FAZER "PESQUISA HISTÓRICA" EM UIBAÍ?

É assim que se faz: segundo os mais véi, de acordo com o que Liobino disse, conforme me disse uma véa lá da Laranjeira, no entender de Faburino, tendo em vista o que falou um véi que eu encontrei na estrada do Mandacaru, no entender de João de Guidu... Isso é pesquisa? Eu, particularmente, sonho  todas as noites em chegar logo aos 80 anos  só para virar autoridade incontestável no quesito "História de Uibaí". Sendo generoso, essa coisa está mais para especulação de curiosos sobre o imaginário canabrabeiro, o folclore, a memória criativa desse povo do pé da Serra Azul. Há quem ache que está mais para inventário de fofoqueiros ou compilação de lorotas urdidas pela cabeça criativa de certos artistas populares.  Mas, trocando em miúdos, pesquisa vai bem além  do ajuntado fantasioso que se ouve ou vê aqui e ali pelos corredores da Canabrava. Há braços!

PREFEITURA TEM DIFICULDADES COM O CONCURSO

Fabio Rosa escreveu um texto preciso no blog Poço de Uibaí, a respeito do novo concurso da prefeitura. O que se nota, pelo teor do que vem explícito na matéria, é que a prefeitura está apanhando como um marinheiro de primeira viagem até hoje no quesito organização legal do processo para escolha de novos funcionários via concurso. Como essa já é a segunda tentativa, é o caso de se confirmar de vez a incompetência administrativa desse povo. A nova empresa contratada já incorre em algumas faltas que podem crescer e atrapalhar a lisura do processo. Leiam lá no blog Poço de Uibaí. Há braços!

10 junho 2010

O LULLISMO ATROPELA O PT, SEM PENA

O núcleo duro do PT, depois de apertar o cinto dentro do próprio partido para impor candidaturas, passou a executar tais imposições à revelia das decisões locais do partido. Sandra Starling, petista tradicional mineira, pediu desfiliação do partido depois que Lulla e Dilma, ignorando as decisões do partido em Minas Gerais, impuseram a candidatura de Hélio Costa como candidatura dos petistas. Sandra divulgou carta ontem em que lamenta o que a cúpula vem fazendo com o partido e chamou Lulla de caudilho.
No Maranhão, Lulla e sua trupe tenta encaixar a fórceps Roseana Sarney como candidata do partido. O deputado petista no Maranhão Domingos Dutra, em franca ruptura, disse em entrevista que "os Sarney têm catinga" e que o PT local não abrirá mão de apoiar a candidatura de Flávio Dino do PCdoB. Em protesto contra o intervencionismo lullista no partido, ele começará uma greve de fome no plenário da Câmara de Deputados. Tá brincando, será que ele não sabe a opinião de Lulla e cia sobre greve de fome? O que Lulla disse mesmo quando o preso político cubano Orlando Tamayo morreu em greve de fome?
Vejam bem, o que a turma de Lulla tem mostrado é a verdadeira face da esquerda no poder. Aquele discurso nostálgico de ética e ideais já era. Os que  defendem isso ainda dentro do PT certamente estão na periferia do partido e são inexpressivos em termos de poder. A natureza ideológica do que se configurou como esquerda no Brasil não leva a outro lugar. É tudo uma questão de estar com o poder nas mãos. Há braços!

09 junho 2010

QUEM FOI VICENTE VELOSO

Já falei de mitos por aqui. É hora de desfazer pelo menos um. Primeiro vou contar a história de Lingala Kembelle. Kembelle era um guerreiro banto que foi capturado na costa da África, em 1793,  pelo traficante de escravos Dom Álvares Fonseca. Trazido para a Bahia, Lingala, ainda no porão do navio português havia se tornado líder de um grupo de 43 indivíduos banto, depois de ter feito o parto de uma princesa do Congo integrante de tal grupo e de ter degolado um feitor que entrara no porão para estuprar algumas crianças que integravam o lote de escravos.  
Após chegarem ao Mercado Modelo, na Cidade da Bahia, no mês de setembro do ano de 1793 de Nosso Senhor, os 43 negros integrantes do grupo de Lingala Kembelle foram vendidos, junto com ele e mais outros que formavam um lote de 61 escravos, ao rico sobrinho de  Belchior Dias Moreira, dono de minas de ouro nas lavras da Vila de Santo Antônio  de  Jacobina. Nas minas, em situação degradante, no ano de 1797, Lingala liderou uma revolta chamada Revolta da Lama Branca. Os negros do seu bando, cobertos da lama branca na qual ficavam atolados o dia inteiro  no interior das minas atacaram os sentinelas e fizeram o feitor-mor de refém. A revolta só não chegou à casa grande do sobrinho de Belchior porque um negro de dentro da cozinha, de nome Yahlew Ngunda, que servia a ração na senzala e nas minas e atendia pelo  nome português de  Vicente Veloso, instigado por um dos sentinelas ligados ao feitor, ao levar a ração aos amotinados enfiou um punhal enferrujado nas costas de Lingala atingindo-lhe mortalmente o coração. Na verdade, o negro Vicente não era ingênuo. Relatos de dentro da própria senzala, após  a revolta ser  debelada com o extermínio  de dezenove africanos do grupo de Lingala, abatidos a tiros de mosquete, confirmam que Vicente Veloso (parece que ele detestava o nome de origem Yahlew Ngunda)  havia negociado com os homens do feitor o assassinato do líder  Lingala Kembelle em troca de um jegue, uma capanga com alguns nacos de carne seca, uma rapadura, uma cabaça de água e um sabre meio desgastado. No trato, o feitor diria ao sobrinho de Belchior que o negro da cozinha havia sido assassinado na revolta dos escravos das minas, para que, por fim, Vicente Veloso caísse fora com sua liberdade conseguida a troco do banho de sangue dos de sua própria etnia. Foi esse Vicente egoísta, traidor e negador da própria raça que embrenhou na caatinga, chegando ao boqueirão da Canabrava, atravessando-o para mais tarde dar notícias daquelas terras de águas frescas a um tal Venceslau Machado,  lá para as bandas do Assuruá. Não há heroismo algum, por parte de Vicente Veloso, no que sobrou nos registros embolorados e fragmentados dos autos de um inquérito feito à época a pedido do sobrinho de Belchior. O que consta é que o dono das minas, além do prejuízo de dezenove escravos novos e sadios (no total 21, contando com o negro fujão e com o líder assassinado), estava desconfiado de que o feitor e o administrador das minas o  estavam roubando e de que toda aquela revolta tinha sido insuflada para facilitar o desvio de uma quantidade razoável de ouro ainda não contabilizado. O dono das minas pretendia esclarecer o ocorrido em  suas posses para poder condenar seu administrador e o feitor,  forçando-lhes a devolver o ouro roubado. Há braços!

07 junho 2010

A ACCU TÁ BEM NA FOTO... E NA FITA?

Recebemos aqui essa fotografia da Accu na qual aparecem umas 150 crianças, supostamente integrantes deste projeto privado que abre um canal de oportunidade para a meninada crescer tendo em vista outra perspectiva além de beber cachaça, entre outras porcarias destrutivas. Pelo menos é isso o que diz a proposta da tal Ação Cidadã pelas Crianças de Uibaí (Accu). Mas há um engano terrível aí:  foto não é fato. Esporte e atividade física não geram cidadania. Aliás, a área esportiva é campeã  em número de desajustados sociais. Mas a iniciativa privada Accu, malgrado as limitações, merece todo respeito da comunidade uibaiense. Até porque é particular.  A gente gostaria de saber mesmo é qual a iniciativa pública correspondente a Accu. Isso mesmo, qual é a Ação Cidadã pelas Crianças de Uibaí executada pela prefeitura? Aliás, é preciso saber também quais são os dados reais do projeto Accu. Fotografia apinhada de criança é a coisa mais fácil de fazer. O que é importante divulgar são os dados sociais desse projeto, por exemplo: quais os reflexos na educação da molecada, na formação do caráter, na autoestima, na economia familiar o projeto está produzindo? Uma coisa é certa: Jarão não tem cacife para fazer essa leitura com o rigor que ela necessita. Nem para imprimir o caráter cidadão prometido pelo projeto. Isso é trabalho para um sociólogo experimentado, ou pelo menos para gente com faro, não para técnico de futebol. Isso é assunto para quem está acostumado a lidar com indicadores sociais, não para quem está acostumado a lidar com tabela de campeonato ou algo que o valha...  Há braços

POR QUE MOCÓ ADORA FOFOCA?

Mocó vive no subterrâneo
nos labirintos da toca
por isso tende a achar 
que toda crítica é fofoca
não sabe nem calcular 
o que faz, no que aposta
falta luz no que ele pensa
lá no sombrio da loca
vivendo sem arejar
o que pensa, do que gosta
acaba tudo virado
misturado a própria bosta
então quando sai do antro
o que diz logo se esgota
resumido à fedentina
da vida que ele adota
(JM da Silva, sem pena dos mocós)

05 junho 2010

PELA JANELA

Abro a janela para contemplar o mundo. Um movimento mesquinho engana o desejo de gente da praça. Duas moças conversam sob uma algaroba. Alguns meninos sobem a ladeira arrastando um cachorro magro. De repente, uma revoada de poeira levanta do jardim árido no vão central. As moças cobrem os rostos e tentam conter os cabelos desgrenhados. Os meninos cessam a subida para alívio do vira-latas insolente. Contemplam o pé-de-vento fazendo uma espiral de folhas secas. Um bêbado desavisado se perde na poeira ao faltar-lhe o equilíbrio necessário na saída do boteco em frente. Tudo muito, muito estranho no meu coração. Um aperto... uma desolação imensa. O frescor de juventude que avisto da janela é tíbio e gris. Nada esmaece a melancolia que engole a cena indiferentemente, como o pequeno redemoinho que se abriu no vão da praça naquele momento. O bêbado desiste de lutar. Para e se abandona ao vento poluído das coisas do chão. O coração em pedaços descansa protegido no fundo da garrafa que leva nas mãos. O rastro de esperanças aos poucos se apaga atrás do vulto bambo. Da janela avisto as coisas se recomporem aos poucos. As moças acenam com um sorriso fresco. Ainda há pouco assemelhavam-se a sombras mortas perdidas no  que parecia  decomposição do ambiente. Os meninos determinados arrastam o cachorro magro. Não há finalidade alguma na perseverança deles. Apenas têm de ser meninos arrastando um vira-latas magro ladeira acima. O bêbado encolhe-se pensativo. Quase fetal, molda-se ao próprio sofrimento depurado pelo álcool. E fica ali abandonado como qualquer um, perdido em suas ilusões, sem saber prestar contas à vida, como se fosse necessário.   Há braços!

02 junho 2010

BOCA DO INFERNO - 55: O SÃO JOÃO DE TÕE BABÃO

O São João de Tõe Babão
é agitado que só
de noite toma cachaça 
e dança muito forró
de manhã varre a calçada 
tira lixo, tira pó
só não tira a ressaca
dos neto do véi lió
ali não tem tempo ruim
 ri mesmo com um dente só
pula, chacoalha, agita
limpa em frente de Gió
os outros faz a chujera
ele limpa sem ter dó.
só não limpa a malandragem
da cambada de mocó.
(JM. da Silva, ainda resistindo)

01 junho 2010

O PRIMEIRO SÃO JOÃO, A GENTE NUNCA ESQUECE


Eu pisei os pés pela primeira vez nas areias da Canabrava em meados de  maio de 1980. Tinha meus 11 anos de idade e fui tocado por duas coisas que me marcaram profundamente. Chegamos à noite a cidade, tudo meio às escuras. Na manhã do dia seguinte, foi um espanto olhar para aquela imensidão de serra, tão alta, bem ali pertinho. Algo emocionante e indescritível para um menino de capital, acostumado a ver florestas mais nos filmes de Tarzan, nas séries americanas Daktari Mundo Animal e nas caçadas de Pedrinho do Sítio do Pica-pau amarelo. Tinha naquele momento um sonho começando a se  realizar! Finalmente  empreenderia minhas aventuras pelas selvas. Meus sonhos de Tarzan e Pedrinho se realizariam. 
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Abandonei todos os apegos citadinos e me enfiei na serra armando arapuca, indo buscar lenha com Reis de Tereza, fazendo piseiro para o Banheirão, Fonte Grande, Fontinha... Era tudo muito mágico: os cheiros, os sons, as cores, a água limpa e fria do riacho... As primeiras impressões são as que ficam, não é o que sempre dizem? 
Não apenas a serra com sua diversidade mexeu com minha história para sempre, mas o que veio no mês seguinte: o São João uibaiense. De repente, a pracinha estava tomada por barracas de palha de coqueiro e por todos os rituais que ocorrem naqueles dias  festivos. "A emenda... Eu vou fazer um engenho... A emenda... De corda de caroá"... Foi a primeira música que ouvi ao chegar na Praça Velha repleta de alegria. Binga na esquina do colégio de Tonico vendendo quebra-queixo, ao lado da barraca da FBU.  Mais à frente, embaixo de uma gigante   algaroba   ( havia duas na praça) um pipoqueiro rodava a manivela enquanto a meninada saboreava o cheiro a espera das pipocas quentinhas. A coisa mais tocante do São João eram aquelas rodas que as crianças faziam dentro das barracas para dançar forró. Aí um menino ou menina ia para o centro da roda e chamava alguém para dançar. Os pares iam-se alternando no centro. E assim seguia a noite de São João para a meninada. Ainda havia certa inocência. Ali começavam os namoricos, bem bobinhos para os padrões de hoje. Aliás, naquela época adultos não assediavam crianças como  fazem na atualidade. A infância ainda tinha um lugar de infância na sociedade. A infância não era tão curta.
 A primeira vez que entrei em uma roda dessas foi na barraca da CEU. Da música jamais me esqueço: "São João chegou/ e com ele o meu amor chegou também/Chegou tão sofrido/de amor perdido/maltratado por alguém"... Foi também a primeira vez que uma menina me chamou para dançar! Uma garotinha de língua presa chamada Aline, confirmei depois. Com o andar da noite ainda vi o negro Tapioca (apelido bem irônico), diante das desistências  de Sirinão e Haroldo, escalando  um pau-de-sebo plantado em frente à padaria de Antonhão, um pouco depois de um evento chamado Pau-de-fitas, organizado por Silvio Velho. Nesse participava um pessoal mais maduro. Eles iam dançando em torno de um mastro, segurando fitas coloridas a ele amarradas. Ao final da dança o mastro estava todo coberto por um trançado de fitas  coloridas muito bonito. No correr da semana de festa, houvera ainda casamento de matutos, quadrilhas e brincadeiras, como corrida de ovo e quebra-pote. Detalhe: ninguém conseguira pegar o desesperado gato com o dinheiro amarrado no rabo.
Essas duas coisas que fortemente experienciei na primeira fase da minha chegada a  Uibaí são as que mais me emocionam quando revolvo a memória. Há uma porção de coisas boas nas fases seguintes: a ida para a escola José de Alencar, como aluno do professor Antônio Maria, a chegada ao Colégio Velho no ano seguinte. As aventuras pelo pomar do colégio, desafiando a vigilância  de Jove. As brincadeiras nos paredões do colégio. A formação da turma de desenhistas de gibis, na qual se destacaram Celito com o gibi do Homem Relógio, Dod com o do Águia, Pita com o do Cabeça de Pedra e eu com o do Furacão. Cada heroi mais destabanado que o outro. Para terem uma ideia, o Homem Relógio de Celito ganhou super poderes depois que um relógio grande caiu na cabeça dele. E por aí vai... mas nada bate a emoção do primeiro contato, das primeiras idas à serra e do primeiro São João! Há braços!