31 maio 2010

A IDEOLOGIA DO CURRAL

Uibaí é definido nos corredores petistas baianos como uma propriedade do grupo que está no poder. Qualquer projeto encaminhado às instâncias do governo do galeguim dos zoi azul portanto redundará em reprovação caso o grupelho de mocós intervenha. Ocorre que o grupelho, a exemplo da turma do galeguim Jaques Wagner, é muito ruim de serviço, não tem nada a apresentar e sequer dá conta do espaço de poder que o partido atribui a ele. Dessa forma tenta o tempo todo cooptar os setores que conseguem produzir alguma coisa na Canabrava. A propósito, quase nada que preste se produz no pé da Serra Azul. Há braços!

30 maio 2010

O VALOR DA MULHER UIBAIENSE

Certo tempo atrás, sugerimos em um texto do nosso caderno que a mulher uibaiense vive na penumbra. Pouco aparece no cenário social, político ou cultural. É certo que isso vem mudando aos poucos. O tradicionalismo boçal entranhado que lança o feminino ao limbo da insignificância paulatinamente vai sofrendo golpes.  Mas vejam como isso é forte na Canabrava: qual rua uibaiense tem nome de alguma mulher da canabrava? Qual escola ou instituição pública, fora a mais ou menos recente e privada escola Cassimira Machado homenageiam mulheres canabrabeiras? Qual o momento da história uibaiense, no livro Canabrava do Gonçalo, em que as mulheres canabrabeiras ganharam destaque? Quem foi Isabel, filha de Venceslau? Por que na primeira metade do século dezenove ela sabia ler e escrever (coisa rara no Brasil) e de certa forma tomou a frente do inventário da família? Por que sempre foi ignorada? Quem foi Francisca Machado, Maria Cabra, Manoela Cabra? Há braços!

NEM TODA COCA É REFRIGERANTE

Há exatamente 02 dias a Polícia Federal apreendeu cerca de meia tonelada de cocaína pura no Mato Grosso do Sul. A droga vinha de onde mesmo? Da terrinha do índio vigarista Evo Morales. Um dia após Dilmona e seu criador Lulla defenderem Morales contra as críticas de Serra, diga-se de passagem petinentes, de que o governo da  Bolívia faz corpo mole no combate ao tráfico de entorpecentes. O que se sabe, segundo pesquisas feitas pela própria academia boliviana, é que 80% da cocaína consumida no Brasil vem daquele país. Há uma mentirada oficial no governo de Evo Morales de que a produção de folhas de coca faz parte da cultura indígena local e serve para o consumo diário dos índios. Papo furado! Os bolivianos não conseguiriam mascar os milhões de toneladas de folha de coca que produzem nem se passassem o dia inteiro com a boca entupida de folhas.
 Segundo dados de pesquisas bolivianas, a folha de coca para uso diário não atinge 3% do que é produzido no país. Os 97% restantes viram cocaína pura e vão alimentar o tráfico. É assim:  Lulla  dá as refinarias da Petrobrás para Evo e ele nos dá oitenta por cento do pó puro produzido lá. Depois Dilmona vai para a TV fazer propaganda da polícia pacificadora nas favelas, combate ao crak... blablablá... blablablá... A vigarice e o conluio com a bandidagem (por afinidade)  tem sido a marca dessa gente. Em tempo: Fernandinho Beiramar para embaixador brasileiro na Bolívia já! Há braços!

26 maio 2010

UIBAÍ E A COBRA DE ASAS

A cobra de asas durante algum tempo fez parte do imaginário da molecada uibaiense. Tudo isso por conta de um inseto que o farmacêutico e charadista Gió Caboclo conservava em uma garrafa com álcool na prateleira da farmácia. Tratava-se na verdade de uma jiquitiranaboia, uma espécie de cigarra muito rara que tem uma aparência bastante singular. O nome jiquitiranaboia, de origem tupi-guarani, significa cigarra parecida com cobra ( yeki = cigarra + rana = parecido + mboya = cobra). Popularmente, esse inseto é chamado de cobra de asas devido a uma saliência, espécie de apêndice que os membros da espécie têm na cabeça imitando perfeitamente a cabeça de uma serpente. Dizem os entomólogos que essa é uma estratégia de defesa desse inseto. Sua aparência põe medo aos predadores e garante a sobrevivência da espécie. Dizem, ainda, que a jiquitiranaboia é uma espécie em extinção. Em Uibaí, bom era o tempo em que a imaginação voava nas asas da cobra de asas lá da farmácia de seu Gió. Quem disse que esse povo não dá asas a cobra? Há braços!

25 maio 2010

"A CARGA ÓSSEA AINDA DESPERTA"

A sombra trágica da existência arrastou no último fim de semana, para o precipício, o cantor e compositor Carlinhos Gomes. Camarada simpático, cheio de energia, Carlinhos era amado e solicitado em meio a parentaia da Canabrava, de Canoão, de Ibititá e por todos que com ele partilharam momentos da vida. Foi um dos entusiastas da fundação da Casa dos Estudantes de Uibaí em Brasilia. Participou do grupo Candieiro formado na Ceubras e esteve sempre presente em eventos da entidade dando a sua contribuição como músico e contagiando os presentes com sua alegria.Muito tocou, cantou e emocionou os amigos. 
As circunstâncias da morte do nosso conterrâneo deixaram todos os amigos, parentes e admiradores perplexos. Em que medida a vida pesa tanto aos ombros humanos a ponto de torná-lo incapaz de senti-la? E no desespero de não senti-la partir cegamente em sua busca? Só é possível dar cabo à própria vida  quando ela já não existe, pois o que vale sempre mais é a vida. Querendo-a a qualquer custo, o homem, ávido de existência,  parte a procurá-la em outras searas, com ações às vezes irreversíveis.
 Em um de seus poemas, publicado no livro Canabrava do Gonçalo, Carlinhos diz: O galo canta/Marca a hora certa/ A carga óssea/ Ainda desperta. Qual peso suportava a carga óssea desse nosso querido conterrâneo? É o que todos se perguntam agora, tomados de tristeza. O que fazer quando os ombros já não suportam o mundo? Ao homem, de posse do seu livre arbítrio, há várias saídas! Poderia-se, por exemplo, numa atitude de rebeldia simplesmente negar o destino de Atlas que a vida nos legou. Não carregar carga além dos limites da nossa compleição, saltar para a margem e seguir assoviando e pleiteando desafios mais leves. Carlinhos, como um guerreiro do exército da vida, ao percebê-la escapando de suas mãos saltou em sua direção. E amante da boa música brasileira desenhou com seu gesto o trágico da bela canção Construção de Chico Buarque. Ele talvez tenha feito paradoxalmente a escolha por viver. E nós seus amigos, seus conterrâneos, ficamos atônitos, parados com nossas cargas nas costas sentindo o impacto, para nós incompreensível, do seu gesto e o vácuo inaceitável da sua ausência. Há braços!

19 maio 2010

DEZ ANOS SEM DONA MAROCA

Abaixo divulgo pela primeira vez o texto que escrevi como necrológio para Maria Oliveira Machado, alguns dias após a sua morte. Não custa lembrar que a empresa Águia Branca, responsável pela morte de Dona Maroca ainda não foi punida nem cumpriu as suas responsabilidades legais com respeito à morte dessa uibaiense. Segue o texto escrito há dez anos:

MINHA MÃE NÃO MORREU


Se meu existencialismo não fosse nietzschiano, talvez iniciaria esta reflexão como Albert Camus em O estrangeiro: Hoje, minha mãe morreu. Ou talvez ontem, não sei bem. Ali o tom de dúvida de Mersault, o  personagem central, sobre o dia da morte da própria mãe empurra o leitor para o absurdo da existência, para o fundo do sem sentido de existir e sua inutilidade diante da violência e falta de piedade com que a natureza nos arremessa ao túmulo. 
Nossa morte não é muito diferente da das formigas. As mesmas forças que atuam sobre os homens, atuam sobre os demais bichos. O que nos diferencia do resto da natureza só existe para nós mesmos, é invenção nossa. Criamos um mundo em que o homem tem um deus que zela por ele, que vai amenizar o absurdo da existência lhe oferecendo um lugar pós-morte paradisíaco.
Não tenho paciência para essas coisas, a única vida que atua após a nossa morte é a dos vermes. Como dizia o velho Isidoro de Sevilha, na sua criativa etimologia: Cara data vermibus, cadáver: carne dada aos vermes.
Mas as pessoas vivem sim depois da morte. A existência, apesar de seguir a reboque das forças da natureza, ganha sentido em nosso mundo de fantasia, de representação. E a gente representa tão bem que nem consegue mais descer do palco. Somos a própria persona grudada na pele. Representar dá sentido à existência humana, mais que isso... Criar é o nosso destino. Assim, minha mãe não morreu. Vive mais forte e brilhante do que nunca na minha memória. Seu sorriso, seu olhar ás vezes triste, ás vezes resignado, mas sempre firme. Seu espírito criador de vida... A sua mão enfiada na terra a semear, a fazer brotar mudas, a preparar o dia para o eterno colorido do jardim... Minha mãe não morreu, ela é a própria terra nordestina que, malgrado as agruras da seca e da estupidez humana, está sempre disposta a gerar vida nova, a alegrar os espíritos sofridos. As borboletas sabem disso mais do que nós, o pomar, as alamandas, os besouros... Eles sabem o quanto a terra é generosa.
A velha Maroca, sobretudo, foi um ser em carne viva que enfrentou os mais duros obstáculos da vida... A fome, a miséria absoluta sem jamais perder a dignidade, sem todavia deixar de ser um exemplo de caráter e nobreza de espírito, não só para os filhos como para todos os parentes que a acompanharam em suas dificuldades, suas vitórias  e em sua única derrota: a morte. Nessa instância, eu aceito o destino como ele é (eis o meu amor fati) e celebro a memória dos meus mortos para que eles se eternizem. 
(alan oliveira machado, 28 de maio de 2000)

A DESPEDIDA

Sinto muito meus amigos
mas a vida é mesmo assim
lamento informar a vocês
boca do inferno tá no fim
Disse o que precisava ser dito
sem se importar para quem
bateu, zombou dos maus vícios
mas fez poesia também
abriu caminhos e precipícios
cada um faz o que quer
ou vai pra frente numa boa 
ou dá um tiro no pé
assim nossa trajetória
honrou a inteligência
bateu na ignorância
em tudo e qualquer negligência
firmou um rumo honesto
longe da hipocrisia
plantou a semente dos livres
lá na nossa freguesia.
Adeus , não sentimos saudade
o pra fazer já foi feito
Tamo agora em terra nova 
lavrando o nosso eito
Quem souber fazer história
é nosso amigo do peito.
(JM. da Silva, se despedindo do boca do inferno)

16 maio 2010

O FORRÓ DA PEDOFILIA E O CARNAVAL DA DEPRAVAÇÃO

Dizem que a filha do finado Binga pegou uma cana braba. Foi pro pote! Segundo a história que gira pela cidade, ela foi presa por prática de pedofilia. Dizem que o enredo do drama da menina de Binga começou com umas aulas de forró que ela passou a ministrar em casa para a meninada. A coisa foi ganhando empolgação e por não saber onde colocar um piqueiro de menino ávido por forró, tanta binga chaqualhando, ela resolveu dar outra serventia às aulas. E só se viu pena de franguinho voar... E foi uma bingada atrás da outra. Isso é o que dizem.
Talvez a filha de Binga, que engravidou pela primeira vez lá pelos doze anos de idade, não tenha tanta noção da gravidade do que alegam que ela estava fazendo. A vida não a tratou de modo diferente, mas é evidente que isso não justifica o seu suposto comportamento. Crime é crime e a lei deve ser para todos. Pelo menos deveria. Mas isso não é exatamente o que acontece no pé da serra. Todo mundo sabe que no meio da elite (elixo) há muitos esclarecidos, diplomados, graduados com  hábitos mais pervertidos. Praticam o mesmo que possivelmente rolava no forró da filha de Binga. Pior, se for o caso, o forrozinho da bingada é fichinha perto do carnaval de depravação que certos pervertidos diplomados promovem por aí. Vamos ver se vão botar em cana também alguns desses pedófilos canalhas ou se a corda vai continuar arrebentando sempre do lado mais fraco. A história é pitoresca, parece algo engraçado, mas no fundo é muito triste. Há braços!

TEATRO ELEITOREIRO

Dilmona não vai adiante nem com reza braba. Já tentaram compará-la com Mandela.Ui ui  ui! Já pagaram pesquisas durante a inserção da propaganda petista na TV para ver se melhora (o resultado da última pesquisa não é real), mas cada dia que passa, a candidata petista parece mais um monstrengo desengoçado, um Frankstein feito de rótulos publicitários que mal escondem a sua desajeitada face política real. O certo é que o PT não tinha candidato para substituir Lulla. O partido apostou a vida inteira no ex-operário como a grande figura, o nome do partido, porém não levou em conta que o país é uma democracia que pressupõe alternância no poder. Não levou em conta ou pensou mesmo que poderia sabotar o processo democrático para o partido se perpetuar no poder com Lulla.
 Então restou a Lulla e seu partido tentar fabricar um substituto de última hora e é o que vemos aí! A última tentativa de alavancar Dilmona é essa patacoada do governo na relação com o Irã. Querem engabelar o mundo com uma encenação amadora: Lulla vai ao Irã, ensaia um texto com Ahmadinejad na companhia dos dois abutres Amorim e Marco Aurélio. O Irã simula que aceita um acordo e sela a paz, então Lulla sai do Irã dando pito na Rússia, nos EUA e demais potências para por fim tentar tomar de assalto a ONU. AHHH, como Chaves e o Irã adorariam ter a ONU nas mãos para tocar o terror no mundo!Nesse ínterim, a cambada petista começa a vender propaganda do superlulla e de sua candidata, blablablá... blablablá... Mas os Estados Unidos e a Rússia pelo menos já disseram que não acreditam no teatrinho de Lulla e sua turma. A verdade é esta: isso tudo não passa de teatro de circo daqueles bem vagabundos. A  finalidade da encenação é puramente publicitária. Fora do Brasil ninguém caiu na conversa. Vamos ver se o engodo surte algum efeito eleitoral  por aqui. Há braços!

13 maio 2010

FICHAS-SUJAS UNIDOS!

Romero Jucá, líder de Lulla na Câmara, disse hoje que o Projeto Ficha Limpa não é prioridade para o governo. O que esse rato governista que dizer com isso? Quer dizer obviamente que o governo não vai se mover para aprovar e sancionar, em regime de urgência, a tal lei que impede político pilantra condenado pela justiça de se candidatar a cargo público. O motivo todo mundo sabe: se posto em regime de urgência, a lei poderá valer já para as próximas eleições. Como por em vigor essa lei se  o PT está cheio de candidato ficha-suja , os partidos aliados do PT estão cheios de fichas-sujas, o congresso está cheio de ficha-suja buscando a reeleição? Ah, esse tal Romero Jucá é aquele sujeito que loteou parte da Petrobras... É o rei do tráfico de influência. Há braços!

12 maio 2010

BOCA DO INFERNO - 54: CHAMA A TURMA DO PÓ!

Foto: Crianças pobres com pedras de crack na Bahia
Dilma Rousseff Stalin vem aparecendo numas pílulas publicitárias na TV e Rádio com um papo maternal de que o crack (resíduo da cocaína, mais venenozo do que o próprio pó) é um problema que precisa ser resolvido. Que precisamos cuidar de nossas crianças contra esse mal... blablablá... blablablá... e que seu governo vai agir energicamente com um plano para combater o problema das drogas. Engraçado é que no governo Lulla, que é governo dela também há quase oito anos,  não se viu ação melhor do que oferecer guarida ao padre das Farcs Oliverio Medina, ao índio cocaleiro da Bolívia, aos amigos das Farcs Chaves e Correa... Todo mundo sabe que a coca e seus derivados vinda para o Brasil é produzida na Bolívia e nos laboratórios das Farcs. Asim, Ui, ui, ui. Dilma vai chamar quem para coordenar o plano de combate às drogas? O padre Oliverio Medina? Os companheiros das Farcs? Os assessores para assuntos cocaleiros do companheiro índio de araque Evo Morales? Como se vê entre os companheiros da turma de Lulla não falta gente entendida no assunto. Ou vocês querem me convencer de que as Farcs e a cambada de Evo Morales não entendem do assunto? Há braços!

09 maio 2010

DIA DAS MÃES?

Hoje é dia das mães, diz o comerciante com o sorriso largo. Dia de transformar o desejo capturado pelo excesso de publicidade e propaganda em muita grana. Grana de filhos e maridos ávidos. Grana quase gana. Não dou a mínima para isso. Minha mãe está no meu coração e muitos sabem da importância que ela tem na minha vida. A velha Maroca me faz chorar às vezes. Ela sim é meu mito mais verdadeiro, mas ela não é um nada que é tudo, como disse no texto anterior, me reportando ao poeta português Fernando Pessoa. Ela é um tudo que é tudo: me deu substância, me nutriu da sua carne, do seu caráter e do seu carinho. Nunca me fez crer que as suas  desesperanças fossem motivo para eu não ir além. Minha mãe salvou a minha alma ao me mostrar que é possível ser forte e fraco ao mesmo tempo, que é possível seguir rumo aos sonhos mesmo atormentado pelas impossibilidades. 
Daqui a dez dias terão completado dez anos da sua morte. Morte injusta e absurda. Mas ela está sempre comigo, me dizendo para ter paciência com a vida, para olhar pro lado alegre das coisas, para amar gratuitamente. Às vezes eu apenas a ouço, outras a sigo sem preocupação. 
Tenho uma mãe aqui dentro de casa, uma mulher forte e decidida que me deu duas filhas. Ela merece bem mais do que posso dar. Sou muito pequeno perto da sua grandeza. Meus muitos se minimizam diante de Anairam. É isso, tenho três mulheres fortes: uma esposa e duas meninas que fitam desafiadoramente o mundo. Quem haverá de encará-las sem perder o rumo?
Não sei se isso é sentimentalismo de dia das mães! Talvez eu esteja afetado como qualquer um que foi bombardeado semanas a fio pela engrenagem publicitária desse dia inventado que já existia no íntimo de cada filho ou marido. Também não dou a mínima! Antes falar do que calar. De toda e qualquer forma estou expressando o amor que tenho por essas mulheres da minha vida. Eu, tantas vezes inabalável, me rendo a elas. Entrego-lhes meu coração! Há braços!

08 maio 2010

SOB O SERENO FRIO DO BOQUEIRÃO

Penhasco no boqueirão da Fonte Grande, em 1985.
Molambo! Um molambo pintado de ilusões, foi o que imaginei sentado à beira do penhasco com uma caneca de café entre as mãos. Essa é a cena matutina de quem passou a noite sob o sereno frio do boqueirão, cá no mais remoto da serra. A caneca esquentando as mãos e o café aquecendo o tumulto de pensamentos que não se coadunam. Essa gente da Serra Azul é mesmo um caso sério. Não sei se choro diante da insignificância real ou se rio da megalomania disforme.  Um molambo de fogão daqueles bem fedido, é isso que vislumbro! Um farrapo daqueles de limpar mesa de boteco tirando onda de lenço de odalisca. 
Como a vida pode se resumir a um teatrinho emocional de algumas dezenas de panacas encravados no pé de uma serra? Como pode o pensamento não ultrapassar a cerca da vulgaridade, da ânsia diminuta de ser sem ser? O que dizer da imensidão da vida para quem o mundo não transpõe os mexericos da Rua Grande? Para quem nutre mitos menores do que a própria existência? E eu que já fui alegre quando  não sabia desse comércio da fantasia, dessa indústria primitiva da farsa: mitos de banca de camelô são mais sadios, pois já sabemos de suas fragilidades e de seus defeitos. Mas venci tudo isso, como num rito de passagem, e hoje nada me dá mais alegria do que saber a verdade, do que olhar e enxergar a encenação grosseira.
Aqui a Serra Azul segue com suas farsas, seus mitos de meia tigela. O mito é um nada que é tudo! Diria Fernando Pessoa! E digo mais: é um nada cheio de sangue humano, cheio de sonhos e desejos! É tudo para quem teceu esse saco de referências e o encheu de si e do que o embala. Mas o mito é anêmico quando a humanidade é mesquinha, quando é casca fragmentada de contradições que não venceram o limbo; quando os sonhos não passam de cochilos entre a cozinha e o banheiro. 
O Pé de Serra com seus mitos bola-de-sabão: vazios, sem peso e sem verticalidade. Flutuantes e sem referências que os sustentem. Ai de quem teve o couro espichado para servir de mito a essa gente. Os amadores camelôs de mitos não poupam sacrifícios: tecem Osvaldos que nunca existiram, Vicentes inimagináveis e vão fixando em cada eito de orgulho cultivado os piores espantalhos, as fantasias mais disformes. E vão matando a sua sede de ilusão, e vão saciando a sua vontade de pregar peças e de enganar... E vão enchendo o nada de nada e o tudo vai definhando na pobreza de sempre, no árido da caatinga, no pedregulho e na garrancheira inóspita de toda vida. E não é mais do que isso o que vejo daqui da beira deste precipício, com o sopro frio do amanhecer a dissipar a fumaça quente que evade do café  na caneca que me aquece as mãos. 
Apenas o repentino cheiro misto de  imburana e  caatinga-de-porco distrai o meu pensamento desses sentimentos tristes que me acodem nesta manhã de maio à beira de um penhasco no boqueirão da Serra Azul. E o molambo vai se desfazendo aos poucos em meu interior, como as folhas amareladas do imbuzeiro, lá embaixo, caindo tocadas pela brisa da manhã.  Há braços!

07 maio 2010

UM JORNAL PARA RETARDADOS E FANÁTICOS


A Folha online de hoje dá notícia de que o PT botou para circular, em âmbito nacional, o jornal Movimento. De cara, o tal jornal afirma, segundo a matéria da Folha, que o "ovo da serpente" do golpe de 1964 "está intacto" e hoje se manifesta em um "conluio das elites". A edição em circulação vem assinada pelo presidente nacional do partido José Eduardo Dutra. Ao longo do panfleto, o PT recorre à velha e batida história de conspiração contra a democracia. O tempo todo insinua ou declara, no mais vulgar e simplório terrorismo, que as elites brasileiras tramam um golpe no país. Por incrível que pareça, o partido de Lulla recorre ao golpe que sofreu na eleição de 1989, quando Mário Amato, então presidente da Fiesp, alardeara que se Lulla fosse eleito haveria uma retirada em massa de empresários e indústrias do país. Como se sabe, o terrorismo mais safado da história eleitoral brasileira. O PT reedita a coisa de forma mais imbecil ainda. Quer forçar o eleitor a acreditar que os candidatos que concorrem com Dilma são simplesmente instrumentos nas mãos de golpistas infiltrados na imprensa, na justiça etc. Na verdade, o PT já se deu conta de que a candidata escolhida pelo deus Lulla é um fiasco, convence tanto quanto uma boneca inflável. Dessa forma, não resta outra alternativa senão apelar para o jogo sujo. Só que essa estratégia não mobiliza outro tipo de gente que não seja retardados ou fanáticos. Até porque  quem vem dando sinais de que gosta de ditadura é o governo do PT. Estão aí a ceu aberto, para quem quiser ver, as alianças do governo petista com ditadores vagabundos do tipo dos irmãos Castro. Todo mundo sabe das tentativas de controlar a justiça e a imprensa empreendidas pelos petistas na tal Confecom e no Pndh. Aliás, o próprio presidente do partido, em entrevista às páginas amarelas da Veja desta semana diz que a democracia é apenas "um valor estratégico". O que é estratégia senão um conjunto de ações com vistas a alcançar um determinado fim? Pensando assim, qual é o fim que os petistas querem atingir: o totalitarismo? A ditadura do proletariado? Ora, tudo parece muito óbvio, a turma de Lulla, nesse caso, segue Lênin: acuse o seu inimigo daquilo que você  faz. Há braços!

SÓ ENCENAÇÃO

Volta e meia vemos  moralistas desses de meia tijela cobrando responsabilidade de nossa parte. Aí não há como não questionar o que seja essa tal "responsabilidade".  Responsabilidade para esse tipo de gente é agir dentro de um limite que não fira os interesses da panelinha  deles. Toda pessoa que empreender ações que possam ser aproveitadas pela trupe, plagiadas, incorporadas sorrateiramente no projeto de poder deles ganha láureas de responsável, de preocupado com o bem etc. Nesse caso irreversivelmente o bem é a panela. Essa gente, na verdade, tem um rabo gigantesco sobre o qual fica sentada rotulando o que é bom ou o que é ruim para a turma. Quando alguém enfia o dedo na feridona deles aí o enxame assanha, então começam a pipocar os rótulos: "fulano é irresponsável, é louco, mau caráter, só trabalha para destruir". E essa gente é tão voraz nos ataques, encena tão bem a indignação que até parece que não pratica as mais sórdidas canalhices. Se não dessem tanta pinta, o povo até acreditaria no teatro vagabundo deles. Mas o bom mocismo deles não resiste ao miasma de cinismo e  hipocrisia que exala de seus gestos e suas atitudes. Há braços!

04 maio 2010

PARA QUEM VIVE DA SUJEIRA, A LIMPEZA É REPUGNANTE!

Minha vó sempre dizia: "pau que nasce torto, sempre morre torto". Quem nasceu pra pau de galinheiro, volta e meia tá no puleiro. Aí a gente fica se perguntando como é que os fichas-sujas do congresso vão aprovar um projeto que proíba ficha-suja de concorrer em eleição? Nunca, jamais! Primeiro eles vão sujar o projeto. Enchê-lo de concessões, de brechas para facilitar a continuidade da farra legislativa. Depois da coisa emporcalhada eles aprovarão no maior cinismo. 
Não há seriedade alguma na maioria dos habitantes do congresso brasileiro. A prova é o que estão fazendo com esse projeto que, se não conterá a corrupção, pelo menos porá um fim àquele negócio de bandido condenado voltar para o serviço público com ares de autoridade e cheio de imunidade. O projeto de lei que combate os ficha-suja visa impedir que políticos condenados em primeira instância pela justiça sejam candidatos a cargos eletivos. Como se vê, o projeto é limitado. Gente como Sarney, Renan Calheiros, Roriz, todos amigos de Lulla, embora bandidos corruptos não seriam importunados pela tal lei. Achando pouco, ratos do legislativo têm trabalhado (só assim eles trabalham) para tornar o projeto mais inócuo ainda. Se virar lei, não terá valor algum. Estará mais furada do que queijo suíço. Será tão eficiente quanto amarrar cachorro com linguiça.
Mais de um milhão e seiscentos mil  brasileiros assinaram o documento que encaminhou o Projeto Ficha Limpa ao congresso. Isso é uma demonstração incontestável de que os cidadãos não concordam com a farra anti-ética que predomina nos corredores do Estado brasileiro. Conforme matéria do Estadão online de hoje, "no entendimento de alguns juristas, no entanto, (...) a lei (se aprovada) só poderá valer para as eleições municipais de 2012. O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), faz coro. Segundo ele, não há tempo para as regras, mesmo aprovadas, serem aplicadas em outubro". Como se vê, a preocupação com a ética não é definitivamente matéria petista mesmo.
É vergonhoso que o povo tenha que propor um projeto de tal natureza. É um sintoma miserável de que o norte ético, os princípios básicos que investem a ocupação de cargo público há tempos estão esquecidos. O normal é não ter princípios; o natural é não ter norte algum além dos próprios interesses. A prova disso é o que muitos deputados estão fazendo, mesmo em ano eleitoral. Como não cairia bem rejeitar o Projeto Ficha Limpa em ano eleitoral, eles o estão desfigurando com cortes e emendas para por fim esterilizá-lo antes de aprová-lo. Aí a gente faz aquela pergunta mais besta do mundo:quem tem medo de um projeto que propõe uma coisa tão simples e tão óbvia? Há braços!

02 maio 2010

AOS AVENTUREIROS DOS DOMÍNIOS DE KALIOPE

Abaixo, o poema do velho Walt Whitman, o maior poeta da América do Norte. Amado e respeitado por várias gerações, de conservadores a beatniks, de beatniks  a pós-modernos. Whitman cantou a liberdade, a democracia e a grande poesia livre  no seu  leaves of grass. Oferecemos aos nossos jovens poetas canabrabeiros estes versos de Whitman como um aceno de quem está no caminho da poesia. "O Captain! my Captain! our fearful trip is done, The ship has weather'd every rack,
the prize we sought is won, The port is near, the bells I hear, the people all exulting"... :

POETAS DE AMANHÃ
Poetas de amanhã: arautos, músicos, 
cantores de amanhã !
 
Não é dia de eu me justificar
 
E dizer ao que vim;
 
Mas vocês, de uma nova geração,
 
Atlética, telúrica, nativa,
 
Maior que qualquer outra conhecida antes
 
- levantem-se: pois têm de me justificar !

Eu mesmo faço apenas escrever 
Uma ou duas palavras
 
Indicando o futuro;
 
Faço tocar a roda para frente
 
Apenas um momento
 
E volto para a sombra
 
Correndo

Eu sou um homem que, vagando 
A esmo, sem de todo parar,
 
Casualmente passa a vista por vocês
 
E logo desvia o rosto,
 
Deixando assim por conta de vocês
 
Conceituá-lo e aprová-lo,
 
A esperar de vocês
 
As coisas mais importantes.

(Walt Whitman)


HÁ BRAÇOS!

CONTINUISMO NÃO É PROTAGONISMO

Outro dia um aluno de História nos perguntou o que achávamos do governo Lulla. Certamente ele ainda não havia lido o nosso boca do inferno. Mas dissemos francamente: o governo Lulla é um governo de continuação. Dá sequência aos oito anos de FHC. Do ponto de vista estrutural, não mudou uma vírgula dos projetos de estado implantados por Fernando Henrique com a finalidade reestruturar as bases do Estado e da Economia. As políticas do Banco Central, as políticas de planejamento e de inclusão foram montadas no governo Tucano. O gesto inteligente do PT foi não jogar na lata do lixo toda a armadura estatal montada peça a peça pelo PSDB... Foi estimular o desenvolvimento de musculatura em torno dessa armadura. Mas o PT, no exercício do poder, acabou reformulando aquela máxima de Rubens Ricupero: " O que é ruim a gente esconde, o que é bom a gente fatura". No governo FHC, abriu-se um vasto campo para faturar e precisou-se também esconder certas coisas ruins. A nova máxima petista de fundo ricuperista é: "O que é ruim a gente atribui ao governo anterior, o que é bom dizemos que foi a gente que fez". Então essa ilusão de bonança criada pelo petismo causa a impressão de que o país está melhor por causa dessa gente de Lulla. 
Bom, mas se não é verdade esse protagonismo da gestão petista na salvação do Brasil; se o país vai seguindo em um contínuo desde FHC, o que  há  de puramente petista nesse governo? Há a ideologia! A prática petista da negociata de bastidor, da divisão do Estado em territórios de bandos do partido. Há a tentativa intermitente de apropriação do Estado pelo partido, de estabelecimento do partido como novo Estado. Não se presta mais contas ao Estado antes de prestar ao partido, é essa a ideia base do petismo. Se a gerência do Estado se dá fora do Estado, ela bem pode se dar fora da lei também, daí vermos pipocar nesse governo os piores esquemas de corrupção. E não há um sequer que não tenha capas do partido envolvido. O PT instituiu a prática da rasteira de bastidor. Corrupto que dá rasteira em corrupto passou a ser exemplo dá nova moral. Aí cai bem aquela frase sempre repetida pelos personagens em The Godfather: "Não é nada pessoal, são apenas negócios"! Há braços!