Eu li umas quatro vezes "O apanhador nos campos de centeio", obra de J.D. Salinger, isso foi há muito tempo. Penso que nos últimos suspiros da adolescência. E como eu gostei de pensar a cada leitura que era Holden Caulfield, o personagem principal, um adolescente vivendo num colégio interno com um humor e uma ironia arrazadoras. Holden era, ao mesmo tempo, a intolerância a certo modo de vida, o tédio e a inteligência encarnados numa das fases mais intensas da vida. Sorri muito com o mau humor do personagem de Salinger, de como ele debochava da inocência e da presunção reinantes no seu meio.
"O apanhador nos campos de centeio" é um romance de formação, ou melhor, do fracasso do modelo que a sociedade dispunha como base de formação. Estão lá todas aquelas inquietações adolescentes, toda aquela coisa de contrariar, de jogar areia no que parece legal e perfeito. Toda aquela necessidade de transgredir, tendo o indivíduo como eixo central.
J.D. Salinger, o recluso escritor americano, morreu esta semana aos 91 anos. Aprendi um bocado com Salinger. Aprendi a rir de mim mesmo e do mundo, sem remorso, sem mágoas. Deixei de ser palhaço triste e ressentido, coisa que a filosofia nietzschiana reforçaria mais à frente: "existem tantos grandes pensamentos que apenas fazem o mesmo que um fole: inchando, aumentam o vazio". E fui andar na rua, em plena manhã, com uma lanterna à procura de Homens! E nada mais me surpreendeu tanto, nem o fato de conhecer tão poucas pessoas que leram "O apanhador nos campos de centeio". Há braços! alan machado
Um comentário:
Há meses estava lendo coisas inuteis, como sempre, quando me deparei com uma critica a este livro, desconfiei que o cara que a escrevera era um evangélico, mas escrevia para o Estadão, logo desconfiei, o livro contêm uma imagem ruim do mundo. Não leiam era a mensagem central pois o cara fica revoltado. O mundo é um lugar maravilhoso, ora.
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