11 janeiro 2009

TUDO FLUI

"O cobarde, par contre, procura deter o fluxo da vida". ( Henry Miller)*
Eu amo tudo que flui
Do sangue quente da veia
Ao jato infecto de pus.
Da lágrima abundante nos olhos
Ao choro que a produz
Do texto que sai da língua
A tudo que ele traduz

Eu amo tudo que flui
o jorro menstrual da fêmea
o canal que o conduz
O elétron que salta do átomo
Da madeira dura da cruz.
A seiva mineral da pedra
Que escorre pro solo e rega
A vida com invisível luz

Eu amo essa transição eterna
A saliva, o gozo, o esperma
O vapor do hálito quente
Que excita, atiça e intriga
O beijo molhado de noite
O suor sobre a barriga.
Eu amo essa infinita lida.
(bichu duzimbu, de volta do exílio)
* O mundo do sexo

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