05 julho 2010

UM POEMA

este poema é um paciente
deitado no leito branco da folha
a espera de alguém 
que lhe tire o pulso e a temperatura
que lhe diga palavras de esperança
e lhe ensine o lado bom de viver
este poema é só isso
não dá lições a jovens revolucionários
nem distribui chocolates em forma de coração
a mocinhas românticas
não prediz o amanhã
nem espalha as cinzas do agora
este poema não espera a compreensão de ninguém
nem o olhar paternal dos dos médicos e enfermeiros
apenas jaz recostado no branco do leito
sob sua rala colcha de metalinguagem.

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