09 maio 2010

DIA DAS MÃES?

Hoje é dia das mães, diz o comerciante com o sorriso largo. Dia de transformar o desejo capturado pelo excesso de publicidade e propaganda em muita grana. Grana de filhos e maridos ávidos. Grana quase gana. Não dou a mínima para isso. Minha mãe está no meu coração e muitos sabem da importância que ela tem na minha vida. A velha Maroca me faz chorar às vezes. Ela sim é meu mito mais verdadeiro, mas ela não é um nada que é tudo, como disse no texto anterior, me reportando ao poeta português Fernando Pessoa. Ela é um tudo que é tudo: me deu substância, me nutriu da sua carne, do seu caráter e do seu carinho. Nunca me fez crer que as suas  desesperanças fossem motivo para eu não ir além. Minha mãe salvou a minha alma ao me mostrar que é possível ser forte e fraco ao mesmo tempo, que é possível seguir rumo aos sonhos mesmo atormentado pelas impossibilidades. 
Daqui a dez dias terão completado dez anos da sua morte. Morte injusta e absurda. Mas ela está sempre comigo, me dizendo para ter paciência com a vida, para olhar pro lado alegre das coisas, para amar gratuitamente. Às vezes eu apenas a ouço, outras a sigo sem preocupação. 
Tenho uma mãe aqui dentro de casa, uma mulher forte e decidida que me deu duas filhas. Ela merece bem mais do que posso dar. Sou muito pequeno perto da sua grandeza. Meus muitos se minimizam diante de Anairam. É isso, tenho três mulheres fortes: uma esposa e duas meninas que fitam desafiadoramente o mundo. Quem haverá de encará-las sem perder o rumo?
Não sei se isso é sentimentalismo de dia das mães! Talvez eu esteja afetado como qualquer um que foi bombardeado semanas a fio pela engrenagem publicitária desse dia inventado que já existia no íntimo de cada filho ou marido. Também não dou a mínima! Antes falar do que calar. De toda e qualquer forma estou expressando o amor que tenho por essas mulheres da minha vida. Eu, tantas vezes inabalável, me rendo a elas. Entrego-lhes meu coração! Há braços!

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