02 maio 2010

CONTINUISMO NÃO É PROTAGONISMO

Outro dia um aluno de História nos perguntou o que achávamos do governo Lulla. Certamente ele ainda não havia lido o nosso boca do inferno. Mas dissemos francamente: o governo Lulla é um governo de continuação. Dá sequência aos oito anos de FHC. Do ponto de vista estrutural, não mudou uma vírgula dos projetos de estado implantados por Fernando Henrique com a finalidade reestruturar as bases do Estado e da Economia. As políticas do Banco Central, as políticas de planejamento e de inclusão foram montadas no governo Tucano. O gesto inteligente do PT foi não jogar na lata do lixo toda a armadura estatal montada peça a peça pelo PSDB... Foi estimular o desenvolvimento de musculatura em torno dessa armadura. Mas o PT, no exercício do poder, acabou reformulando aquela máxima de Rubens Ricupero: " O que é ruim a gente esconde, o que é bom a gente fatura". No governo FHC, abriu-se um vasto campo para faturar e precisou-se também esconder certas coisas ruins. A nova máxima petista de fundo ricuperista é: "O que é ruim a gente atribui ao governo anterior, o que é bom dizemos que foi a gente que fez". Então essa ilusão de bonança criada pelo petismo causa a impressão de que o país está melhor por causa dessa gente de Lulla. 
Bom, mas se não é verdade esse protagonismo da gestão petista na salvação do Brasil; se o país vai seguindo em um contínuo desde FHC, o que  há  de puramente petista nesse governo? Há a ideologia! A prática petista da negociata de bastidor, da divisão do Estado em territórios de bandos do partido. Há a tentativa intermitente de apropriação do Estado pelo partido, de estabelecimento do partido como novo Estado. Não se presta mais contas ao Estado antes de prestar ao partido, é essa a ideia base do petismo. Se a gerência do Estado se dá fora do Estado, ela bem pode se dar fora da lei também, daí vermos pipocar nesse governo os piores esquemas de corrupção. E não há um sequer que não tenha capas do partido envolvido. O PT instituiu a prática da rasteira de bastidor. Corrupto que dá rasteira em corrupto passou a ser exemplo dá nova moral. Aí cai bem aquela frase sempre repetida pelos personagens em The Godfather: "Não é nada pessoal, são apenas negócios"! Há braços!

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