13 novembro 2009

GEISY ARRUDA E OS TROGLODITAS DE PLANTÃO

Há algumas semanas aconteceu, numa universidade tabajara, dessas que vivem por conta do Proune e similares, uma  rebelião estudantil contra uma aluna em razão de ela estar com  vestido curto. O motivo da revolta era mesmo a roupa provocante da garota Geisy Arruda e o palco, a Uniban, Universidade Bandeirantes, de São Bernardo do Campo, onde figurinhas como Vicentinho e Luiz Marinho, ambos do PT, estudaram (e foram garotos propaganda também). A estudante escapou do linchamento por conta da intervenção de um professor e da polícia que foi acionada a tempo. Sob os  xingamentos de "puta!", "Vagabunda!","Vamos estuprá-la!", a moça foi enxotada como um leproso dos tempos bíblicos das dependências da universidade, em meio à histeria dos agressores. Humilhada, a jovem de 20 anos foi deixada na porta de casa pelos policiais.

Desde quando cabe em universidade esse tipo de restrição e reacionarismo? A moça poderia até mesmo ser vulgar, medíocre e vaidosa, isso não é incomum em meio a   meninas e meninos de vinte anos, mas  a reação dos estudantes foi inadmissível, prefigura um estado de selvageria incompatível com a noção de universalidade que permeia o ambiente acadêmico, a partir do próprio nome: universidade, universal, espaço de pluralidade, de diversidade, de reflexão e respeito às diferenças etc.

Como se não bastasse o espetáculo insensato bancado pela horda histérica de estudantes (foi-se o tempo em que estudantes defendiam causas decentes) a direção da Uniban soltou as garras e fechou em grande estilo o massacre à loira de vestido curto. Negando os princípios básicos que definem uma universidade, o representante da Uniban tentou justificar a grosseria com a qual foi tratada a garota Geisy como algo provocado por ela mesma, ou seja, na visão da universidade a vítima era a responsável pelo crime!

Em função de uma mentalidade mercadológica da educação, que trata o aluno como cliente e aceita qualquer ingerência absurda como forma de não perder a clientela pagante, a Uniban destroi o sentido de universalidade, de prudência, de postura científica que constitui o espírito universitário. E vai mais longe ainda no momento em que, para agradar essa clientela descontente com a performance de Geisy Arruda, expulsa a aluna do seu quadro discente por meio de uma propaganda de jornal, com o falso discurso de que procura preservar a educação.

Até poucos dias houve um silêncio grotesco sobre o fato ocorrido na Uniban. Não se viu UNE, Movimento de Mulheres ou algo que o valha se posicionando com respeito ao incidente. Ocorre que esses movimentos viraram uma espécie de apêndice do governo Lulla. São milícias estatais que agora só se manifestam a pedido do governo e em prol de causas que Lulla julgue favoráveis eleitoralmente. Há sempre um tempo de espera agora para a manifestação política dessas e demais organizações que se julgam representantes de minorias ou categorias. Elas esperam a área de publicidade e comunicação do governo avaliar se o fato vai ou não atrapalhar algum interesse da turma de Lulla. Depois, mas nem sempre, liberam os tais "movimentos sociais" que nada têm de sociais para fazer alguma pantomima em torno do fato. Foi o que ocorreu há poucos dias na Unb, quando estudantes resolveram tirar a roupa em protesto contra o tratamento que deram à estudante Geisy Arruda. Uma manifestação ridícula, que usou o extremo oposto do assunto que estava em litígio para chamar atenção já que a causa estava morta: a Uniban já havia recuado com relação à expulsão da aluna e ao tratamento dado a ela. Depois do cachorro morto, os estudantes da Unb foram chutá-lo, no pior estilo: tirar a roupa para protestar nesse caso é tão boçal quanto protestar contra quem está com roupa curta. Há braços!

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