18 dezembro 2008
CENAS
Olhar de esguelha
Na cerca, aberta em flor,
Uma pinha cheia de abelhas.
alan oliveira machado
17 dezembro 2008
ARTE DE RESÍDUOS PLÁSTICOS
Arte sustentável feita de tampinhas pet, recolhidas em restaurantes, bares e nas ruas. Uma boa alternativa para transformar lixo em arte.
16 dezembro 2008
MENINO BUCHUDO
No carreiro ou na estrada da fonte
o olhar perdido no mato
Já não alcança o horizonte.
No Banheirão
Ou atrás do Morro Branco
Menino danado
Não pode ouvir um canto.
Perigoso, o badogue
Ele estica o quanto pode
Solta a bola de barro,
O pássaro é quem se fode.
Cheia, balança a capanga
O infante
O peneiro na estrada
O suor pela fronte.
O prazer da jornada
Não é como antes
Arapuca quebrada
Já era o seveiro
Não tem mais passarinho
Gaiola sem puleiro
O visgo esgotou
Nas cicatrizes do gameleiro.
O tempo fechou
Um ciclo inteiro
Não tem mais pataca
Fruto de juazeiro
Morreu jatobá
Murici com seu cheiro
Adeus guabiraba
Imbu, ingazeiro
Mangaba de luto
Puçá verdadeiro
Araçá já sumiu
Do Riacho do Meio
Cadê bananinha
Sem chuva não veio
Meu deus como pode
Um tempo bonito
Perder seu esteio.
(Cosme Bafão, pirado e perdido em memórias da infância)
12 dezembro 2008
BOCA DO INFERNO 39, nov./dez 2008
A sala de aula não é espaço de doutrinação, não é laboratório sociológico para a formação de militantes em favor de uma ou outra ideologia. A sala de aula, a escola é lugar de convivência com os saberes que constroem as bases sólidas para a sobrevivência na sociedade; é, portanto, o espaço privilegiado da contradição e da pluralidade. O mundo é plural, os desafios da humanidade são múltiplos. Assim, o educando só é capaz de se construir criticamente, solidamente, quando tem acesso aos códigos básicos indispensáveis ao entendimento da existência. De acordo com Sartre, “o homem é responsável pelo que é. Desse modo o primeiro passo (...) é por todo homem na posse do que ele é, submetê-lo à responsabilidade total de sua existência”. Eis, a meu ver, a missão dos Professores, a verdadeira missão dos educadores... Sua importância e responsabilidade na construção de um mundo com a mais verdadeira feição humana.
SINDICATO DE LADRÕES
11 dezembro 2008
QUIXABEIRA EM MOVIMENTO
O Povoado de Quixabeira por muito tempo passou uma imagem negativa. As pessoas se sucumbiam ao estigma de que dali não vinha nada que prestasse. Mas esquecendo esse passado, busquemos pensar o presente que é bem melhor. Com o passar do tempo, aquele povo mostrou-se diferente. O ingresso de várias pessoas na universidade pública foi um grande passo. Outro passo desenhado pelos quixabeirenses foi a busca por uma nova atitude, um novo pensamento.
Caminhando nessa direção nasceu o Gpec (grupo política, ecologia e cultura) para contribuir com o crescimento do nosso lugar. Ele é muito importante, pois tem uma visão diferente dos outros grupos nascidos em solo uibaiense. Além de ter em vista a cultura, visa também à ecologia e ao engajamento político, garantindo o possível confronto com os desmandos do poder estabelecido.
(baltazar lopes cavalcante, para o boca do inferno)
08 dezembro 2008
MANIA DE DESTRUIR ÁRVORES
Com os municípios em ruínas, não havendo muito que destruir, virou moda na região os prefeitos dizimarem as árvores das ruas e avenidas. Todo início de mandato é a mesma coisa: um caminhão da prefeitura repleto de peões famigerados avança de rua a rua mutilando árvores e arrancando-as pela raiz. Depois da devastação, os mesmos peões gafanhotos retornam plantando mudas de uma única espécie vegetal, onde outrora havia robustas árvores.
Bom, mas a estupidez do gesto desses “administradores da coisa pública” não se resume apenas à mudança de visual e de clima gerada pela eliminação da cobertura verde das zonas urbanas. Além de a empreitada alterar o clima ambiente, a mania de uniformizar a zona urbana com uma só espécie vegetal provoca um desequilíbrio ecológico que vem sendo sentido há muito tempo na região. Não precisa ter boa memória para enumerar as pragas que proliferaram sem controle nas últimas décadas: os potós, com sua secreção ácida, que aterrorizaram a região; os besouros coleópteros que importunaram o sossego dos lares; a praga de fungos que destruiu muitos milhares de mangueiras etc. Mesmo assim, entra prefeito, sai prefeito, cortam-se as mangubas e plantam-se apenas algarobas; derrubam-se as algarobas e plantam-se somente o fícus...
Para garantir a biodiversidade, o equilíbrio entre espécies, a qualidade do ar e do clima, deve haver em uma zona urbana pelo menos 40 espécies de árvores convivendo no mesmo espaço. A cada espécie vegetal corresponde a presença de um número significativo de aves, insetos, fungos e bactérias. Quanto maior o número de árvores, maior a biodiversidade, maior o equilíbrio ambiental. Dificilmente haverá a proliferação de pragas.
É importante salientar também que nem toda espécie de árvore serve para compor a cobertura vegetal urbana. As espécies devem ser escolhidas mediante estudo e impacto ambiental. A título de exemplo, a mesma engenharia florestal que autorizou a criação de florestas de eucalipto em Brasília, com o fim de melhorar o clima, por lá muito seco, ordenou a extinção de tais florestas ao constatar que o eucalipto tem raízes profundas, extrai muita água do solo e tem baixa transpiração, o que tornou o clima da capital ainda mais seco.
A preservação da arborização urbana, quando ignorada, pode trazer transtornos para toda a população, gerando problemas de saúde que oneram tanto o cidadão quanto o município. Na verdade, os administradores, no lugar de em todo início de mandato se preocupar em vestir um novo uniforme verde no município, deveriam sim cuidar da saúde das espécies existentes e já adaptadas à zona urbana e executar um planejamento para o plantio de novas espécies, evitando com isso o desequilíbrio ecológico e todas as suas conseqüências. Quanto à população, acreditamos que sua participação cidadã seria de imenso valor na fiscalização das ações das prefeituras e no controle das espécies plantadas. Sabe-se ainda, pela experiência, que muitos problemas ecológicos ultrapassam o perímetro urbano. A solução desses problemas passará necessariamente pela preservação de matas, rios, riachos e espécies animais. Pensando assim, como diz um amigo ecologista aqui do cerrado, a consciência ecológica começa dentro do nosso quintal, então, vamos cuidar pelo menos dos grandes quintais que são os nossos municípios para, consequentemente, melhorar o quintal de todos que é o mundo.
Alan Oliveira Machado (março de 2000)
02 dezembro 2008
É PEDRO, É PEDRA, É ROCHA, É O FIM DO CAMINHO...
foto ilustrativa
A gente poderia até cogitar que ele não sabe de onde estão sendo extraídas as pedras, já que o programa de governo do futuro prefeito (em texto) propõe a recuperação de áreas ecologicamente destruídas e seria pouco coerente defender uma coisa e praticar o contrário num município tão pequeno em que todo mundo sabe quem entra e quem sai, pra onde vem e pra onde vai... Não, ele não deve estar fazendo isso não, seria estúpido demais, pequeno demais... O novo prefeito não se prestaria a um papel desses.
Já pensaram o contra-senso da situação? Enquanto a Codevasf gasta mais de um milhão de reais para recuperar o boqueirão do Riacho Canabrava, o novo prefeito promove a destruição do boqueirão da Fonte Grande. Não, minha gente, isso não está acontecendo, ninguém seria burro a tal ponto, muito menos o prefeito que vai libertar e reconstruir Uibaí.
HÁ BRAÇOS!
22 novembro 2008
Forrado, o chão oferece
O amarelo maduro da fruta
Exalando cheiro agreste
Por perto se ouve uma pêga
Aninhada no enxerto
Rola-bosta trabalhando
Em um monte de esterco
Nada aqui dá tanto medo
jararaca ou jaracuçu
Só há um medo que ataca
O do bicho dos imbus.
19 novembro 2008
MINHA TERRA
Muita coisa acontece
Tem tanajura voando
Sapo cantando em prece
Mariposa e cheiro bom
Barulho da água que desce
No espinho do quiabento
A flor roxa aparece
O sofrê na aroeira
Cantando, a figueira estremece
Vivim, burrim, patativa
Brotam do capim que cresce
Sertanejo assoviando
O feijão no canivete
Milho botando boneca
Pinha inchada amolece
Meu coração bate forte
Alegre, a vida agradece.
01 novembro 2008
BOCA DO INFERNO 38
Cronos devorando um filho, Goya, 1823
Réuzinho começou sua administração com uma epidemia de dengue e vai entregar a prefeitura com o município mergulhado em outra epidemia de dengue. Enquanto o prefeito gastava dinheiro construindo aquela santa de merda lá no asfalto, o mosquito se reproduzia feliz. Pode uma porra dessas?
A cena de Délio, de paletó e gravata e embaixo apenas de cuecas comemorando a eleição de Pedrinho pelas ruas da Canabrava seria uma prévia do que vai ser a nova administração uibaiense? Uma simulação de seriedade permeada de esculhambação?
Mais quantas bofetadas Gilçu Munturo levou na cara depois do resultado das eleições? A sigla PCdoB em Uibaí agora tem outro significado: Partido da Cara pra Bofete!
Olha, diz quem tem um grupo cultural bombando na Quixabeira, o Gpec. Isso é bom, muito bom! Nem só de enxada vive o homem, nem só de estupidez e conversa fiada! A velha Quixabeira merece!
OBAMA E O OBA-OBA!
Abobrinhas ideológicas
30 outubro 2008
SANTO NO ANDOR
QUANDO A INTENÇÃO É SÓ DOUTRINAR
Na atividade de analista de discurso, aprende-se a lidar tanto com o silenciado quanto com o dito. Ocorre que toda materialização de linguagem se dá por meio de escolhas, conscientes ou não, e essas escolhas silenciam outras possibilidades do dizer que insistem em rondá-lo (nem sempre em boa hora) de tal forma que o sentido do dito tem sua constituição fundada nessa relação entre o que se disse e o que se calou. Todo esse jogo faz muitos sentidos circularem.
A palavra denegrir, originada da raiz latina niger que significa “negro”, foi difundida dentro da mentalidade escravocrata que, para justificar a escravidão, classificava os negros escravizados como animais, sujos e degenerados. Assim, denegrir, que etimologicamente significa sujar, manchar, até ficar com cor escura, negra, sem qualquer tintura racial, naquela época (institucionalmente escravista), ganhou uma oportunista conotação étnica e passou a ter o significado de tratar alguém como se fosse negro, ou seja, “sujo, degenerado, animalizado”. Isso quer dizer que a palavra tem esse lastro na memória, mas quer dizer também que a memória traz consigo as condições de produção do sentido da palavra para a época e que na atualidade essa memória não cabe em qualquer contexto. Há inclusive quem conteste a conotação racista do lexema “denegrir”. O escritor Eduardo Martins, por exemplo, ao defender que nem todas as expressões se referem ao negro como etnia, diz que a palavra denegrir surgiu no século XV, portanto, antes da escravidão no Brasil. A informação é correta, mas não procede como argumento.
Em Semântica, disciplina ainda ligada à visão imanentista da linguagem, o que aconteceu com tal vocábulo seria chamado de mutação semântica diacrônica, isto é, quando a palavra muda de sentido com o passar do tempo, chegando a um novo momento histórico com uso e sentido distintos do original. Foi o que aconteceu com o termo “amante” que até início do século XX referia-se positivamente a alguém que ama e hoje refere-se a alguém que participa de uma relação adúltera.
Assim como o uso do termo "amante", atualmente, não permite que se o entenda como "aquele que ama", sob pena de se criar sérias indisposições sociais, o mesmo pode-se pensar sobre "denegrir" quando rotulado como termo racista. Por essas e outras razões deve-se fazer uso cuidadoso das palavras, mas não necessariamente condená-las com base em seu passado infeliz, ainda que verdadeiro. Do contrário, teríamos que abandonar grande parte do vocabulário em uso na atualidade. Vejamos, a título de exemplo, o étimo de algumas palavras bem populares: trabalho, do Latim, tri paliu, ou seja, três paus, castigo imposto pelas tropas romanas aos exércitos derrotados, que consistia em fazer os membros desses exércitos rastejarem sob um estrado feito com sequências de três lanças romanas. Dócil, doçura, em Latim , docere, aquele que se deixa submeter, qualidade de quem é submisso. Cretino, proveniente de um dialeto franco-provençal dos Alpes Suícos , cretin, referente a cristão, pessoa aparvalhada, de raciocínio lento, tola. O sentido se deve ao fato de os vários cristãos fugidos de regiões com baixa taxa de iodo no sal terem desenvolvido uma espécie de tireoidismo que os deixava com aparência de tolos, tontos... Agora, raciocinem comigo: faz sentido apelar para a origem dessas palavras como forma de repreender seu uso, taxando-o de preconceituoso etc., etc., etc.?
Se em termos de linguagem não faz sentido esse tipo de perseguição a palavras, seria essa uma prática fundamentalmente ideológica? Seria uma muleta de discussão com a finalidade de exercer controle sobre os outros? Seria uma forma de criar argumentos para rotular adversários? Se for é ridículo, é coisa realmente de quem não tem argumento.
A esse respeito, lembro-me de que na ocasião em que o livro “Pelas veias da esperança” foi lançado em Uibaí, o professor Juscelito Mendes chegou a dizer que eu, como um dos revisores, deveria ter corrigido a expressão “anos negros da ditadura”, porque o vocábulo, “negros”, fazia referência pejorativa à cor. Tem dissimulação de ignorância mais retardada do que essa? Todo mundo sabe que a expressão, “negro”, no sentido de cor, tem histórico negativo milenar. Está lá nos bestiários medievais, lá nos textos pré-socráticos, lá nos textos de origem persa, egípcios, chineses e indianos. Assim, o termo está apropriado ao contexto em que foi posto. Não fere a ninguém além dos ditadores. Estou vendo a hora de esse pessoal começar a discriminar pessoas que botam luto pela morte de algum ente querido por estarem associando a cor preta à morte, à tristeza e à dor. Ainda bem que a língua não se submete facilmente a esses delírios de milícia.
Simbolicamente, vê-se que a expressão, “negro”, foi utilizada em “anos negros da ditadura” com o mesmo sentido que a cor aparece no "luto" acima referido, ou seja, com sentido de tristeza, dor e perda. Mais que isso, como ausência de luz, contrário ao dia, levando-se em conta o dia como sinônimo de vida, uma vez que o sol é responsável pela progressão e sustentação do ciclo vital. Tal uso insinua que a vida foi podada no período militar, que aquele período foi de tristes perdas. A simbologia, embora tendenciosa, é coerente. Seu uso se deveu à necessidade de marcar um posicionamento ideológico com relação às práticas do regime militar. E esse uso é visceralmente humano. Agora, despropositado é querer fazer hegemonia discursiva, “patrulha ideológica” com esse tipo de argumento. Banalizar o sentido do que se diz com abobrinhas ideológicas é querer instituir a incapacidade de pensar. Se a intenção for mais discutir do que doutrinar, é melhor procurar entender a expressão dentro do contexto em que foi usada.
O lamentável de tudo isso é ver que há pessoas que caem irrefletidamente nessas armadilhas retórico-doutrinárias. Foi triste ver o pobre Jorge desamparado, se sentindo (ironicamente) a ovelha negra do rebanho, achando que cometeu um pecado terrível, pedindo desculpas e lamentando o seu infortúnio.
Há braços! alan
24 outubro 2008
VAMBORA!
Aos meus amigos A. Machado, L.D. Ungarelli e W. Hungria
23 outubro 2008
O ÓDIO É BEM MAIOR!
Baratas são bichos repulsivos, indesejados, tradução da mais unânime repugnância. Entretanto, confesso que por um segundo não consegui vislumbrar mais do que um inseto fragilizado, desesperado, cheio de medo e susto. A pobre barata só queria se recuperar do terrível princípio de afogamento que possivelmente sofrera na tubulação de água fluvial. Abandonou o desconforto da boca de lobo inundada, antes seu aprazível lar, em busca da sobrevivência. Esse átimo de compaixão me ocorreu logicamente antes de eu desferir uma vassourada certeira no vil inseto. O golpe o deixou em tremeliques, grudado no chapisco do muro. Afinal, o amor incondicional à vida deve ser instintivo, mas o ódio às baratas é bem maior. (alan oliveira machado)
22 outubro 2008
RECEITA
corte a vida em fatias
evite muita sangria
pra o corpo não padecer
coloque as postas de molho
no sal justo da razão
não se esqueça da emoção,
junte, ao molho, prazer.
depois de temperada a vida
populacho vira povo
o que é ruim não vem denovo
na mudança de estação
movimento solidário
de crescer além do horário
do relógio, da TV.
a vida ferve ativa
nutrida, codimentada
em postas bem preparadas
para o tempo absorver.
(Cosme Bafão, para o Boca do Inferno)
17 outubro 2008
BOLHAS, PULHAS E PÃO
11 outubro 2008
ELEIÇÕES DE UIBAÍ, ENTRE 2004 E 2008
Pedro Rocha está com a barriga esfolada, ganhou a eleição com minguados 14 votos de frente... Passou arrastando. Quase perdeu. Os 14 votos que lhe garantiram a vitória têm como enfeite o couro da barriga do candidato e o couro moral de muita gente que se sentiu na obrigação de apoiá-lo, embora repudiasse as coligações amarradas pelo grupo defensor da candidatura. É possível inclusive que o referido candidato tenha perdido a liderança já tradicional na sede. A verdade é que de 2000 para 2004 sua frente na sede caiu visivelmente (alguém que tenha os dados nos ajude). Essa vitória está com cara de vitória de Pirro! Sabem aquela guerra desastrada do rei Pirro? Confiram depois!
O certo é que os dados para vereador, cujas variáveis são muitas, vão dando elementos para ver a oscilação avaliativa do eleitor. Vejamos alguns exemplos:
Vilmar, de 544 votos em 2004, caiu para 254 votos. Desempenho medíocre, muito abaixo da votação que recebeu em 2004, quando foi o segundo mais votado. Muito menos que a metade dos votos. O péssimo desempenho de Vilmar tem algumas variáveis, uma delas é a sua inexpressiva atuação parlamentar. Outra deve ter sido achar que poderia ser reeleito sem muito empenho na campanha, como fez Tarcísio em 2004. Comenta-se também que ele teria tentado passar votos para Dóris. Politicamente é um fracasso.
Já Dóris, de ínfimos 194 votos em 2004, saltou para 397 votos. Evoluiu muito com relação a 2004, mais que o dobro. Visivelmente, o candidato que mais se beneficiou da coligação com o grupo de Dorim (fora o próprio Dorim) foi Dorisdei. Nenhum outro candidato da coligação conseguiu nem mesmo dobrar os votos de 2004.
Armênia, dos 307 votos em 2004 que quase a deixaram fora da câmara, saltou para 579 votos. Evoluiu surpreendentemente, quase dobrou a votação. Esse foi um caso parecido com o de Dorisdei. Do lado de Raul, Armênia se beneficiou da ausência de Dorival e Mãezinha que tiveram respectivamente 728 e 404 votos em 2004 e arrematou a maior votação individual de 2008 para vereador.
Tarcisio, de 411 votos recebidos em 2004, conseguidos praticamente sem campanha, evoluiu bem para 498, mas coloca em dúvida o prestígio eleitoral de alguns de seus apoiadores que sustentam a tese de que ele deve ser vereador eterno em Uibaí.
Dorival, o candidato mais votado em 2004, com inacreditáveis 728 votos, abriu mão da disputa para beneficiar notadamente Dorisdei. Fora a própria Dorisdei, cuja personalidade desperta pouca afeição popular, foi Dorim quem a impossibilitou de se eleger em 2004. Mas, de reconhecida habilidade e cara de pau, Dorim faturou o cargo de vice-prefeito para o filho e emplacou de lambuja uma herdeira política (Vivi) na câmara de vereadores, com 368 votos. Dorim e Dóris são os grandes vencedores da coligação.
Para fechar essa análise parcial, resta falar do PC do B, que evadiu da frente em troca do cargo politicamente simbólico de Assessor de Comunicação da prefeitura de Raulzinho, ocupado por Gilson Monteiro. O PCdoB continua insignificante, seu capital eleitoral se resume aos ridículos 104 votos obtidos por Marcos Monteiro, irmão de Gilson. Se já eram zero à esquerda (matematicamente falando, porque politicamente nunca foram de esquerda), agora são mais do que nunca.
Por fim, há uma “surpresa” eleitoral: o tal Marcão, do grupo de Raul, que se elegeu com 563 votos. É bom frisar que apenas ele e Armênia viraram a casa dos 500 votos nessa eleição. Embora novato na disputa, Marcão foi o segundo mais votado. Sua expressiva votação e a de Armênia servem para questionar quem saiu concretamente mais forte da eleição. Aliás, as legendas campeãs de votos para vereador foram o PTB de Armênia, com 2616 votos; o PSDB do tal Marcão em segundo lugar com 1520 votos, ambos da base de Raul. O PT de Dóris e cia, com Wagner, helicóptero e tudo, amargou um terceiro lugar, com 1455 votos. Talvez a vitória de Pedrinho e sua frente saco-de-gatos esteja mais para uma vitória de Pirro. Há braços!
05 outubro 2008
CORDEL DO PUXA-PUXA
25 agosto 2008
O MESMO VEM AÍ!
Pelo queijo do poder
Mocós, ratos sem escrúpulos
Descambaram a roer
Os princípios mais sadios
Que um povo pode ter
A ética é a da grana
A honra é a do gatuno
O sorriso da hiena
Que desprezo mais profundo
Nada de novo se cria
Aí se põe fim no mundo
E o sonho de alegria
Desfalece moribundo.
(J.M. da Silva)
16 agosto 2008
MAIS UMA DE MARIA SOPÃO
15 agosto 2008
O FETICHE DO ESCRAVO É O CORONEL
07 agosto 2008
O TRIUNFO DAS NULIDADES!
19 junho 2008
MANIQUEÍSMO E CACIQUISMO
A política uibaiense vem sendo pautada há muito tempo, erroneamente, por um tipo de maniqueísmo tosco, praticado por todos os segmentos políticos e que queiramos ou não, por determinações históricas e sociais, estamos lotados em um dos lados desse maniqueísmo. Nossa imagem está vinculada a um desses lados, mesmo que muitas vezes a contragosto. Claro que isso não acontece de forma serena com o Boca do Inferno. É perceptível que estamos desmontando esse maniqueísmo já faz um tempo, rejeitando-o como rótulo e, por isso, criando uma interminável celeuma em torno do que escrevemos e a respeito do lado que estamos. Na verdade, quem está acostumado a refletir criticamente sobre a realidade não se prende ao monótono binarismo maniqueu. Assim, imersos na atmosfera da conjuntura canabrabeira, assistimos aos equívocos abundarem, uma vez que quem pensa por maniqueísmos parece não conseguir raciocinar além do jogo de extremos que não se misturam. Mas isso não é totalmente verdadeiro na Canabrava. Temos a impressão de que para muitos da tal Frente de Louvação a Dorim, por exemplo, o raciocínio ganha outra nuança, ou seja, para muitos a política é um jogo de sujeição a caciques e nesse caso o maniqueísmo entra enquanto é conveniente. Por esse viés, as pessoas são julgadas não propriamente por serem do bem ou do mal, mas porque são gado dos caciques da situação, ou gado da oposição, não restando espaço para meio termo, para terceira ou quarta via. Os pressupostos dessa nuança possibilitam a Mocós e Ratazanas realizar qualquer negócio, qualquer aliança. Fazer alianças seria algo como ampliar o curral. E que fique claro: nenhum boi deve se atrever a fazer a "revolução dos bichos", não necessariamente como aquela de George Orwel, e ocupar o lugar dos donos da boiada. Há braços!
17 junho 2008
LIBERTAR E RECONSTRUIR O QUÊ?
08 junho 2008
A MISÉRIA DA ÉTICA
**************
Uibaí desta vez vai pra frente... Vai ser realmente reconstruído... Vai ser salvo... Vai ser a Cuba da Bahia... Os revolucionários estão tentando emplacar o filho de Dorim para vice de Pedro Rocha. Já que infelizmente não se pode mais contar com o companheiro Dedê, Dorim vai salvar Uibaí... A morte é cega! kkkkkkkkkkkkkkk!
30 abril 2008
MOCOSADA ELEITOREIRA
Nos ocos da Serra Azul
No silêncio, na calada
Por corredores sombrios
Se prepara a mocosada
Mais um ano eleitoral
A barraca ta armada.
Vão aparecer os cretinos
Mocosinhos sem estribeira
Afiando os dentes podres
Pra defender as bandeiras
Do familismo doente
De seus chefes cinco estrelas.
Na labuta envenenada
De mocós com ratazanas
Os mocosim levam tapa
Os mocosão levam fama
E dão risadas dos trouxas
Em suas tocas, de cama,
Lambendo suas feridas
Feitas pelas ratazanas.
Todo pleito é a mesma coisa
Os mocasão saem ilesos
Os mocosim puxa-saco
Apanham de ficar vesgos
Os mocosão, coisa insana,
Em vez de cuidar dos puxa,
Vão lamber as ratazanas.
( J.M. da Silva)
07 abril 2008
03 abril 2008
ENTRE RATAZANAS E MOCÓS
31 março 2008
A DECADÊNCIA DA ESQUERDA UIBAIENSE
Alan Oliveira Machado, em 29-03-2008.
Em 2000, os setores de esquerda uibaienses apareceram com uma novidade. Aliás, uma novidade no fundo não tão nova assim. Buscaram emplacar a candidatura de Pedro Rocha à prefeitura, numa atitude de desespero. Devemos esclarecer que o desespero era sentimento apenas de uma parte da esquerda, cansada de lutar pelo município e de ver em todo ano eleitoral seus candidatos sucumbirem ao profissionalismo político e à pilantragem da direita carlista. O fato é que outra parte, embora pequena dentro dessa onda de desespero não necessariamente estava desesperada, apenas agia para concretizar seus desejos, mais de poder do que ideológicos. Que a “esquerda uibaiense”, num sentido amplo, se comportou de forma romântica e amadora em muitas eleições, todos sabemos. Entretanto, a prática e o discurso de profissionalização implantados a partir de 2000, na dianteira do desespero da maioria honesta e até certo ponto ingênua dos militantes, não só pulverizou sonhos, como destroçou o fio de coerência histórica que caracterizava a “esquerda canabrabeira”.
No fatídico ano de 2000, não obstante a resistência de alguns militantes, a história dos movimentos em uibaí foi esquecida, uma vez que o candidato escolhido, embora filho do município, estivera ausente das lutas que culminaram no estabelecimento da esquerda como força de organização dos movimentos sociais do pé da Serra Azul. Ainda que tenham negligenciado sua história, em função de uma política de resultados, os segmentos de esquerda sofreram uma amarga derrota. Em 2004, o grupo que administrava, em prol de seus desejos de poder, o desespero mais aflorado que nunca da militância, foi mais longe e abertamente aderiu às piores práticas políticas, genericamente utilizadas pela direita, como compra de votos, intimidação, promessas de cargo e demais truculências das quais podemos destacar ainda a perseguição a adversários e membros descontentes com os métodos utilizados pela esquerda. A ambiciosa centralização estabelecida por esse grupo, durante o processo eleitoral daquele ano, desnudou o que se poderia nomear como uma elite com miolo familiar voltada para a idéia de que o núcleo familiar é quem estaria chegando ao poder e não a esquerda, com sua história e com seus militantes.
É interessante lembrar que esse processo de esfacelamento da esquerda uibaiense se deu antes do desmoronamento total do PT, cujo golpe de misericórdia foi o escândalo do mensalão, em 2005. A esquerda da Canabrava passou da luta pela organização política dos segmentos populares, via criação de associações comunitárias, grupos jovens e pela massificação da cultura e educação via casas de estudantes, encontros de baianos, seminários de educação, fiscalização da administração pública e semanas de arte, para a política de resultados, para o pragmatismo eleitoral que descarta os escrúpulos ideológicos e usa o povo e suas crenças como simples meios para uma elite chegar ao poder. Aqui vale afirmar que o que explica o comportamento desse miolo familiar, desse “núcleo duro”, em vez de teorias marxistas, é a velha Teoria das Elites, de Vilfredo Pareto, Gaetano Mosca e Robert Michels[1].
Pareto entende haver em todas as esferas, em todas as áreas de ação humana, indivíduos que se destacam dos demais por seus dons, por suas qualidades superiores, que compõem uma minoria distinta do resto da população - uma elite (in Grynszpan, p.36). A se considerar as afirmações de Pareto, não haveria jamais a possibilidade de um governo popular, ou de massas. Mas, como não estamos dispostos a tal consideração, acreditamos que as “qualidades superiores” ou os “dons”, que tornam o núcleo duro da esquerda de Uibaí uma elite, constituem um blefe sem pé nem cabeça, tão antigo, presunçoso e pernicioso quanto os registrados na história do autoritarismo humano.
Para Mosca, também defensor dessa teoria, um dos aspectos mais óbvios de todos os organismos políticos, é o de que há duas classes de pessoas, uma maior e a outra menor, sendo a primeira dirigida e a segunda dirigente. O que distinguiria a minoria da maioria, conferindo-lhe o poder de dirigir, seria, inicialmente, a organização, e, depois, a forma física, o contato direto com divindades, o saber e a riqueza da minoria (in Grynszpan, p.37). Michels, precursor da Teoria das Elites, partiu do princípio de que as massas eram incompetentes para, por si mesmas, tomar decisões importantes, necessitando de chefes, de líderes a quem delegar tais funções, o que se refletia na sua apatia, no seu desinteresse pelas questões políticas (in Grynszpan, p.38). Não seriam esses os argumentos que subjazem ao comportamento do núcleo familiar que tenta se impor como liderança política e centro das decisões dos segmentos de “esquerda” canabrabeiros? Grosso modo, a se considerar o núcleo duro da “equerda uibaiense”, se tomarmos as reflexões desses três teóricos para analisar as perspectivas políticas atuais do município, teremos de concordar que o comportamento hegemônico dentro dos segmentos que se posicionam à esquerda, antes de ser ideológico de esquerda é um comportamento de elite. Por esse viés, entende-se que os anseios e projetos que estão em jogo, antes de serem populares, são particulares. Os princípios que regem a ocupação de espaços e as decisões, desse modo, ao invés de serem democráticos, são autoritários; os privilégios são individuais e não coletivos.
Ao evocarmos, nesta discussão, idéias de três pensadores liberais o fizemos com a intenção de dirigir o debate para algo que já havíamos alertado, em outras ocasiões, no Caderno Cultural Boca do Inferno. No referido periódico, um texto de 2004, de Florentina Machado, já apontava a prática de certa parte dos integrantes da frente de esquerda canabrabeira como liberal. Na mesma linha de raciocínio, outras tantas reflexões foram publicadas em seguidos números do periódico citado, dando conta de que as raízes práticas do grupo que ocupa a posição de prestígio dentro do campo de esquerda uibaiense os contextualiza, considerando-se a história, mais dentro da direita do que da esquerda.
Seguindo esse fio de raciocínio, vale dizer que este ano eleitoral de 2008 não nos reservará grandes surpresas em Uibaí. Provavelmente, presenciaremos o mesmo jogo ensaiado em 2004, com a ressalva de que o miolo familiar na ativa terá a seu favor ventos conservadores mais fortes, soprados pelas possíveis alianças esdrúxulas com Reinaldo Braga e congêneres, endossadas por Jaques Wagner e sua turma, no âmbito da Região de Irecê.
Esperamos que as incipientes reflexões aqui expostas contribuam com o debate sobre as práticas políticas uibaienses. Por fim, como já afirmamos em outros momentos, criticamos na “esquerda canabrabeira” o que não é esquerda.
[1] GRYNSZPAN, Mario. A Teoria das Elites e sua Genealogia Consagrada. BIB, Rio de Janeiro, nº 41, 1996.
29 março 2008
NÃO FAZEMOS MÉDIA COM MOCÓS!
26 fevereiro 2008
DESMOCOSANDO O MOCÓ
Alguém pode nos responder honestamente por que o diretório do PT de Uibaí, ponto de encontro da juventude, foi desativado já faz algum tempo? O salário dos dois parlamentares do partido não daria para pagar o aluguel? Mas não seria um dever dos dois vereadores tirar um troco dos 5.000 reais(cinco mil) que ambos ganham juntos para manter o diretório funcionando? Ocorre que o diretório está dentro da casa de um dos vereadores e quando a gente sabe que esse vereador é o Simpatia de Araque, a gente entende logo que politicamente não é interessante que haja um espaço para a militância e para a juventude. Afinal a coisa pode fugir do controle. Liberdade e independência incomodam né Simpatia? É melhor e mais seguro o diretório ser tratado como propriedade particular, assim como o mandato. E o povo? O povo que se comporte como o gado de sempre, inclusive o da esquerda. Estamos feitos com uma merda dessas! HÁ BRAÇOS!
20 fevereiro 2008
RESPONDAM SE PUDER
16 fevereiro 2008
A MORTE DE ACM
A MORTE DE ACM
Pra decepção de muitos que o achavam eterno
ACM morreu ontem e foi parar no inferno.
Chegando naquelas trevas, folgado e com óculos escuros
ACM chutou a porta e no porteiro deu um murro
Dizendo eu sou do Demo e vim trazer o futuro.
Para a alegria de Toninho quando reparou direito
Viu que na capital do inferno seu filho era prefeito
Chamou então luisinho e lhe disse com emoção
Meu filho vamo trabalha juntos e tomar o reino do cão.
Luisinho ficou contente com a chegada do pai
Falou assim de leveza:
com as arte de papai e com toda sua destreza
agora o cão vai saber
O que é fazer malvadeza.
Mandou chamar lúcifer, o chefe majoritário
O encostou na parede de brasa e ferro malho
Falando: cabra fedido vem que te dou o sentido
Do mal mais sofisticado.
Então apareceu ACM com um capeta pelo rabo
Furou os olhos do bicho, na barriga fez um talho
Meteu um espeto na bunda e rodou com tanta força
Que o bicho ficou corcunda.
O capetinha gemia dizendo, isso é moleza
Lúcifer encurralado sorria com a baixeza
Mas turrava insatisfeito, nas brincadeirinha desse cabra
ainda não vi macheza.
ACM então pegou o rabo do cramunhão
Enfiou na bunda chocha até varar o pulmão
Quando saiu pela boca ele puxou com muita força
E deu um nó com a mão.
Lúcifer impressionado com a frieza de Toninho
Chamou o cabecinha branca num canto
E sussurou-lhe baixinnho:
Quero você do meu lado ajudando o seu filhinho.
Para tornar o inferno um lugar de sofrimento
Porém um tanto moderno.
(J. M. da Silva)
15 fevereiro 2008
"Mandaremos insistentemente à merda os sujeitos ou grupos que se dizem revolucionários pela manhã e que à noite vão para a igreja de mãos dadas com o opressor, reproduzir o mesmo bê-á-bá do deus aranha, a moral que condena a maioria esmagadora à ignorância, à indigência, à morte"! (Boca do Inferno nº10, setembro de 2002)
28 janeiro 2008
MEDIOCRIDADE BEM-SUCEDIDA
Assim, ao lado de coisas boas, sadias, prospera também em nossa terrinha a negativa mediocridade bem-sucedida, baseada na falsa ostentação, no farrismo desmedido e na pobreza mental. Os medíocres não têm dinheiro nem poder, mas andam nas pontas dos cascos vendendo essa imagem. Passam o ano inteiro como personagens principais desse teatro. A gente fica aqui pensando o quão melancólica deve ser a hora em que eles baixam a cabeça no travesseiro, livres da maquiagem diária e experimentam o breve e inevitável encontro com seu vazio existencial, com sua pobreza de espírito. Por que eles não fazem o favor de se suicidarem logo? Seria uma boa contribuição para a mudança da Canabrava.
23 janeiro 2008
FAÇAM-NOS RIR
08 janeiro 2008
Ao lado, da esquerda para a direita, os números 02, 03, 04 e 06 do Boca do Inferno.