26 novembro 2010

POR FIM, CHAMARAM O CAPITÃO NASCIMENTO

O primeiro filme Tropa de Elite foi malhado até dizer chega pela sociologia de esquerda e pela militância de botequim que habita os meios de comunicação no Brasil. O filme trazia uma verdade dura: o tráfico é um câncer violento que contamina a sociedade e destrói a ordem social implantando em seu lugar a sujeição e o medo a troco de hedionda violência. E mais: o tráfico tem que ser tratado com a mesma violência com que age. A máxima que norteou a atuação do Bope no filme foi dada por um bandido famoso, Lúcio Flavio, cuja vida bandoleira os cineastas de  esquerda trataram de glamourizar em filme. Esse meliante de uma época em que dominantemente polícia e ladrão eram coisas muito diferentes, antagônicas até, dizia: "polícia é polícia, ladrão é ladrão"! E assim, o Bope do primeiro filme era a polícia, no sentido lucioflaviano, e tudo na polícia que não era Bope, era bandido e tudo na favela que não era bandido era Bope. O filme reacendeu o antagonismo entre mocinho e bandido e lançou alguma láurea de dignidade nessa corporação tão corroída pela corrupção de maus servidores e tão difamada pela panfletagem que tende sempre a julgá-la como responsável por tudo de ruim que ocorre no universo de combate ao crime.
O filme Tropa de Elite tratou de botar as coisas em seu lugar: o policial serve para combater o crime e o traficante, criminoso frio, dos morros não é uma vítima da sociedade e sim um elemento destruidor da sociedade que precisa ser retirado do convívio social.
No filme Tropa de Elite-II ocorre uma reviravolta: ali os inimigos da sociedade não são os abomináveis e frios assassinos que comandam o tráfico e o terror nas favelas (esses mesmos que na vida real estão queimando  carros e tocando o terror hoje lá no Rio). Os traficantes, para o gozo dos sociólogos de esquerda e panfleteiros ideológicos, são pobres vítimas das milícias, ou seja, da banda podre da polícia que se aliou aos políticos para administrar o crime nos morros e se perpetuar no poder com eleições garantidas.  E nesse enredo a ação vai sendo dosada como se o Capitão Nascimento tivesse ido fazer um cursinho de sociologia marxista (isso é redundante) na UFRJ e saísse de lá acreditando que o capitalismo e a ganância burguesa são os culpados por tudo. Esse imbróglio que atiça certo  romantismo remanescente na militância esquerdista serviu como uma espécie de mea culpa do cineasta responsável pelo Tropa de Elite-I, uma espécie de desculpas pelo primeiro filme tão duro, tão direto e tão real. Agora sim, com o Tropa-II, pode-se dizer que os bandidos são vítimas do poder. 
O que acontece no Rio de Janeiro neste momento vai contra essa tese vigarista plantada em Tropa de Elite-II para agradar ao esquerdismo acadêmico e partidário em geral. Tanto é que trataram logo de chamar o Bope para resolver a parada na bala, a altura dos traficantes, tratando bandido como bandido e mostrando que polícia é polícia e que a sociedade precisa da ordem. Afinal, só em propaganda eleitoral há como pacificar criminosos de alta periculosidade , armados de fuzis, metralhadoras  e granadas. Há braços!

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