Então eu olho para trás
e o passado é um rastro de tinta
irregular, sem cheiro,
coberto pelo lodo do tempo.
Minha memória é úmida
e avessa à contaminação.
O que resta estendido sobre a estrada
por trás dos meus ombros
não tem retoques,
está como foi pisado,
amalgamado pela existência.
Na minha pele jazem os respingos
dessas tintas.
Quem poderá identificá-las?
Levo o que está por trás dos meus ombros
em minha carne.
É com esse bisturi que abro o horizonte em minha frente;
é com esse pincel cortante que vou pintando a paisagem
frontal;
que vou picotando o futuro;
que vou abrindo veredas como feridas frescas
a verterem vida quente.
(há braços!)
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