24 outubro 2008

VAMBORA!


VAMBORA


Aos meus amigos A. Machado, L.D. Ungarelli e W. Hungria
( entre poucos e fiéis outros...)




Vou me embora pra Pasárgada

Bandeira mostou o caminho

e o Quintana me falou

que posso ser passarinho.

Arrumar minha boroca

e botar o pé na estrada

pitu, tabaco e paçoca

não preciso de mais nada.

Às vezes tão quixotesco

às vezes tão delirante

de traço tão pitoresco

e almejando ser Cervantes.

Se não der, vou pra Atenas

aqui eu não fico mais

vou fugir da minha pena

gritei : Solte Barrabás !!!

Vou me embora pra Pasárgada

quem quiser, venha comigo

lá conheço a dona Juana

que me prometeu abrigo.

Vou tomar minhas branquinhas

com farofa de torresmo

cá tenho de andar na linha

lá eu posso ser eu mesmo.

Vou me embora, vou me embora

aqui eu não fico mais

levarei a doce aurora

pras noites de alguns ais.

Vou me embora, e já me arranco

levarei Drummond comigo

coitado, tão esquecido

sentado naquele banco.

Creio já chegada a hora

de buscar o meu quinhão

já está ficando tarde

me diz o meu coração.

E Drummond me diz surrindo:

E a minha Itabira !?

Se eu não levá-la comigo

minh"alma queda no limbo.

Eu direi: calma colega

Seu Manuel já está lá

só levou um burro brabo

e agora nem quer voltar...

Vou me embora, companheiros

a todos, o meu abraço

me sentindo o derradeiro

mas quero sair do laço...





(Ozênio Dias, num dia chuvoso de sembro de 2008)

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