Há algumas semanas aconteceu, numa universidade tabajara, dessas que vivem por conta do Proune e similares, uma rebelião estudantil contra uma aluna em razão de ela estar com vestido curto. O motivo da revolta era mesmo a roupa provocante da garota Geisy Arruda e o palco, a Uniban, Universidade Bandeirantes, de São Bernardo do Campo, onde figurinhas como Vicentinho e Luiz Marinho, ambos do PT, estudaram (e foram garotos propaganda também). A estudante escapou do linchamento por conta da intervenção de um professor e da polícia que foi acionada a tempo. Sob os xingamentos de "puta!", "Vagabunda!","Vamos estuprá-la!", a moça foi enxotada como um leproso dos tempos bíblicos das dependências da universidade, em meio à histeria dos agressores. Humilhada, a jovem de 20 anos foi deixada na porta de casa pelos policiais.
Desde quando cabe em universidade esse tipo de restrição e reacionarismo? A moça poderia até mesmo ser vulgar, medíocre e vaidosa, isso não é incomum em meio a meninas e meninos de vinte anos, mas a reação dos estudantes foi inadmissível, prefigura um estado de selvageria incompatível com a noção de universalidade que permeia o ambiente acadêmico, a partir do próprio nome: universidade, universal, espaço de pluralidade, de diversidade, de reflexão e respeito às diferenças etc.
Como se não bastasse o espetáculo insensato bancado pela horda histérica de estudantes (foi-se o tempo em que estudantes defendiam causas decentes) a direção da Uniban soltou as garras e fechou em grande estilo o massacre à loira de vestido curto. Negando os princípios básicos que definem uma universidade, o representante da Uniban tentou justificar a grosseria com a qual foi tratada a garota Geisy como algo provocado por ela mesma, ou seja, na visão da universidade a vítima era a responsável pelo crime!
Em função de uma mentalidade mercadológica da educação, que trata o aluno como cliente e aceita qualquer ingerência absurda como forma de não perder a clientela pagante, a Uniban destroi o sentido de universalidade, de prudência, de postura científica que constitui o espírito universitário. E vai mais longe ainda no momento em que, para agradar essa clientela descontente com a performance de Geisy Arruda, expulsa a aluna do seu quadro discente por meio de uma propaganda de jornal, com o falso discurso de que procura preservar a educação.
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